O panorama da indústria no Japão é amplo. E em todos os sentidos. Pelo menos, é o que explica Fabiana Giusti Serra, Consultora Senior em Lean Thinking e Qualidade e Mestre em Engenharia de Produção ao Portal A Voz da Indústria.

“A indústria japonesa se destaca das indústrias mundiais pela diversidade.”

Alguns dos motivos são:

  • A cultura da valorização à pessoa;
  • Importação e exportação de matérias-primas e produtos de alta tecnologia a baixo custo;
  • A luta contra o desperdício de insumos e materiais nos processos, devido à grande limitação de recursos;
  • A rápida detecção de problemas. “Para os japoneses, não ter problema é um problema”, completa a especialista.

A propósito, para Fabiana, a principal diferença entre a indústria japonesa e a brasileira está na gestão.

“Enquanto os japoneses produzem com base na demanda do cliente, os brasileiros produzem para a ocupação de máquinas, sem se preocupar tanto com a demanda”, explica.

Ainda segundo a consultora, cada vez mais, a visão enxuta do Sistema Toyota de Produção, por exemplo, é demandada para reduzir custos e se tornar competitiva, além de rentável.

Valores inquestionáveis

O Japão mostra ao mundo que seus valores são inquestionáveis. Inclusive, o primeiro valor da indústria japonesa é a condição ergonômica do trabalho. O segundo, por sua vez, é a busca pelo conhecimento e a criatividade humana.

No Japão, a mão de obra qualificada não é vista como um custo. E isso acrescenta valor aos processos produtivos e possibilita a identificação de oportunidades e melhorias.

Fabiana conta que o universo da indústria no Japão é diferente de todos os outros. “Fica até difícil traçar uma relação entre esse país com os demais, principalmente, no que tange aos profissionais. Mas, de primeira mão, me vem à lembrança os tech centers que contam com instalações iguais ou similares às que os profissionais recém-contratados irão trabalhar”, explica.

O país se destaca por proporcionar aos profissionais da indústria plena capacitação para desenvolverem suas operações com excelência, além de condições para trabalharem com segurança, antes mesmo de entrarem na linha de produção.

O objetivo da indústria japonesa é conquistar qualidade e eficiência ao mesmo tempo. Outra coisa, o país monitora o desempenho dos profissionais para determinar os respectivos planos de carreira.

Dessa forma, o plano é baseado em metas definidas e mensuráveis, de modo que a mão de obra se comprometa mais. Além disso, o plano de carreira da indústria no Japão visa oportunidades de melhorias para aprimorar os processos.

Inovações industriais

A indústria no Japão tem diversos cases de inovação, incluindo transformação digital e robótica. A propósito, o desenvolvimento da robótica nos anos 80 foi um dos movimentos de valorização e respeito à mão de obra.

“Quem antes operava máquinas, agora, com a automação, é capaz de gerenciar e tomar decisões sobre cinco ou 10 máquinas ao mesmo tempo. Chamamos esse conceito de Jidoka”, pontua Fabiana ao falar de um dos pilares do Sistema Toyota de Produção.

A saber, a grafia Jidoka é a junção dos termos “Ji” (trabalhador) e “Do” (autônomo), que remete a um sistema de trabalho autônomo, mas com a participação humana. No Japão, em tradução livre para o português, a indústria chama o conceito de automação com um toque humano.

Por falar no sistema Toyota de Produção, ele é um dos mais conceituados no país, sendo a Toyota a empresa mais estudada em todo mundo por conta da eterna busca pelo fim dos desperdícios.

“Tais máximas transformaram a montadora em uma das maiores do mundo em termos de lucratividade, ou seja, no método de produção. E o Japão é um exemplo para as demais indústrias”, finaliza Fabiana ao destacar a excelência da indústria japonesa.

Aprofunde-se no tema! Saiba mais sobre a relação entre as indústrias japonesa e alemã.