Passeando pelo universo de automatização exposto pelas mais de 1.100 marcas da FEIMEC, fica fácil constatar que a robótica já é uma realidade dentro da indústria.

Na logística, porém, o Brasil ainda está engatinhando na utilização de robôs em grande escala na comparação com outros países. Essa foi a primeira constatação de Ricardo Ruiz, da Conexxion, com vasta experiência nesta área em indústrias e no varejo, como o Magalu, onde trabalhou por mais de oito anos.

Em sua apresentação na Arena de Intralogística e Movimentação de Carga no dia 10, o especialista se propôs a responder a pergunta: Robótica para otimizar a intralogística – Já está na hora?

“O empresário precisa considerar a robótica mesmo em operações menores. É a tecnologia mais democrática, porque é mais barata e portátil”, adiantou.

Mitos e fatos

Ruiz elencou os principais fatores limitantes para a robotização na logística e mostrou se eles se justificam ou não:

Custo vs. Ganhos de Produtividade

Mito. Houve um declínio substancial no custo de robôs: 50% nos últimos dez anos, com tendência a continuar caindo de 30% a 50% nos próximos três anos. O custo de aquisição de um robô, hoje, está na faixa de US$ 20-30 mil.

“Para certas atividades, esse custo, mesmo incluindo manutenção e depreciação, rivaliza com o custo da mão-de-obra”, constata.

Limitações para movimentação interna eficaz e segura

Mito. A evolução de laseres e refletores simplificou a necessidade de investimentos em infraestrutura para garantir a movimentação dos robôs de forma segura e eficiente.

“Antes, criar o trajeto para movimentação acabava saindo mais caro que o próprio robô. Isso mudou nos últimos anos. Colocar o robô para rodar dentro da operação ficou mais simples e seguro”, compara Ruiz.

Complexidade de programação e manutenção

Mito. O estágio atual da programação avançada é mais amigável e os hardwares são praticamente “plug and play”, com módulos intercambiáveis.

“Hoje você não precisa de um corpo técnico muito especializado para garantir o funcionamento do robô logístico”.

Lentidão e limitação para manusear formatos diversos e aleatórios

Em parte. Embora a robótica tenha evoluído muito, em operações que lidam com produtos de formatos variados (caixa, rolo, pacote) pode haver certa dificuldade.

“Se, por exemplo, o grosso da sua operação lida com um tipo de embalagem, o robô vai atender essa maior parte, e as demais talvez necessitem de um outro processo, automático ou manual. Robôs servem para muita coisa, mas não para tudo, pelo menos no estágio atual”.

Dificuldade de integração com outros sistemas da operação

Em parte. Pode haver, sim, desafios para integrar o robô de logística com os que exercem outras funções. 

“É possível fazer eles conversarem, organizar o tráfego, mas a tecnologia é complicada e pode exigir profissionais mais especializados”.

Modalidades

Ruiz comparou as características das principais modalidades de logística:

Robótica: altamente configurável, flexível e portátil. Proporciona versatilidade, economia e produtividade para a operação. Adequada para média velocidade e média capacidade.

Automatizada: pouco configurável e pouco flexível. As maiores vantagens são a alta capacidade e velocidade, ergonomia e produtividade.

Manual: média configurabilidade, capacidade flexível e dificuldade média para mudar a configuração. Recomendada para baixos volumes e itens de formato irregular, sensíveis e de difícil seleção. A velocidade é de média para baixa e a capacidade, média.

Como se pode notar, cada modalidade se adequa mais a um tipo de operação. Por isso, orienta Ruiz, o empresário deve analisar e, se for o caso, “fatiar” em etapas e escolher a melhor modalidade para cada etapa.

“Qualquer que seja a escolha, as empresas precisam colocar a robótica na matriz de decisão”, conclui.