Classificada como setor de alta intensidade tecnológica, segundo metodologia da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a aeronáutica é um celeiro de bons negócios para as indústrias de ferramenta, máquina e equipamento que investem em sofisticados processos de manufatura. Conjuntos e partes estruturais de aeronaves, além de motores e componentes de radiocomunicação e navegação são recebidos pelas grandes integradoras – Embraer, Boeing, Airbus e Bombardier – por meio de uma rede de fornecedores. Para se ter ideia do poderio desse mercado, em 2015, gerou US$ 6,9 bilhões em receita e foi responsável por 79,97% do mercado aeroespacial brasileiro, o maior do Hemisfério Sul, de acordo com AIAB (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil).
Inseridos em um grupo formado essencialmente por micro, pequenas e médias empresas, segundo o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), os fornecedores brasileiros são escolhidos pela capacidade tecnológica, primeiramente. Com a maior oferta do setor em nosso País, a Embraer segue rigorosos critérios de seleção que levam em consideração soluções técnicas, qualidade do produto, proposta comercial, pós-venda, desempenho do fornecedor, experiência, saúde financeira, capacidade de produção e conformidade com o seu Código de Ética e Conduta.
“Quando há demanda abre-se a oferta, por isso depender da Embraer não é legal”, diz o professor da Divisão de Engenharia Mecânica do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Anderson Borille. Como caminho alternativo para diversificar as vendas, ele acredita no potencial na formação de um pool de empresas, em que cada uma entrega uma parte do projeto. Integrar todas as manufaturas é uma oportunidade para entregar soluções mais completas. Inclusive, com isso, amplia-se as chances de colocar em vigor a manufatura avançada que tem a tendência de ser totalmente integrado, com completa comunicação. “É uma agenda estratégica, porém, hoje em dia, ainda está engatinhando. Em um mercado global, ou se atualiza ou morre”, sentencia o professor.
Entenda a cadeia
Reinando no topo da pirâmide do segmento aeronáutico, as integradoras são as responsáveis pelo projeto e desenvolvimento do produto, compra de submontagens e a manufatura final da aeronave. Logo abaixo, começam a aparecer os fornecedores, porém em um nível estratégico devido ao compartilhamento de riscos, de sistema de propulsão e manufatura de estrutura.
O Perfil Setorial Indústria Aeroespacial, produzido pela Serasa Experian, aponta uma terceira camada formada por fabricantes de conjuntos eletrônicos, de sistemas hidráulicos, elétricos e pneumáticos. Por fim, aparecem os fabricantes de componentes e peças, e os fornecedores de matéria-prima. Estar distante da integradora dentro dessa pirâmide, no entanto, pode estar com os dias contados. Isso porque existe uma tendência de adoção de um modelo colaborativo de relacionamento, envolvendo os fornecedores das diversas camadas, com vistas ao compartilhamento de conhecimento sobre os produtos, processos e custos.