“A guerra entre homens e máquinas não existe”, enfatizou Néstor Fabián Ayala, Professor de Pós-graduação em Engenharia de Produção na UFRGS, ao apresentar na plataforma Indústria Xperience o seu estudo sobre o papel das pessoas na nova economia.
O título é: “A Maturidade 4.0 e a Perspectiva do Trabalho”. Ayala explicou que o objetivo é colocar os profissionais para indústria como um dos pilares da indústria 4.0 – e não os substituir.
Neste sentido, o professor disse que os desafios existem, mas que a tecnologia vem para exaltar o que as pessoas têm de melhor. Ou seja, os profissionais para indústria passarão cada vez mais a desenvolver atividades que agreguem valor aos processos e produto final, sempre com o auxílio da tecnologia. “É cada vez mais evidente que a Indústria 4.0 veio para conciliar a automação com o trabalho das pessoas”.
É preciso, no entanto, que os profissionais atuantes do mercado industrial entendam o seu papel como pilar da Indústria 4.0 e se atualizem acerca da digitalização industrial.
A propósito, isso já é uma realidade nas empresas brasileiras. Elas já apresentam um conceito mais inovador para suprir a demanda. Ayala explica que existem quatro dimensões a respeito da nova economia com a Indústria 4.0:
Smart Manufacturing: tecnologias aplicadas diretamente ao chão de fábrica, e diz respeito a processos mais inteligentes de manufatura;
Smart Supply Chain: tecnologias aplicadas à cadeia de suprimentos;
Smart Products and Service: o uso da tecnologia em produtos e serviços;
Smart working: traz o papel das pessoas na nova economia e como as tecnologias podem ajudar a melhorar o desempenho das atividades. Conforme já apontado, um não substitui o outro.
“A inteligência artificial existe para que as pessoas tomem decisões mais assertivas, baseadas em dados. Robôs são colaborativos e não substitutos”, ressalta o professor. Dessa forma, os profissionais da indústria devem se atualizar e compreender a importância da própria automação para a sua evolução como um especialista em processos.
Para Ayala, como as empresas são cada vez mais flexíveis e estão produzindo simultaneamente diferentes produtos, o trabalhador é quem consegue tornar isso realidade, no sentido de controlar essa diversidade de fabricação. Já a tecnologia vem para manter a qualidade e a produtividade dos processos. “O trabalhador está mais propenso a erros, a tecnologia não. Por isso um precisa do outro”.
Como as tecnologias influenciam o novo profissional para indústria?
Existem formas diferentes de lidar com os profissionais, uma vez que cada um tem sua própria bagagem. O que se pode fazer, segundo o professor da UFRGS, é dividir as pessoas em duas categorias: Brownfield e Greenfield.
A primeira diz respeito aos profissionais que já estão no mercado há anos. Seu ponto forte é a experiência e bagagem profissional, enquanto o ponto fraco está na falta da chamada “alfabetização digital”. Isso porque estão acostumados com o trabalho manual e foram, no decorrer dos anos, menos assistidos pelas tecnologias.
Por sua vez, as empresas devem quebrar essas barreiras e capacitar seus colaboradores de modo que se adaptem às demandas digitais. Os profissionais para indústria só têm a ganhar caso mergulhem em tais oportunidades.
Já a categoria Greenfield traz os profissionais mais novos, com conhecimento digital, porém sem a preparação acadêmica e experiências adquiridas pelos Brownfields. A indústria, no entanto, pode avaliar esse profissional e oferecer uma oportunidade, de modo que ele aprenda o trabalho e contribua com seu conhecimento tecnológico.
Neste sentido, uma empresa com ambas as categorias de profissionais tende a evoluir em qualidade, produtividade e tempo de entrega dos produtos, uma vez que um profissional completará o outro e ambos serão auxiliados pela tecnologia.
Mudanças no trabalho industrial
Ayala explicou ainda que algumas funções específicas na indústria sofrerão mudanças e serão positivamente afetadas pela digitalização. São elas:
Operadores: passarão cada vez mais a controlar as linhas de produção por totens. Ou seja, esses profissionais para indústria manusearão telas e não mais manivelas e botões.
Supervisores e coordenadores: tomarão decisões baseadas em dados. Não mais apenas na própria opinião. “E o melhor é que será uma espécie de experiência cruzada entre o profissional e os dados coletados”, salienta.
Gerente diretor: este profissional terá um olhar mais abrangente, com a visibilidade da Indústria 4.0.
Expert digital: já este colaborador será o analista da fábrica, que ficará a cargo de encontrar os gargalos e propor tecnologias para solucioná-los.
Ayala finalizou dizendo que profissionais e máquinas se complementam e que “a tecnologia é apenas um dos pilares da inovação para que a Indústria 4.0 seja bem-sucedida”. Os demais pilares são: social (com foco no trabalhador), ambiental (ações responsáveis) e organizacional – o ESG.
Confira a apresentação Profissionais para uma Nova Indústria na plataforma Indústria Xperience!