Para marcar o lançamento da plataforma Indústria Xperience, mais de 7 horas de conteúdo inédito reuniram profissionais do setor nesse primeiro dia de evento. Abordando tanto o desenvolvimento tecnológico e as possibilidades do 4.0, palestras e debates também trouxeram informações úteis sobre gestão, liderança e formação acadêmica.
Confira a seguir um pouco do que foi discutido – e aproveite para assistir aos conteúdos completos se cadastrando gratuitamente na plataforma Indústria Xperience.
ABIMAQ Inova: redes privadas de 5G e a IoT no setor de máquinas
Abrindo esse primeiro dia, os conteúdos do ABIMAQ Inova – evento de inovação promovido pela ABIMAQ, que aconteceu dentro da plataforma – colocaram em pauta as possibilidades trazidas pelas redes privadas de 5G e pela Internet das Coisas no setor de máquinas.
“A chegada do 5G permite que a conexão chegue em ambientes que hoje não são atendidos pelo 4G. As redes públicas de telecom não deixam de participar do ecossistema, mas abre-se a possibilidade de trabalhar com redes privadas de 5G, em que é viável comprar equipamentos de telecom e operar dentro das empresas, ganhando autonomia e controle da operação”, afirmou Gustavo Correa Lima (CPqD). “As redes públicas de internet hoje não cobrem todas as indústrias espalhadas pelo Brasil e as redes privadas se inserem nesse contexto, permitindo que cada indústria invista na estrutura de acordo com suas necessidades”, completou Sergio Sevileanu (SIEMENS).
Wilson Cardoso (Nokia), trouxe outra reflexão importante: “O 5G é para as pessoas, mas principalmente para as máquinas. Essa tecnologia possibilita mais banda e milhões de possibilidades, conectando tanto dispositivos simples quanto complexos, com grande capacidade de processamento. É preciso entender quais as vulnerabilidades desses sistemas conectados, para cuidar desses pontos e garantir que tenhamos segurança cibernética nas indústrias”.
Mediado por João Alfredo Delgado (ABIMAQ), o segundo conteúdo do dia trouxe informações sobre a Internet das Coisas e a inteligência e estratégias necessárias por trás de seu uso. “A IoT é a base dos processos de digitalização”, defendeu Fernando Caprioli (Tetra Pak). Completando esse pensamento, João Pratas (Danfoss) apontou que a pandemia acelerou esses processos, mas que a tecnologia é parte de um todo.
“As tecnologias precisam ser combinadas com os processos, a operação e a produtividade. Os robôs nas linhas automatizadas, por exemplo, não substituem 100% os postos de trabalho, mas sim servem para dar suporte ao técnico presente na fábrica”, comentou.
Para Sérgio Tokio (ROMI), esse processo de corrida pelo digital abriu novas portas de negócios. “Houve uma busca por novos modelos de negócio que compensassem a queda na receita, mas que fizessem sentido dentro do contexto. Implantamos o Machine As Service, ou seja, o aluguel de máquinas. Conseguimos monitorar através de telemetria o uso dos equipamentos em campo, tornando esse modelo viável”, contou. Os participantes também discutiram as dificuldades, desafios e possibilidades da IoT.
Laboratórios e os desafios de ensinar Engenharia 4.0
A indústria está passando por muitas mudanças, em plena transição para a quarta revolução industrial. Incorporando aos poucos as bases do 4.0 nas fábricas, observamos um novo desafio surgir: como as universidades estão preparando a nova geração de engenheiros para a indústria? Nesse contexto, como os laboratórios de simulação e os FabLabs podem ser ferramentas úteis para o desenvolvimento dessa nova geração? Esse foi o tema do debate entre Pedro Ferreira (UNIP), José Carlos de Souza Jr. (IMT) e Fábio Lima (FEI), com moderação de Mauro Andreassa (IMT).
“Na FEI, todos os trabalhos de conclusão de curso são feito com cases reais, de indústrias reais, com o uso dos laboratórios. Acreditamos que é preciso focar nas pequenas e médias empresas, já que fortalecer ele setor fortalece toda a cadeia. O papel dos laboratórios deve ser sempre o de incentivar essa parceria de fato entre a universidade e as empresas, em um trabalho conjunto”, comentou o professor Fábio Lima. Além de atuar diretamente com a tecnologia nos laboratórios, o professor Pedro Ferreira também destaca que outras habilidades também surgem nesse ambiente.
“A literatura da indústria 4.0 aponta que precisamos que o aluno saiba estabelecer seu processo de aprendizagem, e é isso que os laboratórios da UNIP incentivam. Apostamos muito em desenvolver essas skills, que permitem que o engenheiro aprenda a trabalhar em conjunto e se prepare para a realidade da indústria”, dividiu.
