Certamente, a maioria das mulheres que se dedicam a uma carreira profissional já ouviu algum comentário desanimador. Mais ainda, quando elas optam por segmentos originalmente “masculinos”, como é o caso do industrial.
“Por que você escolheu essa área?”, “Não prefere um trabalho mais delicado?”, “Mas como vai cuidar dos filhos e trabalhar ao mesmo tempo? Você dá conta?”.
Culturalmente, a figura feminina sempre esteve ligada ao trabalho doméstico ou, no máximo, a profissões mais “condizentes” com o estereótipo criado pela própria sociedade. Porém, o objetivo não é voltar ao passado, mas discutir o presente e o futuro.
Mulheres na Indústria: um projeto EXPOMAFE
Com esse propósito, a EXPOMAFE 2023, Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Automação Industrial, dedicou parte das suas atrações às mulheres.
O Mulheres na Indústria, espaço que reuniu mulheres palestrantes e dezenas de pessoas interessadas em saber mais sobre inclusão e diversidade, levantou questões fundamentais e emocionou quem esteve presente.
Além de massagear as dores de algumas mulheres, que se sentiram à vontade para dividir experiências sobre algum preconceito sofrido ao longo da caminhada profissional, as apresentações mostraram aos empreendedores a importância vigente de adotar a diversidade e a inclusão nas empresas. E isso, independentemente da área de atuação.
Fato é que as organizações que escolhem seguir por este caminho provam ser mais inovadoras, dinâmicas, colaborativas e com um melhor clima organizacional.
Essa tendência tende a contribuir para que as mulheres ganhem cada vez mais espaço no mercado – seja ele varejista, corporativo, industrial, etc.
Jornada de desafios e possibilidades
Esse tema foi o mote da palestra de Adriana Belmiro da Silva, CEO da Balluf, que trouxe conselhos valiosos para as participantes.
Adriana ressaltou que as mulheres conquistaram novos papéis no mercado de trabalho, mas ainda têm uma longa caminhada pela frente. O que não pode é desistir. “E os motivos para isso são inúmeros”, disse Adriana.
Ela citou questões como a maternidade, a hierarquia das próprias empresas e os rótulos que as mulheres recebem.
“De secretárias a cientistas, as mulheres devem se ajudar. Não para serem melhores do que os homens, mas para evoluir.”
A palestrante instigou as mulheres na plateia a enfrentarem seus desafios. As seguintes recomendações foram projetadas pela CEO:
- A mulher tem que acreditar em sua capacidade, sem que ninguém a faça pensar o contrário;
- As oportunidades também devem estar no radar. Fique atenta a elas;
- Você está preparada;
- Ser mãe é uma decisão da mulher, unicamente dela. Se não quer ser, não seja;
- Busque mentores para a própria jornada profissional;
- Caso decida pela maternidade, é bom ter uma rede de apoio pessoal. Afinal, ninguém precisa abraçar o mundo com as mãos;
- Outro ponto essencial: é muito importante investir no networking. Não tenha medo de falar, de fazer barulho;
- Trabalhe em empresas que apoiem o seu desenvolvimento;
- É imprescindível planejar a carreira baseada nas escolhas profissionais;
- Nunca pare de estudar.
Desabafo
“A mulher tem que investir em sua capacitação e ter voz ativa para tomar decisões importantes Mas ela tem conquistado o seu lugar. O sucesso tem tudo a ver com atitude.”
Ao ouvir tais palavras, Natália Viuge, estudante de engenharia mecânica, que estava na plateia, deu um depoimento emocionado sobre o tema “mulheres na indústria”:
“Eu sinto um certo cansaço, às vezes. Não penso em desistir, mas me sinto exausta porque sou comparada aos estudantes homens e, muitas vezes, minha capacidade é posta a prova. Tenho que me dedicar muito mais do que os meus colegas. A parte boa é que percebo cada vez mais uma mudança no mercado e a união das próprias mulheres em ajudar umas as outras. Isso me emociona, me deixa feliz.”
A presença feminina na indústria
Segundo dados do Instituto Locomotiva, 97% das decisões de compras dos lares brasileiros são feitas por mulheres sozinhas ou em parceria com homens.
Com essa informação em mãos, Paula Braga, CEO da Automotive Business, falou ao público do Mulheres na Indústria sobre a importância da presença feminina no segmento automotivo.
Segundo Paula, a mulher tem muito com o que contribuir e os caminhos estão se abrindo. “Contra fatos não há argumentos”, complementou.
Para se ter uma ideia, de acordo com a Harvard Business Review, com a participação feminina, as empresas aumentam 19% a geração de receitas a partir da inovação.
Ou seja, a mulher é inovadora e está aberta a novas oportunidades. “Se a empresa vende para todo mundo, por que não contrata e promove todo mundo?”, questionou Paula, ressaltando ainda a importância de se ter mais mulheres pensando em inovação.
Como ela mesma comenta, “diversidade e inovação são temas que se casaram”.
Desconstrução
Ao passo em que a palestrante detalhava a respectiva pauta, Daniela Montagner compartilhou da plateia a sua experiência e satisfação em fazer parte de uma empresa, cujo quadro tem 99% de mulheres.
Daniela é Supervisora de Vendas em uma empresa de componentes automotivos. “O preconceito ainda existe, mas fico muito feliz em ver as mudanças do mercado em favor das mulheres.”
Sobre isso, Paula contribuiu dizendo: “precisamos desconstruir alguns conceitos e esse processo deve ser feito todos os dias”.
E finalizou: “esse projeto tem que acabar, não porque perdeu a importância, mas porque o assunto foi resolvido. As mulheres têm espaço na indústria e em todos os outros mercados”.
Conhecimento e carreira
A terceira palestra do Mulheres na Indústria trouxe uma grata surpresa aos visitantes da feira. O assunto não foi dedicado apenas às mulheres, mas para todos que desejam ampliar os horizontes profissionais.
No entanto, a especialista de plantão era uma mulher. No caso, Cristina Moraes, Coach e Palestrante da Tallentum Partners.
Cris, como prefere ser chamada, dividiu suas experiências profissionais e não economizou conselhos para quem quer identificar oportunidades e abraçar os desafios. “É primordial conciliar conhecimento técnico e ter maturidade de relacionamento.”
Para a palestrante, todo profissional deve produzir um plano de desenvolvimento individual. “É preciso pensar fora da caixa, é isso não é segredo para ninguém.”
Para fechar com chave de ouro, deixou uma mensagem essencial às mulheres: “perseverem, se empoderem e não se intimidem”.
Mulheres na Indústria: assista aos depoimentos!
Além das apresentações durante o evento, foram captadas entrevistas especiais contando mais sobre os desafios de carreira e desenvolvimento para as mulheres dentro da indústria.
Os vídeos estão sendo disponibilizados no YouTube da EXPOMAFE. Confira aqui o depoimento de Zorailde Morais, Gerente de Departamento Técnico e Marketing na Lincoln Electric.