O Brasil está colhendo os resultados da guinada na produção de energia eólica dada nos últimos anos. Entre 2009 e 2014, onze leilões contrataram mais de 12 GW em novos projetos. Hoje, a capacidade instalada é de 9 GW, equivalente a uma usina de Belo Monte, e a projeção é de que seja ultrapassada a marca de 18 GW até 2019. Tamanha evolução influenciou diretamente o avanço tecnológico das máquinas, que passaram de 50 para 120 metros de altura e triplicaram a disposição produtiva. Ponto para indústria de máquinas e equipamentos, que somado a isso ainda ganhou vantagem a partir de uma exigência do BNDES para financiamento da construção dos parques eólicos nacionais.

Em vigor desde dezembro do ano passado, a medida pede que cada uma das quatro partes dos aerogeradores (torre, pás, nacele e hub) tenha, pelo menos, 70% de material local. “A cadeia produtiva tem demandado muito em máquinas. Há muito espaço para conectores dos materiais e subcomponentes como fixadores e âncoras”, diz Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). Em efeito dominó, quem também irá beber dessa fonte é a indústria do aço, produtora da principal matéria-prima dos equipamentos eólicos: o aço.

“Há muito espaço para conectores dos materiais e subcomponentes como fixadores e âncoras”

Não seria exagero dizer que agora os fornecedores do mercado verde-amarelo estão com a faca e o queijo na mão para aproveitar as oportunidades de negócios que vêm dos ventos. Basta passar os olhos pelos números do setor. Dados de abril, fornecidos pela Associação, apontam 369 usinas instaladas, investimentos superiores a R$ 15 bilhões por ano nos últimos dois anos e participação da fonte na nossa matriz elétrica é na casa de 6% (quinta posição, atrás de hidrelétrica, biomassa, gás natural e óleo) com projeção de alcançar 10% em 2020. Além disso, esse segmento é responsável pelo abastecimento de 15,5 milhões de residências e por 130 mil empregos.

Os parques estão, principalmente, na região Nordeste, nos estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Piauí e Pernambuco, mas já começam a despontar nos gráficos de acompanhamento estados da região Sul, com vantagem para o Rio Grande do Sul. “A indústria de máquinas e equipamentos está, predominantemente, no Sudeste. Contudo, depois de 2010, passaram a se desenvolver no Nordeste”, analisa Elbia.