Na contramão do recuo de 25% na venda de carros novos, o mercado de usados mostrou estabilidade no acumulado dos 11 meses de 2015, ao crescer 0,2% em relação ao mesmo período de 2014, de acordo com estudo do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotivos). Embora essa pudesse ser a grande chance de o setor de autopeças correr contra a crise econômica, a oportunidade veio com o dólar. A alta da moeda norte-americana motivou a exportação e a compra de peças fabricadas no Brasil no ano passado e deve segurar esse cenário em 2016.

As vendas de autopeças não acompanharam o movimento dos usados devido à falta de confiança na economia e no governo, o que faz com que consumidores adiem a manutenção de seus veículos. “Por isso, o câmbio foi a fagulha necessária para as indústrias brasileiras voltarem a serem competitivas. Muitas ampliaram exportações e investiram em reposição. Empresas que fizeram a lição de casa vão sobreviver a 2016”, avalia Paulo Butori, presidente do Sindipeças. Ainda nessa toada, outro sinal positivo sentido pelo setor foi o aumento da nacionalização de peças por parte das montadoras.

A alta da moeda norte-americana motivou a exportação e a compra de peças fabricadas no Brasil no ano passado e deve segurar esse cenário em 2016

Apesar da indicação de um ano com características similares a 2015, o presidente da Anfape (Associação Nacional de Fabricantes de Autopeças), Arnaldo Monteiro, recomenda uma profunda análise interna das empresas para, então, ajustar eventuais áreas ou projetos, no sentido de se prepararem para os próximos tempos. Dentre as sugestões do especialista, estão a exploração de novos mercados e as reduções de custo, além da adoção de estratégias para melhorar a produtividade.

“Em momentos de crise sempre aparecem oportunidades, como empresas que saem do mercado ou que simplesmente param de fornecer determinados produtos por entenderem que estão tendo prejuízo, como ocorre com as importações com o dólar no preço que está”, afirma Monteiro.

A dolorosa

Mesmo um pouco distantes das notícias da crise econômica brasileira, os indicadores do setor de autopeças projetam números que não são totalmente positivos a partir de agora. “O faturamento nominal deve crescer 2%, chegando a R$ 64,2 bilhões. Porém, considerando o valor real, com desconto da inflação, devemos diminuir 4% sobre quedas acumuladas desde 2014”, analisa Butori. Reflexo disso, cerca de 55 mil postos de trabalho deverão ser fechados.

http://feimec.com.br/infografico-18-passos-para-comecar-a-exportar