Pandemia, guerras, capacidade energética, alta e queda de bens intermediários, etc, são alguns dos motivos pelos quais os custos industriais sobem e descem. Porém, o foco não está somente nas causas, mas também na variação dos indicadores – oscilação expressiva desde 2020, quando a crise sanitária estourou.

Em 2023, a indústria registrou uma queda no Indicador de Custos Industriais (ICI), do primeiro para o segundo trimestre – cerca de 4,6%. Dados indicam que o custo de produção caiu 5,1%, enquanto que o de capital desceu 6,3% e o tributário 0,6%.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a queda no custo de produção se deu pela redução dos custos dos componentes, além da diminuição no custo dos bens intermediários e energia.

A normalização da cadeia de insumos e a menor pressão sobre os preços energéticos justificam esses resultados.

Por sua vez, o custo tributário reduziu em virtude do crescimento do PIB industrial. Conforme a CNI, “foi mais que suficiente para compensar o aumento da arrecadação com impostos federais e estaduais”.

Em queda

Bens intermediários

Custos em queda é tudo o que a indústria espera em 2024. Ainda no segundo trimestre de 2023, houve uma queda de 6,6% nos custos com bens intermediários, ou seja, um recuo nos preços dos importados (-9,2%) e nacionais (-6,2%).

A boa notícia é que o custo com a matéria-prima deixa de ser um dos principais gargalos da indústria. A propósito, o objetivo é obter cada vez mais facilidade para a compra de insumos.

Energia

O que também recuou, neste mesmo período, foi o custo com a energia. Estamos falando de 2,9% a menos nos meses de abril, maio e junho, em comparação aos três meses anteriores.

Segundo a CNI, o custo com o gás natural caiu 2,5% e com o óleo combustível 7,5%. Em contrapartida, o custo com a energia elétrica aumentou 3,3%.

“Esse movimento de alta vem ocorrendo desde o quarto trimestre de 2022 e é consequência do aumento da tarifa média de fornecimento de energia elétrica, mesmo diante das condições favoráveis nos reservatórios das hidrelétricas e da vigência da bandeira verde.”

Capital

6,3%: essa foi a queda do custo de capital no segundo trimestre de 2023. A CNI explica que pode ser um reflexo das restrições nas concessões ou de uma demanda menor por crédito.

Além disso, há também uma redução nas concessões de crédito como recursos livres para capital de giro das pessoas jurídicas em igual período (3,4%).

“Houve também uma pequena queda na taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres para pessoa jurídica, na comparação do segundo com o primeiro trimestre do ano. Apesar da queda do custo com capital, ressalta-se que, no período analisado, a taxa básica de juros, Selic, ainda se encontrava em patamar elevado, de 13,75%.”

Tributação

Conforme citado, o custo tributário reduziu cerca de 0,6% no segundo trimestre ante ao primeiro de 2023.

Segundo a CNI, o crescimento do PIB industrial foi suficiente para compensar o aumento da arrecadação dos tributos. Na mesma época, a arrecadação nominal de IPI e PIS/COFINS cresceu 9,8%, enquanto que a do ICMS cresceu 8,2%.

“Vale ressaltar que esses tributos estão diretamente relacionados à atividade econômica. Portanto, se a economia cresce, a arrecadação desses tributos também cresce”. A saber, o PIB industrial (no período base) cresceu nominalmente 9,4%.

“Ainda que a variação percentual da arrecadação tributária e do PIB industrial estejam próximas, a variação em termos absolutos do PIB industrial foi maior, o que provocou a queda do indicador de custos tributários, uma vez que o PIB industrial é o denominador do indicador.”

Em alta: lucratividade

No terceiro trimestre de 2023, em comparação ao primeiro, de acordo com informações da CNI, o setor industrial apresentou um aumento no índice de lucratividade – 1,2%.

A responsável por essa alta foi o fato da redução dos preços das mercadorias comercializadas pela indústria de transformação (-3,5%) ter sido menor do que a queda dos custos (-4,6%).

Paralelamente, o mercado internacional perdeu competitividade, cerca de 0,9%. Isso porque a redução no custo dos produtos industriais nos Estados Unidos, por exemplo, foi de 5,5%, ao passo em que, no Brasil, foi de 4,6%.