O professor e reitor do IMT, José Carlos de Souza Jr., reforçou esse ponto: “O laboratório do futuro mistura alunos de vários cursos, já que basicamente todas as disciplinas podem utilizar a estrutura. Engenheiros químicos, civis, de alimentos, designers… E, quando não esta sendo utilizado pelos alunos, empresas podem vir fazer seus treinamentos em lean manufacturing aqui, como a GM e a Pirelli já fazem no IMT. Essa troca serve para que os alunos entendam o setor e as empresas entendam o pensamento desse jovem profissional. É um ambiente em que todos ganham com a integração, sem divisão entre teoria e prática, escola e empresa, academia e mercado”.
Para o professor Andreassa, mediador do painel, uma tendência importante se manifestou. “É muito importante ouvir de professores de engenharia que já não há um foco excessivo na técnica. Estamos aqui ouvindo que nossa academia está sim preocupada em desenvolver as habilidades socioemocionais e a capacidades de trabalhar em conjunto. A cultura tecnicocêntrica deve ser revista”, concluiu.
Revisão de processos tributários para reduzir os custos
Um dos temas mais sensíveis para a indústria brasileira é a redução de custos. Por mais que a capacidade produtiva e o consumo de recursos surjam com bastante frequência nessa discussão, outros aspectos devem ser considerados, como os custos fiscais e tributários. Revisar os processos tributários pode gerar uma economia de até 20%, além de permitir compensações por cobranças indevidas. Em conversa para o lançamento da Indústria Xperience, Rogério Lara, sócio-diretor da Tag Brazil, e Christian Dihlman, presidente da ABINFER, discutiram como a revisão dos processos tributários pode ser um movimento estratégico para 2020.
“Os custos tributários são um grande desafio para as indústrias brasileiras, inclusive indo além do ferramental, principalmente quando consideramos uma concorrência como a chinesa”, comentou Dihlmann. “No Brasil, enfrentamos já há alguns anos, a incidência de imposto sobre imposto, o que afeta os cálculos tributários. Revisar esses processos para corrigir esses pontos traz para o empresário uma redução significativa à base tributável, por exemplo, PIS e COFINS”, explicou Rogério. A conversa trouxe insigths sobre possibilidades de redução de custo fiscal, abrindo novos horizontes para o orçamento das indústrias. A conversa já está disponível na plataforma Indústria Xperience.
Mercado de máquinas Italiano-Europeu: as perspectivas globais para o pós-COVID
Em conversa com Bárbara Colombo, presidente da UCIMU (a associação italiana de máquinas-ferramenta), Manuel Niglli, responsável pelas ações internacionais das feiras FEIMEC e EXPOMAFE, discutiu os dados mais recentes sobre a indústria mundial de máquinas, considerando principalmente o cenário europeu. Com as informações atualizadas fornecidas pela UCIMU, foi possível entender os impactos na produção industrial em todo o mundo e, principalmente, as ações de retomada e os primeiros resultados encontrados.
“O panorama previsto pela Oxford Economics é de que o mercado europeu vai registrar uma queda de 23% em 2020, seguida por três anos de aumento na demanda e no consumo de máquinas”, comentou a presidente. Confira mais dados na apresentação completa, já disponível na plataforma Indústria Xperience.
Indústria Xperience: o que a inteligência artificial NÃO pode fazer por você?
Um dos pilares da indústria 4.0, a Inteligência Artificial (IA) promete revolucionar os processos da indústria, agregando eficiência e segurança à produção. Mas o que a Inteligência Artificial NÃO pode fazer por você? Nessa apresentação ao vivo, Tiago Sanches (IMT) desmistificou a IA e ajudou entender as vantagens dessa tecnologia para a indústria – sem deixar de fora seus limites. “É preciso entender exatamente o que é a inteligência artificial para entender também onde ela vai funcionar e onde não vai”, comentou. Debatendo as expectativas e caminhos para começar a aplicar a IA na indústria, o professor também respondeu os comentários ao vivo e no chat. Confira a gravação na plataforma!
Novos líderes para um novo chão de fábrica
A gestão desempenha um papel muito importante na produtividade e nos resultados de indústrias de todos os portes. Nesse sentido, o líder é uma figura central dos processos, que precisa conhecer tanto os processos fabris quanto desenvolver habilidades humanas e de comportamento, para ganhar o respeito e a colaboração dos profissionais no chão de fábrica. Encerrando o primeiro dia de evento, Fábio Tozzini, instrutor especializado para a indústria, dividiu com o público da Indústria Xperience algumas das principais estratégias para desenvolver a capacidade de liderança e vencer os desafios que só o chão de fábrica traz. Além de explicar a diferença entre líderes eficientes e líderes eficazes, o instrutor também apontou algumas características únicas do segmento.
“É muito comum que o melhor operador do processo seja promovido a novo líder do setor, o que não é garantia de sucesso. Não é o melhor operador que vai ser o melhor líder, mas o mais preocupado com a qualidade do processo como um todo. Identificar quem tem essas características de liderança é muito importante para as promoções em fábricas”, afirmou.