A globalização e as revoluções na indústria foram fatores decisivos para o processo industrial. Como efeito dessas ações, houve uma grande onda de imigração no mundo todo. Neste contexto, a Alemanha e o Japão receberam muitos desses imigrantes, que se tornaram a base para o rápido crescimento econômico nos dois países.
Quando a proporção de crianças (0 a 14 anos) na população total é inferior a 30% e a de idosos (65 anos ou mais) é inferior a 15%, espera-se que a economia cresça drasticamente. Esse período de potencial de crescimento é chamado de janela demográfica de oportunidade.
De acordo com Conselho Nacional de Inteligência (2012), a janela da Alemanha começou antes de 1950 e terminou em 1990; no Japão, esse período foi de 1965 a 1995; nos Estados Unidos de 1970 a 2015; e na China, de 1990 a 2025. Esses números mostram que países desenvolvidos como Alemanha e Japão estão, atualmente, posicionados em uma fase pós-janela.
Porém, é necessário um iniciador de crescimento econômico. Dentro da realidade, essas sociedades enfrentam problemas que podem causar desafios sociais associados a uma força de trabalho madura e a máquinas e infraestrutura envelhecidas.
Além disso, declínios de produtividade podem ser esperados em uma população mais idosa devido a diminuição da visão, força física e capacidade reativa. No Japão, por exemplo, os acidentes ocorrem, cada vez mais, como resultado de erro do operador e/ou deterioração da máquina. Esses problemas estão sendo tratados com a implementação de ações de indústria 4.0.
Na sociedade, esses países estão se voltando para as tecnologias digitais, como, por exemplo, sistemas Ciber-Físicos (CPS), Inteligência Artificial (IA) e a própria robótica. Esses mecanismos de crescimento da próxima geração estão sendo apoiados por iniciativas como a indústria 4.0 na Alemanha e a sociedade 5.0 no Japão. Ambas as iniciativas visam resolver problemas sociais e estimular o crescimento econômico com o objetivo final de criar uma sociedade centrada no homem, que integre o espaço cibernético e físico para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU). Esse processo de mudança é acelerado ainda mais pela IA e pelo Machine Learning (ML) em particular.
A tecnologia de robôs equipados com IA está sendo, cada vez mais, introduzida em sistemas de manufatura para obter alto desempenho e produzir produtos de alta qualidade a baixo custo. Mas até que ponto a tecnologia de robôs de IA influenciará os seres humanos a longo prazo?
Seguir o caminho mais fácil para introduzir essa tecnologia pode ter efeito negativo na proficiência humana. Isso pode ocorrer porque os humanos podem se acostumar a uma situação em que não precisam empregar nenhuma habilidade no processo de fabricação. Precisamos considerar a possibilidade dessa evolução na tecnologia de robôs de IA e um declínio correspondente nas habilidades humanas, para, assim, trabalhar no desenvolvimento de soluções para essa questão.
Uma possibilidade é construir um sistema de gerenciamento para implementar uma harmonização sistemática que possa arbitrar os dois lados. Além disso, também é necessário o aprimoramento das habilidades dos trabalhadores por meio de treinamentos.
Espera-se que as novas ferramentas tecnológicas ajudem a resolver esses desafios sociais. Aplicando essas tecnologias haverá um impacto e uma transformação social, uma vez que executam tarefas cognitivas de rotina que antes eram de domínio dos seres humanos.
A transformação digital pode permitir uma cooperação, um sistema de manufatura centrado no homem, no qual os humanos se concentram na melhoria das habilidades e criam, continuamente, trabalho de alto valor agregado. Revitalizando, assim, a interação homem-máquina, e permitindo que ambos possam desempenhar seu papel na sociedade digital.
Por fim, devemos trabalhar para fortalecer o interesse público na sociedade digital, compartilhar conhecimentos adquiridos a partir das interações entre humanos e máquinas, e estabelecer uma sociedade sustentável que concentra-se no bem-estar humano.
Essas discussões envolvendo países que são potências em determinadas áreas podem servir como um aprendizado importante para estimular o progresso tecnológico, econômico e social no Brasil, pois assim é possível adquirir conhecimento advindos de análises realizadas em cooperação internacional de duas potências mundiais e aplicar as melhores práticas na indústria nacional.