Após amargar mais de dois anos seguidos de retração, a economia brasileira, enfim, começa a dar sinais de recuperação. De acordo com dados divulgados nesta semana pelo BC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado uma “prévia” do PIB (Produto Interno Bruto), o segundo semestre de 2017 apresenta um cenário positivo. Isso porque, considerando os números referentes ao mês de agosto, o nível da atividade econômica nacional subiu 1,64% em relação ao mesmo período de 2016. Não à toa, a expectativa gerada é a de que o PIB cresça 0,72% até o final deste ano.
O último dado oficial sobre o Produto Interno Bruto medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) já havia apontado um crescimento de 0,2% do PIB no segundo trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior. Já em relação ao mesmo trimestre de 2016, houve um aumento de 0,3%, interrompendo uma sequência de 12 quedas.
Ainda estamos longe de falar em crescimento, mas o termo ‘recuperação’ já é recorrente entre economistas e gestores industriais. Em nota divulgada no site do governo federal, o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão avalia que “o avanço de 0,2% da economia brasileira no segundo trimestre aponta para uma atividade econômica promissora em 2018”.
Uma análise “mais de perto” mostra que o ponto de virada aconteceu em março, quando o consumo de máquinas, que havia caído 37% entre novembro de 2014 e março de 2017, registrou alta de 9%. Estes dados são reiterados novamente pelo IBGE que, a partir de uma Pesquisa Industrial Mensal divulgada em agosto, identificou que a produção industrial no país registrou crescimento de 0,5% no primeiro semestre de 2017, ante o mesmo período de 2016. Esta alta foi impulsionada, também, pelos bens de capital (2,9%). Paralelamente, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), resultado de uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas, avançou 1,4 ponto em agosto de 2017, registrando 92,2 pontos.
Na avaliação de Tabi Thuler Santos, coordenadora da Sondagem da Indústria da FGV/IBRE, “a boa notícia com base nestes números é que as avaliações das empresas sobre a situação atual começam a melhorar de forma consistente e a atingir o melhor resultado desde o início da crise, em 2014”.
Sobre os próximos meses, o Índice de Expectativas (IE,) tabulado na mesma pesquisa, aumentou 1,0 ponto, para 94,4 pontos. Houve aumento da proporção de empresas que preveem uma produção maior, saiu de 29,1% para 34,2%, além do avanço o, em menor escala, da parcela das organizações que estimam produção menor, de 17,7% para 20,2% do total.
Todos os marcadores, tanto econômicos quanto industriais, dão força à teoria da retomada da economia brasileira, atentando para o aumento de demanda iminente da indústria de bens de capital, a exemplo da metalmecânica.
José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), aposta em um “belo crescimento” do setor metalmecânico a partir de 2018, após uma demanda reprimida desde 2013. “Estamos saindo de um período de três a quatro anos de crise, com baixos investimentos, havendo uma grande demanda para a retomada dos investimentos a partir do ano que vem”. Em suas palavras: “já é possível falar que a crise ficou para trás; a hora é de investir, para voltar a vender.”