Muito aplicada nos processos da indústria, a decapagem química é a etapa de preparação de superfícies metálicas que irão receber outro tipo de revestimento, sendo fundamental para a remoção de oxidações, ferrugens, crostas de laminações e excesso de solda, sobretudo em peças que ficam em estoque sem tratamento.

“A decapagem química é fundamental para que qualquer revestimento posterior possa ser aplicado com aderência e maior resistência anticorrosiva”, pontua Roberto Motta de Sillos, secretário executivo da Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície (ABTS).

Cabe ressaltar que a técnica deve ser precedida de jateamento abrasivo (tratamento de superfícies a frio realizado em elevadas velocidades, que consiste no arremesso de partículas contra uma determinada superfície) para remover grande parte da carepa e criar rugosidade no material. Além disso, quando realizada com metais de baixa qualidade, tende a comprometer a peça em questão, podendo, inclusive, causar sua perda total. Portanto, vale lembrar que o método tem de ser feito de forma adequada e por profissionais capacitados.

O secretário executivo da ABTS esclarece, ainda, a melhor forma de fazer com que a decapagem química cumpra a sua principal função: a remoção de oxidações.

“A peça tratada deve passar pela imersão química ou eletroquímica. No caso do ferro ou do aço, as soluções devem ser fortemente ácidas. Mas para o alumínio e outros metais leves, elas precisam ser alcalinas.  Este procedimento pode ser feito a quente ou a frio, com a utilização dos ácidos sulfúrico, clorídrico, fluorídrico, nítrico ou fosfórico. E para as soluções alcalinas, com hidróxido de sódio ou a soda cáustica”, explica.

O que é utilizado na decapagem química?

Ao longo do processo de decapagem química são utilizados diversos aditivos que têm como função inibir o ataque excessivo de substâncias ácidas. Eles são absorvidos pela superfície metálica, impedindo, assim, a difusão do hidrogênio.

Ao empregar agentes desse tipo, é possível acelerar o processo de decapagem por umectação intensiva e uniforme,  aperfeiçoando, também, a inativação da superfície decapada. O aditivo dá melhor aderência, aumenta a resistência dos revestimentos metálicos e reduz a sua fragilidade.

Existem, basicamente, cinco tipos de metais mais importantes. Eles serão apresentados para você a seguir, assim como os ácidos (aditivos) mais adequados para a decapagem de cada um deles. Confira!

Aço carbono

O aço carbono é decapado com ácido clorídrico ou sulfúrico, numa concentração entre 10 e 20%. O tempo da decapagem depende da espessura da camada de carepa ou da ferrugem.

Cabe ressaltar que o ácido sulfúrico é mais barato e tem um consumo mais econômico, mostrando-se mais fácil de regenerar. O custo reduzido o leva a ser mais utilizado do que o ácido clorídrico que, embora tenha um custo menor, ataca menos o metal, diminui a fragilidade da decapagem e gera superfícies mais claras.

Ainda é aceito para os aços carbono, em casos especiais, o uso do ácido fosfórico, por promover proteção contra a ferrugem e melhorar a aderência das pinturas, embora também seja mais oneroso.

Ferro fundido

Para a decapagem química do ferro fundido, recomendam-se o ácido sulfúrico e o clorídrico diluído, com o uso de aditivos. Neste caso, ainda, é evitada a formação de ferrugem posterior, por meio de um tratamento de ácido fosfórico diluído.

Metais com coloração natural

Para o cobre e suas ligas, utiliza-se o ácido sulfúrico diluído a 6.000º C. O tempo de decapagem para este metal não é relevante, pois a decapagem química é leve.

Já para o zinco, são utilizados o ácido clorídrico ou o sulfúrico. É importante destacar que ligas de zinco contendo cobre (Cu) e alumínio (AI) passam por decapagem preliminar, numa mistura de ácido crômico e clorídrico, além de uma decapagem final, numa solução com alto teor de ácido crômico. O zinco fundido, em geral, é somente escovado e, e antes da galvanização, a graxa é removida por imersão rápida.

Na linha dos metais com coloração natural, destaque para o estanho e o chumbo, que são decapados com ácido clorídrico ou nítrico diluído. A decapagem química é seguida de uma lavagem eficiente e secagem imediata.

Alumínio e suas ligas

O alumínio e suas ligas são cobertos por camadas finas e densas de óxidos, quando expostos ao oxigênio do ar. Por isso, precisam ser removidas antes da aplicação de outros tratamentos.

As peças, em geral, passam por decapagem química com soda cáustica diluída, ácido nítrico e fluorídrico.

Magnésio e suas ligas

Para o magnésio, o processo adotado é chamado de decapagem protetora, tendo em vista que, quando exposto ao ar, o metal acumula uma camada porosa de óxidos, impedindo a aplicação de um tratamento imediato. Após o processo, o melhoramento da aderência do metal proporcionado pela pintura posterior é evidente.

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