Na esteira do avanço dos eletrificados, o mercado de carros elétricos (BEV) continua surpreendendo no Brasil, com recordes consecutivos de vendas.
Durante todo o ano de 2023, as vendas atingiram um patamar recorde de quase 94 mil unidades, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Segundo a ABVE, os resultados de 2023 indicam uma transformação no mercado de veículos eletrificados no Brasil, impulsionada pelos veículos plug-in (com recarga externa das baterias), que representaram 56% das vendas no ano.
Para 2024, as vendas devem passar de 150 mil unidades, prevê a ABVE.
O presidente da entidade, Ricardo Bastos, projeta um aumento de 60% nos emplacamentos sobre os já excelentes números de 2023, batendo todos os recordes da série histórica da ABVE e superando as previsões mais otimistas.
Carros elétricos estão caindo no gosto do brasileiro
Não há como contestar, a presença de carros elétricos nas ruas brasileiras é mais comum a cada dia. Estes veículos estão caindo no gosto das pessoas que apreciam tecnologia, estão preocupadas com o meio ambiente e comemoram o baixo preço. Já é possível encontrar modelos em torno de 150 mil reais.
“O veículo elétrico já caiu no gosto do consumidor brasileiro, e essa tendência se confirma ano após ano”, disse Bastos que reforça: “Continuaremos a crescer em 2024”.
Em sua avaliação, o mercado de eletrificados seguirá num ritmo intenso mesmo com o aumento do Imposto de Importação de veículos elétricos e híbridos anunciado pelo governo federal a partir de janeiro.
Para o futuro próximo, a expectativa é que os carros eletrificados continuem caindo no gosto popular, tanto pela estratégia das montadoras, que estão pendendo para a eletrificação total de suas frotas, quanto pela própria eficiência deste tipo de propulsor, que vem se mostrando competitivo e muito econômico.
Vendas de veículos plug-in (PHEV) se destacam
Segundo a ABVE, o comprador continuará a dar preferência aos veículos plug-in (com recarga externa das baterias), que são mais econômicos e têm maior eficiência energética.
“Acredito que em 2024 o mercado seguirá a mesma evolução do final ano passado, optando por tecnologias de zero ou baixa emissão, com um mix em torno de dois terços de veículos plug-in (PHEV e BEV) e um terço de híbridos convencionais (HEV)”, salienta Ricardo Bastos.
Essa tendência já tinha ficado clara nos números de 2023 e deve se consolidar em 2024.
Segundo a ABVE Data, os veículos plug-in representaram 56% das vendas de eletrificados leves em 2023, com 52.359 unidades, superando os HEV a gasolina e HEV flex (41.568), que até 2022 dominavam o mercado.
Já em dezembro, os plug-in atingiram nada menos do que 70% das vendas totais de eletrificados (11.371, de um total de 16.279).
Programas governamentais podem impulsionar os veículos elétricos
Com a popularização dos carros elétricos no Brasil, os governos federal, estadual e municipal estão se movimentando e buscando incentivos à eletrificação.
Neste contexto, Bastos acredita que o Programa Mover – Mobilidade Verde e Inovação, anunciado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) no final de dezembro, contribuirá para dar um sólido horizonte de crescimento ao mercado de eletrificados e aos investidores.
“Minha avaliação é que teremos boas surpresas a partir deste ano, com mais empresas anunciando planos firmes de produção de veículos elétricos no Brasil, atraídas pelos incentivos à eletromobilidade previstos no Mover” – disse.
Diante disso, Bastos segue otimista. “A eletromobilidade já é um fenômeno irreversível também no Brasil”.
Há ainda outras medidas governamentais importantes. Elas funcionam como incentivos diretos ao consumidor e estão sendo concedidos pelos governos estaduais, especialmente com alíquotas diferenciadas de IPVA e ICMS.
Tais medidas podem estimular os negócios ligados à eletrificação e, consequentemente, as economias dos Estados.
“A eletromobilidade terá um efeito muito positivo para toda a indústria brasileira, gerando empregos, alocando novos investimentos e trazendo tecnologia inovadora para o país”, concluiu o presidente da ABVE.
Desafios a serem superados
Apesar dos ótimos resultados e excelentes perspectivas, a maior difusão dos carros elétricos no Brasil ainda enfrenta alguns desafios, principalmente a falta de infraestrutura de recarga.
Ainda que grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, possam construir pontos de carregamento, o cenário torna-se mais desafiador quando se fala de estradas, sobretudo quando se considera a extensão territorial e a precariedade da infraestrutura já existente.
Dessa forma, a expansão e a padronização das estações de recarga são essenciais para oferecer conveniência e acessibilidade dos carros elétricos, eliminando a chamada “ansiedade da autonomia”.
Esse sentimento está relacionado ao medo de que a bateria de carros elétricos seja insuficiente para cumprir um determinado percurso.
Mas, com o avanço da tecnologia e a popularização do carro elétrico, naturalmente os investimentos em infraestrutura de recarga vão crescer.
O crescimento da demanda dos elétricos vai exigir a adaptação da indústria automotiva nacional, entenda o cenário.