Os líderes nas indústrias têm, hoje, um papel complexo e diversificado, sendo elementos-chave para o sucesso organizacional. Nesse contexto, há diversos desafios do gestor industrial que precisam ser identificados e trabalhados para que a empresa consiga atingir seus propósitos, alcançar a produtividade esperada e a geração de valor e diferenciais competitivos necessários para atuar com mais segurança em um mercado cada vez mais dinâmico, global e competitivo.
De fato, o gestor industrial se encontra em uma posição estratégica para influenciar e liderar as mudanças necessárias para modernizar, profissionalizar e instrumentalizar as empresas. Veja, a seguir, algumas dicas de como lidar com três dos grandes desafios do gestor industrial.
1. Atrair e reter talentos é um dos grandes desafios do gestor industrial
Hoje fala-se de uma crise de escassez de talentos – ou “apagão de talentos” – em vários setores produtivos, incluindo o industrial. De fato, conforme um estudo conduzido pela empresa de recursos humanos Korn Ferr, essa deve ser uma das principais áreas no país afetadas pelo gap entre postos vagos e contratações de talentos ideais para elas.
“Hoje, o deficit de mão de obra na indústria é alavancado, por exemplo, pela saída do mercado de profissionais da geração Baby Boomer, que estão se aposentando. Isso colabora para que a indústria de transformação enfrente uma escassez de mão de obra iminente”, destaca Carolina Maciel, consultora em RH e especialista em Gestão de Pessoas.
Uma pesquisa realizada pela Deloitte prevê que teremos entre 2 e 3,5 milhões de empregos industriais não preenchidos até 2025. E outro fator que ajuda a elevar esses números é a transformação digital e tecnológica pela qual passa a indústria. Encontrar e reter talentos que realmente estejam preparados para lidar com essa transformação, as novas metodologias e maquinários é um dos grandes desafios do gestor industrial, que precisa contar com colaboradores que tenham um conjunto de habilidades especializadas.
E isso pode afetar a indústria por meio de uma alta rotatividade de profissionais não preparados para as posições, uma queda produtiva e, até mesmo, de custos por avarias provocadas pelo uso incorreto de equipamentos.
Para ajudar a lidar com o problema, Carolina sugere que se “fomente no mercado uma imagem de boa empregadora, utilizando employer branding. Ele ajudará a manter a empresa atrativa para os melhores talentos, por meio de uma imagem forte no mercado e de reconhecimento aos seus programas voltados à retenção de funcionários”.
Além disso, outra possibilidade levantada por ela é a de “identificar no mercado candidatos com alto potencial, mesmo que ainda não tenham os conhecimentos técnicos no nível esperado. Depois de contratados, esses profissionais de potencial podem ser treinados internamente pela empresa, que, além de suprir sua demanda para o posto, estará desenvolvendo uma ação de valorização do profissional, o que será fundamental para reter esse talento e mantê-lo engajado”, ressalta.
Essa ação, hoje, é facilitada por tecnologia de realidade aumentada e virtual, que podem ser utilizadas para reduzir custos de treinamento e promover formações internas qualificadas.
Outra abordagem a ser considerada é a de recrutamento interno. Para cargos especializados, a força de trabalho existente pode servir como uma valiosa fonte de novos talentos em potencial. E essa iniciativa, ainda, contribui para reduzir as taxas de turnover da empresa – um estudo relaciona o baixo índice de rotatividade de pessoal a empresas que implementaram a política do recrutamento interno.
Além disso, se torna possível acelerar o processo de recrutamento e seleção e reduzir a queda de produtividade ocasionada pela espera no preenchimento do posto de trabalho. Por tudo isso, o recrutamento interno é apontado como uma das grandes tendências em Gestão de Pessoas para 2020 no mais recente relatório sobre Tendências Globais de Talento do LinkedIn.
2. Aumentar a eficiência operacional e a produtividade
“Um dos maiores desafios do gestor industrial é aumentar a eficiência operacional da empresa e reduzir o tempo de inatividade não programado”, resume Marcelo de Paula, engenheiro especialista nas áreas de computação e automação industrial.
Para enfrentar isso, de Paula recomenda a “implantação de programas de gerenciamento de manutenção que equilibrem adequadamente as opções preventivas, preditivas, corretivas e de substituição. O equilíbrio dessas opções é necessário para maximizar o desempenho e, consequentemente, a produtividade”.
Isso demanda que o gestor tenha um profundo conhecimento dos maquinários e das instalações sob seus cuidados, do ambiente operacional e da carga sobre esses ativos, recomendações do fabricante, garantias, entre outros pontos. E tudo isso deverá ser traduzido em estratégias de manutenção eficazes e planos de tarefas detalhados, que permitam o planejamento futuro de atividades como limpeza, lubrificação, inspeção, revisão, etc.
3. Modernizar a empresa em termos de tecnologia
A Indústria 4.0 não é mais uma tendência, é uma realidade de mercado que precisa ser compreendida e assimilada para modernizar as organizações e torná-las mais custo-eficientes e competitivas em um cenário global. No entanto, os desafios do gestor industrial nesse ponto vão além de apenas selecionar e adotar novos equipamentos, conforme indica Marcelo de Paula.
“Embora algumas organizações possam já contar com máquinas inteligentes instaladas, muitas não possuem os sistemas necessários para extrair e analisar os dados capturados. Nesse sentido, as empresas estão perdendo uma oportunidade crítica: alavancar dados em tempo real sobre tempos de ciclo, rendimentos de qualidade por máquinas, produção, utilização e outras métricas. Com isso, um dos grandes desafios do gestor industrial é melhorar a capacidade de mineração de dados da empresa para poder tomar decisões mais rápidas e melhores, em tempo real”, destaca.
Nesse contexto, a implementação de uma solução de IoT (Internet das Coisas) projetada para ajudar a gerenciar a manutenção preditiva e as análises, bem como o monitoramento remoto, pode ajudar as indústrias a monitorar e analisar seus dados em tempo real, prevendo quando a manutenção de um ativo será necessária.
Como resultado, o gestor deixa de ser um “apagador de incêndios”, que precisa lidar diariamente com problemas inesperados, para ser um parceiro mais estratégico do negócio, atuando de modo preditivo e evitando cenários que prejudiquem a produtividade e os bons resultados da empresa.
E na sua organização, você tem enfrentado esses desafios do gestor industrial? Para saber mais sobre como lidar com esses e outros pontos importantes na rotina do negócio, confira o nosso guia para o novo gestor industrial.