Também na indústria automobilística, o ESG se tornou “pedra fundamental” nas principais empresas a nível mundial. O segmento vem tomando medidas práticas em favor do meio ambiente, considerando o universo social e a transparência das ações.
Neste sentido, as corporações automotivas estão implementando ações de impacto que plainam entre processos de reutilização de materiais, descarbonização, economia circular, logística reversa, eficiência energética, tratamento de efluentes etc.
Isso porque a objetividade do ESG facilita o entendimento sobre o que deve ser feito. No entanto, apresenta também a urgência da adoção de práticas verdadeiramente sustentáveis. A propósito, um ponto que a indústria automobilística já compreendeu é: ser sustentável vai muito além da questão ambiental.
Esse estilo de vida diz respeito às bases que sustentam as atividades de uma empresa. E isso envolve os fatores econômicos e sociais que ditam o ESG.
Por isso, é seguro dizer que, ao adotar práticas ESG, a indústria automobilística cria também soluções para se manter saudável a longo prazo. Ela, invariavelmente, passa a respeitar, por exemplo, os limites da natureza, além do bem-estar de uma determinada comunidade e da sua própria operação.
Cases de sustentabilidade
Descarbonização
Para a Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), uma das prioridades em prol do planeta é a descarbonização. Luiz Carlos Moraes, Presidente da Anfavea, diz que essa discussão para a indústria automobilística é fundamental e inadiável, pois as empresas precisam saber como direcionar seus investimentos para as próximas gerações de veículos.
“Só assim o Brasil poderá se ver inserido nas estratégias globais das novas tecnologias de motorização e no completo tabuleiro do comércio exterior”, explica o presidente.
A propósito, a própria Anfavea divulgou um estudo que aponta três macro cenários para o Brasil nos próximos 15 anos com relação a descarbonização. O primeiro trata-se de um mundo “Inercial”, em que a transformação ocorrerá no mesmo ritmo que temos hoje, sem políticas específicas que incentivem a eletrificação e organizem os setores envolvidos na geração, transporte e distribuição de energia.
Por sua vez, o segundo, chamado “Convergência Global”, traz uma certa aceleração no sentido de acompanhar os movimentos já em curso aplicados pelos países mais desenvolvidos. Já o terceiro cenário é o “Protagonismo de Biocombustíveis”, cujo objetivo é privilegiar uma maior introdução de combustíveis verdes, mas com um grau de eletrificação semelhante ao primeiro macro cenário.
“Esses cenários de descarbonização se somarão a um grande esforço que a indústria automobilística já vem realizando no controle das emissões desde a criação do Proconve (Programa de Controle de Emissões Veiculares).”
A saber, o Proconve foi criado em 1980 e, desde então, vem apresentando resultados positivos, medidos nos relatórios anuais da Cetesb sobre a qualidade do ar. Eles apontam uma redução drástica da poluição veicular, sendo que, de 2006 a 2019, houve uma queda pela metade dos gases medidos na atmosfera, mesmo com um aumento de 66% na frota de carros circulantes, conforme o próprio relatório do Proconve.
Recuperação hídrica
A Scania, fabricante de soluções de transporte sustentável, vem trabalhando com diversas ações de descarbonização, mas também com o uso eficiente de recursos naturais em sua fábrica brasileira que fica em São Bernardo do Campo (SP).
Ao longo de 2022, por exemplo, a empresa, ligada a indústria automobilística, investiu em uma estação de tratamento de efluentes, de modo que quase a totalidade do processo produtivo da companhia passou a ser abastecida com água de reuso, e seu excedente doado ao município onde está localizada.
De acordo com Gustavo Bonini, Diretor de Relações Institucionais da empresa, “reduzir o impacto ao meio ambiente é uma obrigação, uma questão de responsabilidade”. Ele afirma que, com a implantação do novo sistema, a Scania conseguiu tratar de maneira mais eficiente a questão da água, além de poder dar um destino nobre para o excedente. “Queremos dar visibilidade para nossos valores, nosso propósito e, principalmente, nosso orgulho de estar no Brasil”, comemora Bonini.
Além do tratamento de efluentes, a Scania estabeleceu seis Metas Ambientais Corporativas, tendo como base o ano de 2015 até 2025. São elas:
- energia elétrica livre de fósseis em 100% das operações;
- redução de 50% das emissões de CO2 no fluxo logístico terrestre por tonelada transportada;
- redução em 25% do uso de energia nas operações industriais;
- menos 50% na geração de resíduos não recicláveis por unidade produzida;
- menos 40% no uso de água por unidade;
- redução de 75% das emissões de CO2 das operações industriais.
Bonini alerta que “a busca pela diminuição dos impactos ambientais envolve a redução da emissão de gases de efeito estufa, mas também outros aspectos ambientais que contribuem para o equilíbrio da vida no planeta, como a redução do uso de água e energia, da geração de resíduos, entre outros”.
Outras iniciativas de sucesso
A Fundação Toyota é outra corporação da indústria automobilística com foco em iniciativas sustentáveis e de ESG. A organização está investindo na Área de Preservação Ambiental Costa dos Corais, em Pernambuco. Além disso, ela se dedica ao projeto Águas da Mantiqueira, cujo trabalho é diagnosticar os remanescentes da Mata Atlântica, distribuídos em 10 bacias hidrográficas em Santo Antônio do Pinhal (SP) – essenciais à manutenção de serviços ambientais, principalmente, dos hídricos.
De acordo com Saori Nishikawa, Gerente de Meio Ambiente da Toyota do Brasil, a organização possui um documento chamado Desafio Ambiental Toyota 2050, que compreende seis desafios com as prioridades da empresa, entre eles, o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias e o papel da montadora como facilitadora para melhorar o contexto econômico e o ambiente natural a volta de pessoas e comunidades.
“A gente não quer radicalismo. Sabemos que o desenvolvimento é importante e queremos que ele traga benefícios para o planeta. E isso deve acontecer de forma sustentável”, conclui.
Tanto a Toyota quanto a Scania, influentes montadoras da indústria automobilística, atendem à certificação ISO 14001, que especifica os requisitos de um Sistema de Gestão Ambiental e ajuda a fortalecer qualidades para que a respectiva corporação desenvolva a sua estrutura de proteção à natureza. Também, com rápida resposta em caso de mudanças nas condições ambientais.