Depois de anos de debates, a tão esperada Reforma Tributária começa a sair do papel e deve inaugurar um novo momento para o setor produtivo brasileiro. Com isso, a indústria nacional se vê diante de um cenário que exigirá atenção redobrada às mudanças no sistema de tributos e à adaptação de seus processos internos.

Embora muitos ainda associem a Reforma Tributária apenas ao setor fiscal, os impactos da nova tributação para a indústria vão muito além. A adaptação exigirá movimentações em áreas como TI, jurídico, compras e gestão de dados.

Além disso, sistemas de ERP precisarão ser atualizados, cadastros revisados e processos internos revistos para garantir o correto aproveitamento de créditos e o cumprimento das novas obrigações.

Mas, afinal, quais são as principais mudanças previstas para a indústria na nova Reforma Tributária? Confira a seguir na nossa matéria completa!

Quais são as principais mudanças previstas para a indústria na nova reforma tributária?

Uma das principais novidades é o fim da cumulatividade em toda a cadeia produtiva. Na prática, isso significa que as indústrias terão direito a créditos mais amplos sobre insumos adquiridos, o que pode beneficiar empresas com cadeias longas de produção.

Por outro lado, o controle e a apuração desses créditos exigirão maior precisão nos cadastros de produtos e fornecedores, além de sistemas integrados para garantir conformidade com as novas regras.

Outra mudança importante é a adoção do princípio do destino, em que o imposto passa a ser recolhido no local de consumo, e não mais na origem. Esse modelo tende a reduzir a chamada “guerra fiscal” entre estados, mas pode gerar impactos no planejamento logístico e na formação de preços, principalmente para indústrias com operações interestaduais.

Além disso, a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) trará novos formatos de declaração e obrigações acessórias. As empresas precisarão revisar processos, investir em capacitação das equipes e reestruturar seus sistemas de compliance fiscal.

Impactos fiscais: o que muda no novo sistema tributário?

O novo sistema tributário impacta diretamente margens de lucro, estratégias de precificação e obrigações fiscais das indústrias.

Com a substituição dos atuais tributos pelo IVA, o recolhimento passa a ser mais transparente, o que, por um lado, traz mais previsibilidade, mas também aumenta a exposição de eventuais falhas na apuração de créditos e no controle de obrigações.

As margens de lucro podem sofrer variações significativas. Empresas que hoje acumulam créditos não aproveitáveis poderão se beneficiar financeiramente, enquanto aquelas que dependem de incentivos fiscais regionais podem perder competitividade.

Além disso, o impacto real vai muito além do departamento contábil, pois afeta diretamente:

  • Os sistemas de tecnologia;
  • Os processos internos;
  • As estratégias de marketing;
  • A cadeia de fornecedores;
  • E até os modelos societários.

O período de transição será gradual, mas exigirá atenção constante às regulamentações complementares que ainda estão por vir.

“Diferentemente do que muitos pensam, a reforma tributária já começou e quem subestimá-la e não se preparar, corre o risco de perder mercado ou até de fechar as portas” — Alerta Carlos Henrique Girão, presidente do Comitê Especial da Reforma Tributária da FCCE

[Fonte: https://www.contabeis.com.br/]

Quais são os principais impactos operacionais e estruturais da nova política tributária?

A entrada em vigor da nova política tributária exigirá uma série de ajustes operacionais por parte das indústrias. Um dos primeiros pontos de atenção é a readequação dos sistemas de gestão, como:

  • ERPs;
  • Plataformas de emissão de nota fiscal;
  • E módulos contábeis.

Isso porque, a correta aplicação do novo modelo tributário depende da atualização desses sistemas para refletir regras, alíquotas e obrigações acessórias do IVA.

Além disso, contratos comerciais e políticas internas deverão ser revistos, visto que a alteração na forma de incidência dos tributos pode influenciar cláusulas de precificação, repasse de custos e acordos de fornecimento.

Outro desafio será o alinhamento interno. A implementação das mudanças exigirá treinamentos para equipes fiscais, contábeis, jurídicas e operacionais, além de reforçar a integração entre setores. A comunicação entre áreas será fundamental para garantir que a empresa esteja preparada para manter a operação fluindo sem rupturas durante o período de transição.

Como a indústria pode se preparar para a nova configuração de tributos?

Para evitar riscos e garantir uma boa transição, as indústrias devem adotar uma abordagem estruturada e antecipada. Pensando nisso, reunimos algumas orientações práticas para você que quer preparar sua organização com estratégia e segurança!  Veja os principais passos:

  • Mapeamento de processos: identificar todos os fluxos que envolvem incidência de tributos, desde a compra de insumos até a entrega do produto final, é o primeiro passo para entender onde as mudanças terão maior impacto.
  • Capacitação de equipes: é fundamental que os profissionais das áreas fiscal, contábil, jurídica e operacional estejam atualizados sobre as novas regras e saibam como aplicá-las no dia a dia.
  • Atualização tecnológica: sistemas de ERP, emissão de notas fiscais, controle de créditos e gestão contábil devem ser adaptados para garantir conformidade com o novo modelo de tributação.
  • Revisão contratual: contratos com fornecedores, distribuidores e parceiros devem ser reavaliados à luz da nova legislação, especialmente aqueles que envolvem precificação, repasse de tributos e regimes especiais.
  • Planejamento tributário preventivo: analisar cenários futuros e entender os efeitos da reforma no fluxo de caixa e na carga tributária da empresa é essencial para tomar decisões assertivas.

Além dessas ações, vale destacar a importância de investir em tecnologia, promover treinamentos contínuos e manter o acompanhamento constante das regulamentações complementares, que ainda serão definidas nos próximos meses.

Contar com o apoio de uma consultoria estratégica para reforma tributária  pode fazer a diferença nesse processo. Além de oferecer direcionamento estratégico, esses profissionais acompanham de perto a evolução das regulamentações, orientam a implementação das mudanças e ajudam a indústria a ganhar agilidade e segurança na adaptação.

Conclusão

A transição para o novo sistema tributário é um dos processos mais complexos já realizados no Brasil. Por isso, a transição será feita de forma gradual, permitindo que ajustes e correções sejam realizados ao longo do caminho.

A proposta tem como objetivo tornar a tributação mais simples, corrigir distorções históricas e ampliar a transparência no processo de arrecadação. A expectativa é de que a reforma contribua para um ambiente de negócios mais equilibrado e uma carga tributária distribuída de forma mais justa.

Para que isso aconteça, será necessário um esforço coordenado entre setor público, empresas e contribuintes. 

Mas, podemos dizer que as empresas que começarem a se preparar antes mesmo da implementação oficial terão uma vantagem competitiva importante, conseguindo ajustar seus processos com mais calma e segurança, além de minimizar riscos durante a transição.