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Notícias da China: lições do pragmatismo chinês

Article-Notícias da China: lições do pragmatismo chinês

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Nesta pandemia, tivemos vários ataques de nostalgia.  Um deles foi o das feiras de negócios. Um tanto barulhentas, um tanto difíceis de estacionar, complicadas de focar a atenção em alguma coisa por mais de 2 minutos. Mas ainda podemos nos lembrar que uma grande área era reservada aos chineses. Se não uma China Town, poderíamos chamar ao menos de uma China Lounge. Pequenos stands enfileirados e padronizados, simples e frugais, sem café, água ou belas modelos. Você passava pelo corredor e recebia uma enxurrada de catálogos. Sem falarem uma palavra em português sequer, às vezes tampouco inglês, eles iam no corpo a corpo mostrando ideias, produtos etc. Isto é a materialização do pragmatismo chinês, a ponta do iceberg deste artigo. Vamos ver!

Pragmatismo chinês: o que é?

Primeiro, vejamos uma definição de pragmatismo: do latim pragmaticus, que significa “aquele que é próprio dos negócios ou da lei”, que vem do grego pragmatikos, que quer dizer “versado em negócios”, que tem raiz nos termos pragma (“negócios”, “feito” ou “atos civis”), e prassein (“fazer”, “agir” ou “realizar”).

Significado do Pragmatismo

No Ocidente, o pragmatismo está ligado a ideia de aversão ao risco e ao erro. Grandes grupos econômicos têm arrepios com palavras como experimentar, testar, tentar, prejuízo etc. Me contaram que a Kodak e a BlockBuster tinha muito medo.

China na academia

Um parágrafo acadêmico: segundo H. H. Sheng, “o pragmatismo chinês envolve quatro principais elementos: 1) Adaptabilidade, 2) Senso de realidade, 3) Meta e 4) Inovação”. Já segundo E. Sandschneider, “Pragmatismo, flexibilidade e capacidade de aprendizado constituem o padrão básico do sucesso da política externa chinesa”. De acordo com L. W. Pye, “Os chineses, com o avanço do mundo, têm se tornado menos ideológicos e mais práticos, dando maior ênfase na racionalidade econômica”. “Entre os chineses é relativamente fácil manter simultaneamente sentimentos contraditórios como o amor e o ódio, o yin e o yang, sem uma mistura ou uma diminuição na intensidade dos sentimentos separados.”  Ter tolerância às contradições é fundamental. As coisas veem lá de trás: surgiu na China entre os anos 770 e 221 a.C.  Yin Yang é um princípio da filosofia chinesa, onde yin e yang são duas energias opostas. Bom, chega de definições.

O mapa da China

Talvez o mapa da China passe por aqui:

  • Adaptabilidade: se somos intolerantes, temos dificuldade de nos adaptarmos. Nós temos o “jeitinho brasileiro” e é o PIB chinês que cresce em média 8,1% ao ano nos últimos 30 anos! Quem tem mais jeitinho? Viver à espera de incentivos e impostos baixos é perder tempo precioso de competitividade. A maior economia do mundo é comunista por mais estranho que possa parecer aos nossos ouvidos, pois a China é o lugar das maiores fortunas do mundo. Não busque coerência. É apenas pragmatismo.
  • Senso de Realidade: intimamente relacionado a cultura organizacional, que poderia ser grosseiramente explicado como às crenças da empresa, valores organizacionais, costumes a serem exercidos, ritos e atividades e cerimônias realizadas. A cultura corporativa é ótima para criar o autoengano que é o processo mental de mentir para si mesmo, como forma de evitar verdades inconvenientes e criar uma realidade ilusória. A BlackBerry se amava.
  • Meta: ter uma meta é fundamental. Uma meta de verdade, a longo prazo como 30 anos. Não foi o Peter Drucker que disse que “A cultura come a estratégia no café da manhã”? É preciso dar espaço para a estratégia: deve existir um orçamento (budget) para isto.
  • Inovação: Joseph Schumpeter, moldou dois conceitos fundamentais para descrever a natureza da inovação: destruição criativa e ciclo econômico. O ciclo econômico não está diretamente nas nossas mãos, mas a destruição criativa sim! Quem tem medo da destruição criativa? Lembre-se: a ATARI era criativa. Faliu e hoje é apenas uma marca.

E a Bússola?

Ninguém resiste a uma autoajuda. Sempre me perguntam “e agora?”. Então, não tenho porque não arriscar a minha bússola:

  1. Os modelos de cultura corporativa mostram que aprendizado e resultados devem andar em paralelo. Você pode estar tendo bons resultados. Hoje. Mas é o futuro? O que garante o futuro é o aprendizado hoje. Reserve tempo para o aprendizado corporativo.
  2. Não busque coerência no mundo VUCA. É apenas assim mesmo.
  3. Esqueça o jeitinho brasileiro. O melhor “jeitinho” é aprendizado e suor. Uma máquina perpétua de atualizar, contextualizar e avaliar o conhecimento.

Os jogos olímpicos são sempre fonte de inspiração. Medalhistas vindo de remotas periferias ganham espaço na mídia. Ainda nos surpreendem, mas não deviam mais nos surpreender. Esta surpresa aparece do fato de não acreditarmos que é sempre possível.

O chinês acredita.

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