Segundo a pesquisa da Union + Webster, 87% da população brasileira prefere comprar produtos e serviços de empresas sustentáveis. O que demonstra uma grande necessidade das indústrias avançarem nas ações ambientais.
Nesse contexto, há cada vez mais a demanda de progressos concretos na sustentabilidade e nos objetivos de circularidade para manter a lealdade dos clientes e a confiança dos investidores.
Porém parte do mercado parece não ter entendido. O ranking da Fortune 500, que divulga as maiores empresas dos Estados Unidos com o faturamento anual mais alto, mostrou que 90% das empresas publicam anualmente seus relatórios de sustentabilidade, mas apenas 20% se comprometem formalmente com a neutralidade de carbono, explicitando que há ainda uma ponte entre a teoria e a prática.
Atualmente, a definição de sustentabilidade está muito além da adoção de energias renováveis e da redução do consumo de energia, pois as ações também envolvem a diminuição dos resíduos de materiais através da fabricação circular. Também, o conceito de ativos “reparáveis” está ganhando força. A fabricação reparável implica investir em ativos que possam ser facilmente reparados ou renovados no “fim de vida” ao invés de serem arrancados e substituídos.
Essas iniciativas ainda são um grande desafio para as indústrias, pois para enfrentá-lo devem estar adequadamente equipadas para implementar as mudanças estruturais e de processo sem prejudicar significativamente a produção. Para isso, muitas organizações estão encontrando formas inovadoras e econômicas de enfrentar essas barreiras.
Abaixo, listo algumas das melhores práticas implementadas para alcançar a redução das emissões de gases de efeito estufa e o sucesso da circularidade.
Primeiro passo é a diversificação das fontes de energia, afastando-se da eletricidade produzida a partir de combustíveis fósseis, como com o desenvolvimento de microrredes para produzir a própria energia verde.
Depois, é necessário investir em melhorias na eficiência da manutenção de equipamentos e otimização de processos por meio de uma melhor análise de dados e sensores baseados na Internet das Coisas (IoT).
A visibilidade através da análise de dados e das cadeias de abastecimento ligadas digitalmente será fundamental para ultrapassar os obstáculos tradicionais de fabricação.
No que diz respeito à manutenção, foi revelado que a utilização de tecnologias de monitorização e gestão baseadas em software, combinadas com sensores, ajuda a avaliar o desempenho do equipamento e a prever proativamente os melhores ciclos de reparação e renovação. Esta manutenção prolonga a vida útil dos bens de produção e reduz as falhas e o tempo de inatividade. Isto conduz a uma maior eficiência operacional e elétrica ao mesmo tempo que otimiza a utilização de materiais e diminui a pegada de carbono.
O objetivo, a longo prazo, dos fabricantes que trabalham para a neutralidade de carbono requer a concretização de dois objetivos comuns: aumentar a visibilidade do conteúdo de carbono em toda a cadeia de abastecimento de uma empresa e reorientar o seu modelo de negócio com base nos princípios da economia circular.
Para 2023 e os próximos anos, a indústria brasileira precisa acompanhar os movimentos da sociedade nos hábitos de consumo, nas novas demandas e nas estruturas de mercado para que os negócios se mantenham sustentáveis a longo prazo.
A tecnologia está evoluindo constantemente e oferecendo soluções que atendam esses novos cenários e que podem auxiliar nesta jornada.
*Por Claudia Guimarães – Diretora de Field Services da Schneider Electric