Você já ouviu falar sobre o termo neoindustrialização? Basicamente, este é um termo que representa o processo de modernização e evolução da indústria, enfatizando inovação, compromisso ambiental e integração com outras cadeias produtivas.

Um dos grandes objetivos do setor com a neoindustrialização é recuperar a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, que foi reduzida nos últimos anos.

Mas, para que esse processo comece a se concretizar e trazer benefícios, há um componente fundamental: a logística, especificamente a logística 4.0

Ela permite a incorporação definitiva aos fluxos logísticos junto às mais avançadas tecnologias da informação.

Diante da relevância do tema, convidamos Denny Mews, CEO da Cargon para falar sobre o que é a neoindustrialização e qual é a sua relação com a logística 4.0.

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Neoindustrialização: modernização e evolução da indústria

Como já destacado, a neoindustrialização é um processo que busca a reindustrialização brasileira, por meio da modernização e evolução do setor, com enfoque na inovação, compromisso ambiental e integração com cadeias produtivas nacionais e internacionais.

A neoindustrialização está inserida em um contexto global de políticas industriais modernas, muitas vezes orientadas por estratégias que trazem respostas aos grandes desafios de nossa sociedade, como o combate às mudanças climáticas ou acesso à saúde de qualidade. 

Para que isso seja possível, é preciso ter um foco muito claro em 3 pontos principais, são eles:

  • Novas tecnologias: uso de IA, automação, Internet das Coisas, e outros recursos avançados que permitam o ganho de produtividade do setor;
  • Digitalização: a integração e digitalização dos processos produtivos é fundamental para a colete e análise de dados em tempo real, permitindo que melhores decisões sejam tomadas e melhorando a eficiência do setor;
  • Sustentabilidade: a pauta ambiental e a adoção de políticas ESG tem se tornado mais relevantes no mundo todo. Diante disso, políticas de aumento de eficiência energética, redução da emissão de carbono e de resíduos se tornam fundamentais no processo de neoindustrialização.

Denny Mews destaca que o conceito está relacionado à estratégia de trazer a nova indústria para aqueles países que se desindustrializam, caso do Brasil.

Na década de 80, 36% do produto interno bruto do Brasil era decorrente da atuação de indústrias. Porém, em 2023 essa participação é de 23,9%. Ou seja, o Brasil foi desindustrializado.

Segundo o CEO da CargOn a neoindustrialização é isso. “Com esse conceito, podemos trazer novas indústrias e aumentar nossa competitividade no mercado atual com olhares da indústria 4.0”.

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Neoindustrialização e logística 4.0: relação direta e alta conexão

Como já destacado, nos últimos anos, a economia brasileira enfrentou um processo de acelerada desindustrialização, associada à primarização da pauta de exportações, decorrente do aumento da importância das commodities.

Em contrapartida, nosso país possui vantagens geográficas, recursos naturais abundantes e uma matriz energética diversificada, que podem ser alavancados para impulsionar a neoindustrialização.

Mas, para que a neoindustrialização traga os resultados esperados, os investimentos em logística 4.0 são imprescindíveis, como destaca Mews.

A neoindustrialização e a logística 4.0 estão completamente conectadas. Quando tratamos do processo da indústria 4.0, que passa pela Neoindustrialização, entendemos que a logística integrada e a logística preditiva apresentam processos digitalizados e tem total relação com esse modelo.

Nesse sentido, continua Mews, a logística 4.0 contribui diretamente com três pilares da indústria 4.0.

  • Inovação, ao incorporar big data;
  • Robotização, aprendizado da máquina, inteligência artificial, realidade aumentada;
  • Computação em nuvem, integração de sistemas e internet das coisas nos fluxos de entrada, saída e transporte de mercadorias.

Assim, segundo o especialista, não tem como começar uma indústria em um modelo 3.0. “A indústria 3.0 não é mais competitiva, pois está atrasada”. 

Assim, para a Neoindustrialização ser competitiva, ela precisa ter todos os aspectos da indústria 4.0 (digitalização, otimização, transformação digital) e também da logística 4.0.

Diante desse cenário, a logística precisa com urgência passar por transformação digital. 

Muito se fala, em indústria 4.0. No entanto, não haverá indústria nesse estágio de evolução sem que outros pontos da cadeia alcancem esse patamar. E um desses pontos é o de logística, que faz o elo entre fornecedores, distribuidores, varejo e consumidor final.

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Na neoindustrialização, logística tem a função de integrar toda a empresa

Toda indústria é movida por algum tipo de logística, tanto para a gestão da matéria-prima quanto para a entrega do produto final, a conexão com os fornecedores e clientes.

Então se a logística tiver qualquer ”gargalo”, terá problemas. 

Na neoindustrialização, Denny Mews ressalta que a logística deve ser digital e ágil, por isso chamamos a logística de cadeia de suprimentos. “Quando falamos em cadeia, falamos em elos, e elos quebrados não formam cadeia. Então tem que estar no mesmo nível de digitalização”, opina.

Assim, na logística tudo está envolvido, desde a matéria-prima aos processos internos da indústria e isso exige integração total. 

Temos peças que vão de um setor para o outro, temos as linhas de montagem, o próprio acesso, a logística fácil, tudo precisa estar interligado”, destaca o gestor da CargOn. 

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Para que tudo esteja interligado, a logística precisa ser aplicada em pontos estratégicos. Para Mews é preciso ter todos os olhares, tanto internos quanto externos e principalmente com digitalização e direcionamento com parte de dados.

Com essa predição conseguimos analisar melhor as demandas de matéria-prima quanto de vendas”, complementa.

Ou seja, na nova indústria, a logística 4.0 pode reduzir impactos ambientais ao otimizar fluxos, além de oferecer monitoramento e transmissão de dados em tempo real.

Também permite a transmissão de dados e informações disponibilizadas online e em tempo real, permitindo a tomada de decisão mais assertivas.

A logística é o item que mais pesa no chamado ‘Custo Brasil’, que inviabiliza a competitividade da indústria nacional. Portanto, sem enfrentar os gargalos logísticos desse setor, não há como melhorar a competitividade da indústria nacional, nem aplicar a neoindustrialização”, finaliza o CEO da CargOn.

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