O processo de usinagem híbrida vem ganhando destaque na Indústria contemporânea. Isso porque o procedimento une a usinagem tradicional com o sistema de manufatura aditiva. Ou seja, máquinas que possibilitam adicionar materiais em peças ou componentes pelo processo aditivo. Ao mesmo tempo, no mesmo maquinário, também permitem usinar o material adicionado.
“Esse conceito começou no Japão, na década de 1980, e foi tomando uma proporção muito grande na indústria. A partir de estudos, essa adição de material chegou aos metais”, conta o mestre em engenharia mecânica do curso de Tecnologia em Processos de Usinagem da Escola Senai Feliz Guisard de Taubaté, Júlio Cesar dos Santos. “Esse processo é muito importante para a área de fabricação de moldes, pois eles, juntamente com as matrizes, têm um desgaste que é normal com o uso e é preciso fazer uma reposição de material para o conserto desses moldes”, comenta.
Usinagem híbrida: subtração e adição juntas
Cabe ressaltar, ainda, que a manufatura híbrida envolve dois processos fundamentais. O primeiro é a subtração (ou retirada) de material, que é a usinagem propriamente dita. O segundo é a adição de material em um mesmo equipamento, que faz parte da manufatura aditiva.
“Esta tecnologia visa atender a constante demanda da indústria nacional com soluções que proporcionem aumento de produtividade e eficiência. A linha de Centros de Usinagem Romi Hybrid combina as operações de usinagem e manufatura aditiva, permitindo a adição de diversos materiais em perfis complexos”, destaca o gerente de Desenvolvimento de Produtos das Indústrias Romi S.A, Douglas Alcântara.
Benefícios e cenário nacional
Um dos principais pontos positivos desse tipo de usinagem é a eficiência no uso do material. Isto inclui o aspecto ambiental, com a redução do desperdício, e a alta flexibilidade quanto ao tamanho da peça produzida. Isso porque, com o uso da máquina, a produção não se limita ao pequeno volume útil dos equipamentos de impressão 3D metálica. Além disso, há liberdade geométrica e altos níveis de precisão e repetibilidade.
Em aplicações específicas, a usinagem híbrida se mostrou bastante benéfica, uma vez que não transmite altas temperaturas para a peça. Dessa forma, evita trincas e permite a recuperação de moldes e a manutenção de
peças de alto valor agregado com ótima relação custo-benefício.
O aspecto econômico também deve ser considerado. Tendo em vista que materiais de custo elevado (como Aço Inox 316L e ligas de Inconel) interferem ainda mais no custo final da peça, é importante citar que, sendo trabalhados pela usinagem híbrida, observa-se uma melhoria da eficiência mecânica sem o aumento excessivo dos custos. “É possível adicionar um material mais nobre em pontos determinados ao substrato de um material comum e usinar uma determinada peça, saindo pronta da máquina já com esse material adicionado, incluindo o acabamento. Se a peça inteira tivesse de ser usinada apenas com o material nobre, ela seria muito mais cara”, salienta Jefferson Melo, coordenador de Sistemas Fabris da Fundação CERTI.
Apesar de ser um processo extremamente benéfico, a usinagem híbrida ainda não está em funcionamento no Brasil. A Romi apresentou em 2017, durante um evento do setor, uma máquina nesse perfil. Porém, nenhuma foi adquirida pela indústria brasileira. Ou seja, esse é uma oportunidade em aberto, aguardando os pioneiros do setor.