As máquinas possuem um papel fundamental nos mais diversos tipos de indústrias, principalmente devido à capacidade de elevar a produtividade. Porém, há vários relatos de incidentes envolvendo trabalhadores que alimentam tais máquinas de forma manual.

Como solução, muitas empresas estão optando pela adoção de soluções tecnológicas, com destaque para os cobots (robôs colaborativos). 

Eles surgem como uma ótima alternativa, pois trazem muitos benefícios relacionados à segurança do trabalho.

Para entender melhor sobre os benefícios dos robôs colaborativos, conversamos com Bruno Zabeu, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Universal Robots na América do Sul, empresa dinamarquesa líder na produção de braços robóticos industriais colaborativos.

Acidentes com máquinas ainda são elevados nas indústrias brasileiras

As máquinas possuem papel fundamental nos mais diversos tipos de indústrias. Porém, à medida que cresce o uso de diferentes máquinas, crescem também os relatos de incidentes envolvendo trabalhadores acidentados enquanto trabalham com elas.

Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho da Secretaria Especial do Trabalho e do relatório Radar SIT do Ministério do Trabalho e Previdência, a cada 49 segundos um trabalhador se machuca no Brasil. 

Além dos problemas ergonômicos ocasionados pelas tarefas repetitivas e monótonas, eles sofrem também com muitos riscos significativos relacionados à manutenção de maquinários pesados e com a alimentação manual desses equipamentos.

Diante disso, há muitos desafios que precisam ser abordados e superados pela indústria, que precisa adotar estratégias para reduzir a quantidade de acidentes, protegendo o bem-estar do colaborador e toda a operação.

Neste contexto, os cobots surgem como uma alternativa que pode “trabalhar” em parceria mútua com os trabalhadores, auxiliando-os em tarefas repetitivas e perigosas.

Por que substituir a alimentação manual pelo processo realizado por cobots?

Quando falamos da alimentação manual de máquinas, Bruno Zabeu destaca que é preciso entender que esse processo demanda muito da saúde dos trabalhadores.

“Essa é uma atividade que exige que as pessoas fiquem o turno inteiro na frente de uma máquina colocando insumos brutos e retirando produtos acabados.”

Quando as peças são mais pesadas, o operador precisa colocá-la na castanha/local apropriado para a máquina realizar o processo, e muitas vezes é necessária uma inclinação do tronco, o que força a lombar, ombros e outras partes do corpo.

Para Zabeu existe também o oposto. “Quando a peça é muito pequena, é preciso fazer movimentos de pinças com os dedos da mão e isso gera um enorme risco do desenvolvimento de LER (Lesões por esforços repetitivos) nos punhos por manusear objetos delicados”.

Portanto, o ato de automatizar a alimentação de máquinas tem tudo a ver com a ergonomia. Os cobots são os grandes protagonistas dessa automatização.

Cobots são excelente solução para indústrias

Mesmo com os recentes avanços, boa parte das indústrias brasileiras ainda não adequaram suas máquinas. 

Isso significa que os operadores conseguem abrir a porta enquanto uma máquina está trabalhando. Consequentemente, podem facilmente se machucar e/ou causar um dano irreversível à integridade humana. 

Diante disso, Zabeu destaca que os cobots – ou robôs colaborativos – eliminam esse tipo de problema, podendo trabalhar lado a lado com os colaboradores sem representar nenhuma ameaça. 

“Ao ajudar os colaboradores em atividades repetitivas e monótonas, eles permitem retirá-los dessas tarefas potencialmente perigosas, realocá-los para atividades mais estratégicas.”

Além disso, o processo automatizado de Machine Tending é interessante porque também permite ganhos de produtividade.

A máquina pode ser a mais produtiva do mundo, mas se depender do operador para colocar/tirar peça e apertar ‘play’, sempre vai depender da disponibilidade da pessoa em frente à máquina”, opina Zabeu. 

Com o processo automatizado, a máquina vai trabalhar de forma ininterrupta. Há inclusive alguns estudos que comprovam produtividade de 13 a 25% a mais quando comparada ao processo manual.

Vantagens do uso de cobots na alimentação automatizada de máquinas industriais

Em um contexto tão tecnológico e inovador como o vivido atualmente, é inconcebível colocar a vida das pessoas em risco desnecessariamente. Cabe aos cobots reduzir e contribuir com essas pessoas e evitar riscos.

Seu uso traz ainda mais produtividade, qualidade para os processos e diversos outros benefícios relacionados à segurança do trabalho, causando uma verdadeira revolução na realidade da indústria.

Além disso, o Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Universal Robots salienta que os cobots trazem ainda diversas vantagens frente à robótica clássica, como:

Otimizam o espaço de trabalho: 

Os robôs colaborativos ocupam uma área muito pequena (cerca de 1-2m²). “Levando em consideração que o m² fabril ocioso custa caro para uma empresa, essa é uma grande vantagem”, destaca;

Eficiência Energética: 

Um cobot pode consumir de 300-500W, comparado a 2.000kW na robótica clássica. Portanto, é um fator que colabora com uma indústria mais sustentável;

Colabora com a globalização do aprendizado: 

Quando falamos de Sociedade, o cobot é uma ferramenta de fácil e rápido aprendizado, que colabora com a globalização do aprendizado da disciplina, tornando muito simples o uso da tecnologia. 

Assim, ao invés de termos operadores que realizam trabalhos altamente repetitivos e monótonos, os transformamos em operadores de robôs que irão trabalhar reconfigurando o cobot para atender às demandas produtivas. 

Assim, reduzimos naturalmente o turnover nas empresas e conseguimos trazer muito mais motivação profissional com uso da tecnologia”, complementa Zabeu.

Para o especialista, este tipo de aplicação é uma das mais recorrentes e realizada pelos cobots, visto a quantidade de processos existentes em praticamente todos os segmentos industriais.

Existem nomes diferentes (carga/descarga, alimentação de máquinas, escravos de jó, põe trem/tira trem), mas o processo é o mesmo”, opina. 

Dessa forma, a automação deste processo possui inúmeros benefícios e pode ser aplicada em qualquer tamanho de empresa.

Cobots para uma indústria mais sustentável

O conceito dos cobots se tornou fundamental nessa e na próxima revolução industrial. Sua adoção pelas indústrias também mostra que elas estão atentas à pauta ESG.

Quando falamos de Environment, temos um robô que consome pouca energia e não possui consumíveis nas juntas, comum nos clássicos, que precisam de graxa e troca de correias a cada 10 mil horas. 

Já no quesito Social, há a questão de tirar o operador de uma tarefa ingrata, perigosa e, às vezes, desumana, para uma função mais nobre e satisfatória. E com relação à Governança, há toda uma questão de equiparidade de gênero e idade.

Ainda sobre a questão ambiental, Bruno Zabeu ressalta que os cobots causam redução no volume de resíduos gerados.

“Ao executarem tarefas de forma mais precisa e consistente, os cobots minimizam erros e desperdícios de material, diminuindo a quantidade de resíduos gerados no processo de produção.”

Ou seja, a colaboração entre seres humanos e máquinas se tornará uma característica central no novo cenário industrial. As empresas que não adotarem essa abordagem certamente ficarão para trás!

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