Nos mercados altamente competitivos de hoje, em que a personalização em massa de produtos e a crescente importância dos componentes de software estão apresentando novos desafios, a transformação digital na manufatura é vista como uma oportunidade para atingir níveis mais altos de produtividade.

As tecnologias digitais, também conhecidas como tecnologias da Indústria 4.0, permitem fácil integração de componentes inteligentes interconectados dentro do chão de fábrica. Mais do que isso, essas tecnologias permitem uma sensação remota, monitoramento e controle em tempo real de dispositivos e elementos de produção cibernética nas infraestruturas de rede e, portanto, fornecem uma integração e sincronização mais direta do mundo físico para o mundo virtual e vice-versa.

O uso de tecnologias de digitalização permitiu o planejamento virtual de produtos e processos. As grandes quantidades de dados resultantes são processadas, analisadas e avaliadas por ferramentas de simulação e otimização, a fim de torná-las disponíveis para o planejamento em tempo real.

Devido às múltiplas soluções e conceitos existentes sobre os termos em todos os setores, há divergências de definição e um entendimento incompleto dos conceitos.

Entendendo os termos

Segundo o Dr. Klaus Schützer, professor titular da Universidade Metodista de Piracicaba e Coordenador do Laboratório de Sistemas Computacionais para Projeto e Manufatura, e também membro da International Academy for Production Engineering (CIRP), que reúne os principais pesquisadores de engenharia do mundo e publicou recentemente uma literatura sobre o tema, “não existe uma contradição entre Digital Master, Digital Shadow e Digital Twin. Eles se complementam e cada um é realizado em uma etapa da criação, produção e vida do produto. Conforme citamos na enciclopédia do CIRP, entendemos que todos eles ocorrem num processo de concepção do produto e num processo produtivo”, explica.

Ao pensar no início da concepção de um produto que ainda não existe (ele só vai existir quando começar a ser produzido), são construídos diversos modelos que representam a definição dele. Todo esse conjunto de informações, essa definição virtual do produto, é chamada de Digital Master (ou Digital Prototype).

Quando o produto é colocado em produção, ele precisa ser feito de acordo com as definições do Digital Master, válido para todas as unidades que vão ser produzidas. Entretanto, durante esse processo, são geradas informações únicas e individuais de cada peça. Esses dados que são gerados são chamados de Digital Shadow, que seria exatamente uma sombra do produto, com as informações de cada elemento do que está sendo produzido. Nesse caso, é algo específico, ou seja, cada produto tem a sua sombra, que é única.

Ao juntar a definição do produto com os dados gerados em sua produção, e colocar essas informações na instância do Digital Master, que é como um carimbo dele, tem-se o Digital Twin. “Ele parte de uma definição do produto, válida para todos eles e, quando é produzido, adquire um caráter único, uma referência virtual de um objeto físico. No ambiente de uma produção físico cibernética, eu consigo implementar a comunicação bidirecional, que permite, por meio do Digital Twin, interferir no objeto físico e, durante esse processo e até mesmo ao longo do seu ciclo de vida, passar todas as informações para o seu gêmeo digital”, detalha Schützer.

Muitas vezes, uma dessas etapas pode não interessar para determinado tipo de indústria. “É justamente por isso que eu falo que não existe uma dessas tecnologias que seja mais importante. A principal é a que a empresa precisa. Se estou pensando na Tesla, por exemplo, o Digital Twin é extremamente valioso, mas, se penso somente no chão de fábrica da produção, o que eu preciso é a Digital Shadow, para usar os dados com Machine Learning e outras tecnologias. Cabe à própria empresa definir o que faz sentido usar”, finaliza.