Atualmente, o que as indústrias mais querem é otimizar processos, reduzir custos e aumentar a eficiência operacional. Para isso, uma das opções é a terceirização industrial. É preciso, porém, fazer as melhores escolhas e optar pelos parceiros certos. Como evitar problemas futuros?

Esse conteúdo do Portal A Voz da Indústria traz informações a respeito. Confira todos os pontos abaixo e como é possível vencer os desafios nessa jornada.

O que é a terceirização industrial?

Trata-se da contratação de fornecedores externos para desempenhar tarefas que antes ficavam a cargo de um colaborador. Ou seja, um acordo entre duas empresas: contratante e contratada. A terceirização industrial pode compreender todos os processos de uma organização – desde a fabricação, estocagem industrial até o suporte técnico especializado aos clientes.

Qual é o objetivo dessa opção? A terceirização contribui para que a gestão de uma empresa possa focar suas habilidades em estratégias para a expansão da marca, ao passo em que as demais atividades são desempenhadas pelos parceiros. 

Segundo a CWBem, a terceirização gera vantagens para as empresas melhorarem suas próprias estratégias de negócio e o desenvolvimento das atividades. Ela torna os processos mais eficazes e competitivos, capazes de permitir à empresa desenvolver habilidades e excelência técnica em suas operações de produção.

Além disso, a terceirização movimenta a economia. O próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que o setor de serviços é um dos que mais emprega no Brasil. A saber, em 2022, ano da última pesquisa feita pelo instituto, foi registrado um total de 14.203.443 profissionais na ativa. Na realidade, a terceirização contribui significativamente para a criação de empregos formais, além de impulsionar a expansão de negócios e até o surgimento de novas empresas.

Os quatro pontos principais da terceirização industrial

A terceirização pode render inúmeras vantagens às indústrias. Mas as principais são listadas abaixo:

1. Redução de custos operacionais

A redução de custos na indústria é um dos benefícios da terceirização industrial porque na contratação de um fornecedor, a empresa não precisa se preocupar com folha de pagamento e demais encargos, por exemplo. 

Ou seja, custos fixos acabam se tornando variáveis e a empresa pode fazer ajustes conforme a demanda. Como resultado, se tem mais flexibilidade financeira e possibilidade de aumento de caixa.

2. Foco nas estratégias

Conforme falamos a pouco, ao optar pelo trabalho de terceiros, a gestão industrial consegue se dedicar melhor ao que precisa de alguma atenção especial. Por exemplo, o marketing, as vendas, as relações públicas, etc.

3. Expertise

Quando uma organização escolhe a terceirização industrial tende a poder contar com especialistas na respectiva atividade. Com isso, tem acesso às melhores e mais modernas tecnologias, know-how específico e processos qualificados.

4. Escalabilidade

Além das três vantagens supracitadas, a terceirização industrial traz a possibilidade de ajustes na linha de produção, conforme a demanda e/ou sazonalidade. Ou seja, não é necessário investir grandes valores. Com isso, é possível administrar melhor as entradas e saídas.

Quais são os tipos de terceirização industrial?

A principal característica da terceirização industrial é que ela pode ser adaptada conforme a necessidade da empresa contratante. Dentro disso, temos três modalidades: 

  1. Subcontratação total;
  2. Subcontratação parcial;
  3. Terceirização de serviços especializados. 

A primeira modalidade é caracterizada quando toda a linha de produção é terceirizada e os colaboradores da empresa contratante trabalham apenas para gerir e comercializar os produtos. Enquanto isso, a subcontratação parcial acontece quando partes específicas da linha de produção são contratadas. Entre elas, montagem, inspeção, movimentação e armazenagem na indústria,  etc. 

Já a terceirização de serviços especializados diz respeito a profissionais com expertise em trabalhos coordenados, como TI, segurança, limpeza, manutenção, controle de qualidade, entre outros. São aqueles sem ligação direta com o core business da companhia.

Por que sua terceirização industrial tem problemas?

Da montagem à manutenção, passando pela inspeção de estruturas metálicas e chegando à automação: a terceirização não tem mais volta para as indústrias. Cerca de 70% delas contam ou contaram, nos últimos três anos, com prestadores de serviços, segundo a Sondagem Especial da CNI (Confederação Nacional da Indústria). 

Em contrapartida ao alto volume de processos, é comum que a contratante enfrente dificuldades como qualidade menor que a esperada, risco produtivo e insegurança jurídica.

Problemas aparecem, normalmente, quando a terceirização não é feita em conjunto entre as áreas demandante e de suprimento, pois cada uma tende a levar em consideração medidas distintas. 

Enquanto um lado está inclinado ao quesito técnico, o outro tem como referência o valor do contrato. Aqui, o desafio é equilibrar os dois pesos sob a máxima “ser bem atendido com o menor custo”. Confira cinco motivos que dão dor de cabeça à indústria e fuja deles.

Escolha errada do fornecedor

A percepção de entregas aquém da expectativa leva à análise do processo de contratação da prestadora de serviços terceirizados e pode concluir que a escolha não foi das melhores. Para avaliar um pouco melhor se a escolha foi certa ou errada, o coordenador de Consultoria em Gestão e Processo Produtivo do SENAI-SC, Rodrigo Kurek, aponta quatro critérios que levam ao parceiro ideal.

