Você sabia que o dia 25 de maio é o Dia da Indústria? Essa é uma data criada para celebrar a indústria brasileira, considerada um dos setores de maior importância para a economia do país.
Responsáveis por transformar matérias-primas em serviços e bens comercializados para todo tipo de cliente, as indústrias representam 26,3% do PIB, como apresentado pelas estatísticas da CNI.
Mas, tão importante quanto comemorar essa data, é ter a ciência de que a indústria ainda tem uma série de temas urgentes que precisam ser discutidos, e somente dessa forma o setor poderá alcançar resultados ainda melhores.
Por isso, convidamos líderes de grandes empresas que atuam no Brasil para falar sobre alguns dos temas mais urgentes deste importante segmento econômico.
Confira!
Oportunidade para celebrar conquistas e reconhecer desafios
Celebrado anualmente em 25 de maio, o Dia da Indústria é uma homenagem ao patrono da indústria nacional, Roberto Simonsen, falecido dia 25 de maio de 1948.
Engenheiro, industrial, administrador, professor, historiador e político, Simonsen era presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
Para Luiz Ribeiro, Diretor Geral da Fluke para a América Latina, o Dia da Indústria é sempre uma oportunidade para celebrar as conquistas do setor, reconhecer os desafios existentes e buscar soluções que promovam o crescimento sustentável da indústria brasileira no cenário global.
“Relembrar essa data é também uma oportunidade para refletir sobre as conquistas e desafios enfrentados pelo setor industrial no Brasil.”
Neste contexto, o diretor da Fluke salienta que há aspectos positivos e áreas de preocupação que merecem atenção, com destaque para:
Crescimento e Inovação – Segundo Ribeiro, a indústria brasileira tem sido um motor crucial para o crescimento econômico do país, mas ainda não estamos em condições de competir mundialmente, salvo algumas exceções.
“Muitas empresas do setor têm demonstrado capacidade de inovação e competitividade em mercados nacionais e internacionais, mas o acesso ao crédito e leis trabalhistas, além da burocracia excessiva e de impostos complexos, ainda são barreiras estruturais para o investimento externo em nosso país”, explica.
Contribuição para o PIB – A indústria desempenha um papel significativo na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, gerando empregos e renda, além de contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país.
Exportações e Comércio Exterior – Para Ribeiro, ainda somos um país mundialmente conhecido pelas commodities.
“Acredito que investir na indústria e em inovação e tecnologia contribuirá na balança comercial brasileira e fortalecerá as relações comerciais internacionais.”
Impactos Pós-Pandemia – A pandemia da COVID-19 exacerbou muitos dos desafios enfrentados pela indústria, incluindo interrupções na cadeia de suprimentos e a queda na demanda por determinados produtos, impactando em inflação e dificuldades operacionais.
Indústria 5.0: ainda estamos na fase de discussão
Outro tema urgente que promete acompanhar a indústria brasileira nas próximas décadas é a indústria 5.0, que se caracteriza pela integração entre humanos e inteligência artificial em uma interação completa, promovendo uma união multidisciplinar.
Para Gabriel Pavão, Co-founder e Head of partnerships da Fracttal Brasil, a indústria 5.0 ainda não alcançou seu potencial total na indústria brasileira.
“Embora haja avanços significativos em direção à digitalização e automação dos processos industriais, o país ainda enfrenta desafios para adotar completamente os princípios da indústria 5.0”, acredita.
Uma das principais razões para os desafios do avanço da indústria 5.0 citadas por Pavão é a falta de investimentos em tecnologias de ponta e em infraestrutura digital robusta.
“Muitas empresas brasileiras, especialmente as pequenas e médias, ainda operam com sistemas tradicionais e enfrentam dificuldades para atualizar suas operações para se alinharem com os padrões da indústria 5.0.”
Além disso, um dos principais desafios é a modernização da infraestrutura nacional de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Isso inclui investimentos em redes de internet de alta velocidade, computação em nuvem, IoT (Internet das Coisas) e sistemas de segurança cibernética robustos.
Também é essencial promover a educação e capacitação digital para os trabalhadores da indústria, garantindo que eles possuam as habilidades necessárias para operar e manter os sistemas tecnológicos avançados.
Outro ponto de discussão crucial citado por Pavão é a necessidade de uma mudança cultural e organizacional nas empresas.
“A transição para a Indústria 5.0 não envolve apenas a adoção de novas tecnologias, mas também uma transformação na mentalidade e nas práticas de trabalho. As empresas precisam estar dispostas a abandonar modelos de negócios tradicionais e hierárquicos em favor de abordagens mais colaborativas e flexíveis.”
Além disso, o Co-founder da Fracttal Brasil diz ser fundamental abordar questões relacionadas à segurança e privacidade dos dados na era da Indústria 5.0.
“Com a crescente interconexão de dispositivos e sistemas, há um aumento significativo no risco de ciberataques e violações de dados. Portanto, é essencial implementar medidas robustas de segurança cibernética e garantir o cumprimento de regulamentos de proteção de dados”, sugere.
Desenvolvimento sustentável em pauta
A indústria sustentável é um conceito que ganha cada vez mais espaço nas discussões sobre as indústrias, sendo um tema urgente e de grande recorrência.
Erick Martins Rodrigues, Coordenador da Qualidade e Meio Ambiente da FUCHS, concorda que essa discussão é urgente, no sentido de construção da base para o tema.
“Vendo o quanto já foi mobilizado globalmente ao longo de anos sobre a questão ambiental (Eco92, Protocolo de Kyoto, Acordo de Paris, 17 Objetivos ODS, etc) entendo como uma evolução. Porém, conforme o tema ganha contorno e avança, inevitavelmente afeta a indústria em todos os setores no Brasil, às vezes sem real dimensão desse impacto ou até de modo ameaçador.”
Felizmente, temas como a transição energética elimina a impressão de ameaça e coloca os termos, dados e fatos do real impacto e transformar ideias em ações, como:
- Uso de energia renovável certificadas;
- Instalação de painéis solares;
- Compra e venda de energia limpa;
- Eletrificação de frota, entre outros.
“Nesse sentido o Brasil é uma referência a ser reconhecida mundialmente”, destaca Rodrigues.
Segundo o Coordenador da Qualidade e Meio Ambiente da FUCHS, o mercado de Carbono também veio para balizar o diálogo ambiental na indústria brasileira. “Toda bagagem de estudos de emissões, fatores e compensações trouxe o aquecimento global para uma linguagem operacional em nossos negócios”.
Para qualquer administrador, a base de tudo é crédito e débito, seja ele financeiro ou de carbono. É dever da indústria calcular seu balanço e onde pode investir seus créditos.
“Hoje falamos a mesma língua, e quando temos um balanço adequado, podemos avançar na economia circular. Autoconhecimento do impacto de nossas operações nos permite envolver fornecedores e clientes para entender o ciclo de vida do que agregamos valor”, afirma.
Ou seja, o tema sustentabilidade saiu dos grupos de especialistas e trabalhos acadêmicos e “contaminou” outras áreas e a indústria fortemente.
Dessa forma, o Dia da Indústria celebra um setor muito importante para o desenvolvimento econômico do Brasil. Porém, é bastante importante manter as discussões sobre os temas urgentes que contribuam com o crescimento mais sustentável do segmento.
Aproveite para entender o que é a Indústria 5.0 e todas as suas aplicações.