Em todo o mundo, eficientes políticas industriais são a porta de entrada para que o setor aumente sua competitividade e beneficie toda a cadeia. Neste sentido, o governo federal lançou em 2024 o programa “Nova Indústria Brasil”.

Essa é uma política industrial composta por ações que envolvem os setores público e privado, visando a promoção do desenvolvimento do setor de uma forma muito mais estratégica.

Saiba mais sobre esse plano e entenda por que ele tem tudo para ser um instrumento moderno e que vai fomentar neoindustrialização no nosso país.

Entenda o que é a Nova Indústria Brasil

Lançado em janeiro de 2024, o programa Nova Indústria Brasil usa instrumentos tradicionais de políticas públicas, como subsídios, empréstimos com juros reduzidos e ampliação de investimentos federais que ajudam a impulsionar a indústria. 

O programa também usa incentivos tributários e fundos especiais para estimular alguns setores da economia.

Durante o evento de lançamento, o Vice-presidente da CNI e representante da entidade na cerimônia, Léo de Castro ressaltou a importância de contar com o setor público no processo de retomada da indústria brasileira e reafirmou o compromisso da CNI com a agenda. 

Esse é o anúncio de uma política pública moderna, que redefine escolhas para o desenvolvimento sustentável, com mais investimento, produtividade, exportação, inovação e empregos, por meio da neoindustrialização”, disse.

Castro ainda complementou: “A indústria brasileira precisa de instrumentos modernos e semelhantes aos que promovem a indústria nas nações líderes. É preciso recolocar a indústria no centro da estratégia de desenvolvimento, para que possamos retomar índices de crescimento maior e poder ofertar um caminho consistente e alinhado com o que os países desenvolvidos fazem”.

Assim, essa estratégia visa ser o início de uma política de Estado moderna e viável, estruturada em um conjunto de programas e medidas que buscam solucionar os desafios atuais da nossa indústria.

6 missões destinadas à modernização do parque fabril brasileiro

Criada pelo governo federal, a nova política tem seis missões relacionadas à ampliação da autonomia, à transição ecológica e à modernização do parque industrial brasileiro. 

Segundo o governo, os setores que receberão atenção são a agroindústria, a saúde, a infraestrutura urbana, a tecnologia da informação, a bioeconomia e a defesa. 

O Nova Indústria Brasil conta ainda com um aporte de R$ 300 bilhões para financiar as iniciativas até 2026. Importante salientar também que estes recursos não representam um gasto fiscal extra nem vão aumentar a carga tributária para a população.

Confira a seguir as 6 missões que prometem modernizar o parque fabril brasileiro:

Missão 1: Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais, garantindo a segurança alimentar, nutricional e energética.

Segundo o documento, para alcançar as metas dessa missão, algumas das prioridades são: 

  • Fabricação de equipamentos para agricultura de precisão e máquinas agrícolas para a grande produção; 
  • Ampliação e a otimização da capacidade produtiva da agricultura familiar para a produção de alimentos saudáveis.

Missão 2: Complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir as vulnerabilidades do SUS e ampliar o acesso à saúde

A meta é ampliar a participação da produção nacional de 42% para 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, entre outros. 

O objetivo do governo é contribuir para o fortalecimento do SUS e a melhoria do acesso da população brasileira à saúde.

Missão 3: Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para a integração produtiva e bem-estar nas cidades 

Uma das propostas é ampliar em 25 pontos percentuais a participação da produção brasileira na cadeia da indústria do transporte público sustentável. Para se ter uma ideia, hoje representa 59% da cadeia de ônibus elétricos.

Missão 4: Transformação digital da indústria para ampliar a produtividade

O governo tem a meta de que 90% do total das empresas industriais brasileiras (hoje são apenas 23,5%) sejam digitalizadas. Também objetiva que a participação da produção nacional nos segmentos de novas tecnologias seja triplicada. 

Para isso, a Nova Indústria Brasil diz que é preciso investir: 

  • Na indústria 4.0
  • No desenvolvimento de produtos digitais; e 
  • Na produção nacional de semicondutores, entre outros.

Missão 5: Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas para garantir os recursos para futuras gerações

Um dos objetivos que vai ajudar na transformação ecológica na indústria é o aumento do uso da biodiversidade pela indústria. 

Outro objetivo é reduzir em 30% a emissão de carbono da indústria nacional, que tem 107 milhões de toneladas de CO2 por trilhão de dólares produzido.

Missão 6: Tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais 

Segundo o governo federal, a meta é conseguir autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas para fortalecer a soberania nacional. 

Dessa forma, a prioridade será para ações voltadas ao desenvolvimento de:

  • Energia nuclear; 
  • Sistemas de comunicação e sensoriamento; 
  • Sistemas de propulsão; e 
  • Veículos autônomos e remotamente controlados.

De onde virão os recursos?

Quanto aos recursos, o BNDES disponibilizará R$ 300 bilhões para o setor industrial até 2026, sendo: 

  • R$ 271 bilhões para crédito; 
  • R$ 21 bilhões de recursos não reembolsáveis e 
  • R$ 8 bilhões para investimentos na Bolsa de Valores. 

Desse total, R$ 77,5 bilhões (28%) já foram aprovados em 2023. Os recursos estão organizados em quatros eixos: 

  1. Indústria Mais Inovadora e Digital (R$ 66 bilhões); 
  2. Indústria Mais Verde (R$ 12 bilhões); 
  3. Indústria Mais Exportadora, (R$ 40 bilhões) e 
  4. Indústria Mais Produtiva (R$ 182 bilhões). 

Vale destacar que todo este montante da Nova Indústria Brasil será gerido pelo BNDES.

Dessa forma, esse é certamente um avanço importante para a retomada da política industrial dentro de um horizonte de desenvolvimento tecnológico. 

Também é uma forma de sanar os gargalos do passado, mas também olhar para o futuro, dado o momento de transição em que vivemos. Ou seja, temos tudo para construir os caminhos de desenvolvimento e superação das desigualdades.

Quer saber mais? Então confira este artigo para conhecer 7 tendências para ter um futuro sustentável no setor industrial.