1 – Inquestionável reputação entre os clientes atendidos.

2 – Estrutura disponível para absorver o volume de atividades terceirizadas.

3 – Histórico de atendimento de processos similares ou para o seu segmento.

4 – Flexibilidade e fácil acesso às informações de gestão dos processos terceirizados.

Refém do fornecedor

Se a prestadora dos serviços detém equipes multidisciplinares que consigam absorver as especificidades de mais de um processo, é pertinente aceitar que ela acumule mais de uma etapa produtiva em sua indústria, assim há ganho no contrato em escala maior. 

Contudo, redobre a atenção aos riscos atrelados e questione “em caso de falência do fornecedor, os impactos em mais de uma frente são possíveis de serem amenizados com agilidade?”.

Dificilmente quem oferece tudo é especialista em tudo, então prefira entregar de duas a três atividades para a mesma prestadora de serviços. Quanto mais parceiros com focos específicos, melhor.

Falta de avaliação periódica

Ter uma política de terceiro bem delineada dá parâmetros para avaliar constantemente o desempenho do fornecedor e analisar se o que foi prometido em contrato está sendo desempenhado.

Um passo importante para isso é formatar um manual que indique os níveis de serviço (SLA) e o escopo do trabalho, por exemplo. “É a ação preventiva de risco que leva a um bom processo de gestão da técnica, do contrato e do terceiro”, diz Adriano Dutra da Silveira, consultor de gestão de risco da terceirização da Level Group.

Ter uma política de terceiro bem delineada dá parâmetros para avaliar constantemente o desempenho do fornecedor e analisar se o que foi prometido em contrato está sendo desempenhado

Distração na área técnica

A principal finalidade da terceirização é permitir que a indústria canalize seus esforços na gestão dos processos estratégicos para o negócio, usando ao máximo os conhecimentos específicos de seus colaboradores para alcançar um diferencial competitivo na indústria

Logo, não é inteligente usar o tempo de um profissional da área demandante para gerir contratos, pois assim são geradas distrações desnecessárias e o desempenho estratégico pode ficar comprometido. A ele cabe o que mais entende: a gestão técnica do serviço.

Falta de atenção às questões trabalhistas

Você já ouviu falar em casos de empresas tomadoras de serviços responsabilizadas a ressarcir obrigações trabalhistas não executadas pela terceirizada? Essa situação causa tanto arrepio no mercado que 83,4% das indústrias de grande porte e 77,3% das de médio porte verificam o cumprimento dos encargos dos empregados da contratada, de acordo com a Sondagem da CNI.

“É prudente que no momento da contratação a empresa se certifique que a terceirizada tenha respeitada e quitada todas as suas obrigações trabalhistas e que possua saúde financeira suficiente para cumpri-las”, informa Carlos Kurtz, diretor jurídico da FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina).

Quais são os problemas que uma indústria pode ter com a terceirização?

Embora a terceirização apresente diversos benefícios, algumas empresas enfrentam certos problemas. Os mais comuns são: a escolha errada do fornecedor, contratos mal elaborados e dependência exclusiva de um único parceiro, falta de coordenação e inspeção nos serviços contratados e distração da área responsável por avaliar a respectiva entrega. 

Também pode ser grave a falta de atenção a algumas questões trabalhistas, que são fundamentais, uma vez que a terceirização não exclui responsabilidades. 

É essencial evitar ações judiciais. É importante lembrar que a empresa terceirizada deve estar corretamente registrada com um CNPJ e na Junta Comercial. A fornecedora terceirizada é responsável por aplicar todos os direitos aos seus colaboradores. Já a contratante tem como missão supervisionar se as obrigações estão sendo cumpridas.

Como escolher o melhor fornecedor?

Alguns critérios para o sucesso da terceirização industrial envolvem a consideração de quatro fatores.

  1. É preciso avaliar a empresa e sua credibilidade no mercado;
  2. Além disso, conferir se ela possui certificações e cumpra com regulamentações aplicáveis ao setor de atuação;
  3. É importante ainda certificar se esse fornecedor tem flexibilidade para cumprir o que está em contrato, inclusive, se pode atender variações de demanda;
  4. E os contratos são cruciais. Os termos dispostos devem ser claros e objetivos, de modo que todos os envolvidos cumpram com prazos, qualidade, etc.

Além desses quatro fatores, a terceirização deve incluir algumas práticas para gerar benefícios. Entre elas, temos: monitoramento contínuo do desempenho do fornecedor (pode-se usar KPIs), a priorização por parcerias de longo prazo para adquirir confiança, investimento em comunicação aberta, clara e objetiva e a realização de auditorias e fiscalizações periódicas. 

Muitas empresas, especialmente do setor industrial, perceberam que seus concorrentes conseguiram aprimorar suas etapas de produção ao terceirizar determinadas atividades.

Como vemos, a terceirização industrial deve ser bem formulada para ser efetiva. Se for assim, é possível obter resultados positivos e melhorar a competitividade. Escolher bons parceiros é a principal medida para evitar problemas a longo prazo. 

Continue no Portal A Voz da Indústria e aproveite outras dicas para elevar os resultados da sua empresa.