Não é de hoje que falamos por aqui sobre os benefícios relacionados à parceria entre indústrias e universidades, sobretudo nesse novo ambiente de Manufatura Avançada (Indústria 4.0) em que vivemos. Isso porque as empresas que ainda insistem em manter certa distância da comunidade acadêmica tendem a enfrentar mais dificuldades na hora de inovar, já que deixam de ter acesso antecipado a estudos importantes sobre melhorias dos processos industriais e do rendimento dos equipamentos utilizados, por exemplo.
Portanto, ao “derrubar os muros” que cercam essa relação, a indústria brasileira ganha experiência na área de P&D (pesquisa e desenvolvimento), além de diversos outros benefícios, como elencamos a seguir.
1. Acesso a novas tecnologias e metodologias no trabalho com universidades
“Para as indústrias, a principal vantagem dessa cooperação é o acesso aos mais recentes resultados de pesquisas e a novas metodologias. É uma situação vantajosa, tanto para a indústria quanto para a universidade, pois as empresas oferecem ideias de negócios, e os alunos contribuem com novos conhecimentos e tecnologias, sendo fundamentais para a concepção de produtos e processos inovadores e para a proposição de soluções para problemas complexos”, esclarece Elson Longo, professor e diretor de transferência de tecnologia do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
No entanto, como as universidades e as empresas industriais têm modelos de negócios diferentes, é preciso fazer um investimento para convergir as duas posições e para que a comunicação seja assertiva antes que os benefícios mútuos possam ser colhidos.
2. Capacitação profissional
Para os estudantes, as produções científicas são essenciais para que eles construam carreiras de sucesso e se insiram rapidamente no mercado de trabalho. E apesar de o Brasil ter aumentado o seu volume de produções acadêmicas, existe um potencial de crescimento. Por isso, o financiamento de pesquisas pelas empresas privadas é fundamental, permitindo que professores ensinem alunos a lidarem com demandas do mercado nacional e situações que serão enfrentadas no mercado de trabalho.
“Dessa forma, a indústria que investe no trabalho com universidades ajudará na formação de mão de obra especializada que, hoje em dia, se encontra deficitária – isto é, trata-se de um clássico exemplo de situação ganha-ganha para todas as partes”, afirma Longo.
3. Delegar atividades específicas
Manter uma relação de trabalho com universidades permite à indústria delegar projetos para o desenvolvimento do setor produtivo brasileiro. Terceirizar uma pesquisa para estudantes, por exemplo, pode ser interessante para as empresas industriais, no sentido de que elas podem reduzir seus custos e aumentar, como dissemos, o acesso à tecnologia de ponta.
Executar projetos inovadores demanda mão de obra, infraestrutura e investimentos altos em pesquisa. Por outro lado, muitas universidades estão dispostas a ampliar seu campo de pesquisa e linhas de crédito para promover o desenvolvimento educacional de seus estudantes.
Apesar da burocracia inicial, a oportunidade de reduzir custos, poder contar com modalidades de financiamento e, ainda, transformar tecnologia em valor agregado para os produtos, é uma boa proposta a ser explorada pela indústria nacional, como já ocorre em outros países do mundo, que são líderes em inovação.
4. Desenvolvimento do conceito 4.0
Atualmente, a Manufatura Avançada ainda é mais um conceito do que um padrão estabelecido de modo geral no país. O modelo engloba diversas tecnologias existentes para tornar a indústria mais eficiente, autônoma e customizável.
As tecnologias são muitas, como manufatura aditiva, inteligência artificial, robótica colaborativa, células flexíveis de manufatura, entre outras. O grande desafio, contudo, é integrar todas elas.
Pode parecer algo restrito a países de primeiro mundo, mas pequenas e médias indústrias brasileiras podem começar a adotar o modelo 4.0 em suas plantas. Para isso, uma solução é, justamente, a parceria de trabalho com universidades, para que sejam desenvolvidas novas formas de incorporar soluções tecnológicas em velhos processos industriais.
5. Abertura para o mercado global
A produtividade da indústria mundial está aumentando a uma taxa que os historiadores do futuro, provavelmente, vão classificar como revolucionária. O papel da ciência e da inovação tecnológica nesse novo fenômeno não pode ser negado. Não há dúvida de que a tecnologia é uma ferramenta muito poderosa para manter qualquer indústria competitiva, sobretudo no âmbito internacional.
Principalmente em países desenvolvidos, essa aliança de trabalho entre universidades e a indústria é algo corriqueiro. Os frutos dessa parceria resultaram em novas tecnologias, empresas e profissões, tornando o setor produtivo competitivo não apenas localmente, mas também em um nível global.
Por isso, quanto mais cedo existir uma aproximação com o ambiente acadêmico, mais benéfico será para a competitividade da indústria brasileira.
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