O conceito de Manufatura Avançada foi criado recentemente (meados de 2010) e descreve um período em que, com o avanço da capacidade de computadores e a quantidade colossal de informações e estratégias diferenciadas de produção, a indústria começa a utilizar a inovação tecnológica como aliada em sua competitividade e na busca por redução de custos. Ele se refere, ainda, à integração digital das etapas da cadeia de valor dos produtos industriais, englobando todos os seus estágios, desde o desenvolvimento do item até seu uso.
Leia, a seguir, mais informações sobre a chamada 4ª Revolução Industrial – também conhecida Indústria 4.0 -, conheça seu cenário atual, seus desafios e os benefícios que podem ser gerados para a indústria de máquinas e equipamentos.
Origem
Em entrevista concedida ao portal CNI, Jefferson Gomes, diretor regional do Senai/SC e professor do ITA, explicou a origem do termo Manufatura Avançada.
“A alcunha Indústria 4.0 é germânica. Os alemães usam o termo em função das três revoluções industriais já existentes. Esta atual, a quarta, é a fase em que as indústrias de máquinas e equipamentos, baseadas em sistemas ciber-físicos, começam a tomar decisões de quando ligar, desligar ou de quando acelerar ou reduzir a produção no ambiente da manufatura. Já os norte-americanos, preferem o termo Manufatura Avançada.”
Benefícios da Manufatura Avançada
Ações como automação de processos, utilização da tecnologia da informação e outras soluções aplicadas diretamente nos recursos de manufatura melhoram os processos da indústria de máquinas e equipamentos de tal forma que o próprio setor considera essa onda de inovação como a quarta parte da Revolução Industrial.
A Manufatura Avançada propõe uma transformação das fábricas em “fábricas inteligentes”, capazes de utilizar a tecnologia para aumentar a produtividade, a eficiência e o poder de customização, gerar retornos crescentes em escala e a melhoria de processos em diversos setores do segmento industrial, além de reduzir o prazo para lançamento de novos produtos no mercado.
Nessas “fábricas inteligentes”, as máquinas e os insumos “conversam” ao longo dos processos industriais que ocorrem de modo relativamente autônomo e integrado. Equipamentos localizados em diferentes unidades da indústria também podem trocar informações em tempo real quanto a compras e estoques, por exemplo, gerando uma otimização logística e estabelecendo maior integração entre as partes componentes da cadeia produtiva.
A Consultoria McKinsey prevê que, até 2025, processos relativos à Manufatura Avançada poderão diminuir custos de manutenção de equipamentos em até 40%, reduzir o consumo de energia em até 20% e, ainda, aumentar a eficiência do trabalho na indústria em até 25%.
Panorama da Manufatura Avançada no Brasil
Em maio de 2016, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) concluiu a primeira pesquisa nacional sobre a era da Manufatura Avançada. O estudo foi realizado com 2.225 empresas de todos os portes, e, por meio dele, foi possível identificar a adoção de dez tipos de tecnologias digitais pelas empresas:
- Automação digital sem sensores.
- Automação digital com sensores para controle de processo.
- Monitoramento e controle remoto da produção com sistemas do tipo MES e SCADA.
- Automação digital com sensores com identificação de produtos e condições operacionais, linhas flexíveis.
- Sistemas integrados de engenharia para desenvolvimento de produtos e manufatura de produtos.
- Manufatura aditiva, prototipagem rápida ou impressão 3D.
- Simulações/análise de modelos virtuais (Elementos Finitos, Fluidodinâmica Computacional, etc.) para projeto e comissionamento.
- Coleta, processamento e análise de grandes quantidades de dados (big data).
- Utilização de serviços em nuvem associados ao produto.
- Incorporação de serviços digitais nos produtos (“Internet das Coisas” ou Product Service Systems).
A maior parte dos esforços feitos pela indústria de máquinas e equipamentos no Brasil está na fase dos processos industriais. De acordo com a pesquisa, 73% das empresas disseram usar, ao menos, uma tecnologia digital nesses processos, 47% afirmaram que utilizam no estágio de desenvolvimento da cadeia produtiva e somente 33% das entrevistadas adotam em novos produtos ou negócios.
Os resultados da pesquisa apontam que a indústria de máquinas e equipamentos brasileira segue um caminho natural de otimização dos processos, para só depois realizar aplicações voltadas ao desenvolvimento, aos produtos e novos modelos de negócio. “Considerando que a indústria brasileira precisa competir globalmente e que se encontra atrás nessa corrida, é preciso saltar etapas. O esforço de digitalização precisa ser realizado, simultaneamente, em todas as dimensões”, afirma o gerente de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.
Recentemente, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) criaram o Grupo de Trabalho de Indústria 4.0, visando desenvolver um plano de ação para a manufatura avançada no Brasil.
Desafios da 4ª Revolução Industrial
A Manufatura Avançada é composta por duas vertentes: processos integrados que garantem a produção customizada e produtos inovadores. Sendo assim, investir em inovação e em educação é uma das principais formas de reverter o cenário brasileiro, até mesmo para aumentar a compreensão do que é digitalização.
Para competir globalmente, a indústria nacional deve aumentar sua produtividade e investir em equipamentos que incorporem essas tecnologias. Outro desafio é aumentar a familiarização do segmento com a digitalização de processos, gerando entendimento de como essa ação pode impactar a indústria.
A adesão da digitalização ao trabalho industrial gerou a manufatura avançada, qualificada pela integração e pelo controle da produção a partir de equipamentos interligados em rede e da combinação do mundo real com o virtual.
A incorporação das novas tecnologias relacionadas à manufatura avançada em uma estratégia para o desenvolvimento da indústria de máquinas e equipamentos brasileira será fundamental, inclusive, para a competitividade do país diante do mercado externo e para garantir maior participação nas cadeias globais de valor.
Sua empresa está se adaptando à manufatura avançada? Já utiliza alguma das suas tecnologias? Compartilhe sua experiência nas redes sociais!