Nos últimos três anos, a indústria enfrentou diversos desafios, seja pelo desabastecimento do mercado consumidor, seja pela elevação dos custos de produção. Mas os últimos meses mostram que a indústria nacional vem se recuperando.
Em julho, por exemplo, a produção industrial e o emprego aumentaram em comparação com junho.
Dados da CNI presentes na Sondagem Industrial mostram que a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) registrou o maior valor para 2022, até o momento, e supera o percentual médio dos meses de julho desde o início da série histórica, em 2011. Números semelhantes também foram observados no crescimento do emprego.
Para entender melhor as razões que permitiram este crescimento na produção e nos empregos da indústria conversamos com Paulo Castelo Branco, presidente-executivo da Abimei e com mais de 30 anos de atuação no segmento industrial.
Produção, Utilização da Capacidade Instalada e emprego crescem em julho
Depois de anos desafiadores, enfim a indústria brasileira começa a apresentar resultados positivos, como os obtidos no mês de julho. A produção e o emprego industrial aumentaram na comparação com junho, segundo análise da CNI.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) registrou o maior valor para 2022, até o momento, e supera o percentual médio dos meses de julho desde o início da série histórica, em 2011.
Em julho, a UCI aumentou 1 ponto percentual entre junho e julho de 2022, passando para 71%. O resultado supera o percentual médio dos meses de julho desde o início da série histórica, em 2011, que é de 69%.
O índice de evolução da produção registrou 51,8 pontos em julho de 2022, resultado acima da linha divisória dos 50 pontos, indicando aumento da produção frente ao mês anterior.
O emprego industrial também apresentou aumento em julho de 2022 na comparação com junho, mostrando alta do emprego pelo terceiro mês consecutivo.
Produção local e tecnologia embarcada: motivos destes crescimentos
Depois dos dois grandes eventos enfrentados nos últimos três anos – pandemia do Covid-19 e, neste ano, a Guerra entre Rússia e Ucrânia – as economias globais se viram obrigadas a mudar as concepções quanto ao maior direcionamento da produção de bens manufaturados para a Ásia.
Essas ocorrências mundiais elevaram as dificuldades como disponibilidade, aumento de prazo e custo logístico para a importação de produtos acabados e também de muitos componentes, da maior parte de produtos que recebiam poucos componentes nacionais para a sua montagem final.
Este fato interrompeu muitas cadeias produtivas e chegou a inflacionar e até inviabilizar a importação de muitos produtos, chegando a causar desabastecimento em alguns setores.
Para reverter esta situação ou não correr o risco de enfrentá-la, Paulo Castelo Branco explica que muitas indústrias em vários países, como aqui no Brasil, decidiram reverter o processo e começar a produzir mais localmente.
O economista explica que o atendimento deste novo foco fez com que as indústrias tivessem que investir em novos projetos.
“Muitas indústrias tiveram que realizar a compra de novas máquinas e equipamentos com alta tecnologia embarcada, para poder garantir alguns dos pilares necessários para obter o êxito almejado nestes últimos dois anos.”
No Brasil, Castelo Branco explica que estes projetos estão dando um ótimo resultado. “As indústrias têm aumentado mês após mês os seus resultados e abastecendo cada vez mais o mercado interno, aumentando a produção de produtos aqui no Brasil”, completa.
Demanda de profissionais é crescente nas indústrias brasileiras
Com o crescimento da UCI e dos empregos, a expectativa é que a demanda por profissionais qualificados seja também crescente.
“A indústria brasileira dependerá, cada vez mais, de profissionais de nível técnico e de especialistas, justamente para operação e processo destas novas linhas de produção”, garante Castelo Branco.
Segundo o economista e especialista em indústrias, este segmento requer pessoas que estão em constante atualização, inclusive pelas empresas fornecedoras de máquinas e equipamentos para atender a esta nova realidade do ambiente industrial.
O economista salienta ainda que os mercados mais significativos que apresentam crescimento e demandam mão de obra qualificada são os de produtos manufaturados de consumo em geral, principalmente os de valores agregados mais baixos.
Paulo Castelo Branco também observa um bom desempenho nos setores de implementos rodoviários, construção e do setor agrícola, além dos setores ligados à tecnologia de eletroeletrônicos e os ligados ao setor automotivo.
“O setor automotivo e o de eletroeletrônicos sofreram muito desabastecimento de componentes, mas tendem a melhorar seus desempenhos nos próximos meses”, acredita Castelo Branco.
Otimismo deve persistir até o final do ano
Tanto os analistas da CNI quanto o economista Paulo Castelo Branco acreditam que teremos uma boa finalização para o setor industrial até o final do ano.
A CNI mostra que todos os índices de expectativas seguem animadores, revelando otimismo do empresário industrial, tanto que o índice de intenção de investimentos segue alto.
Já Paulo Castelo Branco indica o bom resultado da economia que pode ser observado pela constante revisão do resultado do PIB para este ano de 2022 ao longo de todos os meses.
“Este ano, que se iniciou em janeiro com uma previsão do mercado de um crescimento igual a zero, chegou ao mês de setembro para uma expectativa de crescimento que já ultrapassa os 3%”, finaliza.
Dessa forma, depois de anos desafiadores, a indústria nacional mostra excelentes sinais de recuperação, com crescimento da produção, dos empregos e da capacidade instalada. De fato, este é um resultado muito importante e que merece ser comemorado.
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