A indústria brasileira voltou a ganhar fôlego em 2024. Um ano após o lançamento da Nova Indústria Brasil, os resultados mostram crescimento na produção, geração de empregos e avanço nas exportações. O setor de transformação cresceu 3,7% — o dobro da média mundial.

Com metas até 2033, a política articula investimentos públicos e privados em áreas estratégicas como mobilidade, saúde, energia, defesa, agroindústria e tecnologia. O plano marca uma virada na forma como o Brasil enxerga sua base produtiva: mais moderna, conectada e preparada para competir.

Entenda o que é a Nova Indústria Brasil

Lançado em janeiro de 2024, o programa Nova Indústria Brasil usa instrumentos tradicionais de políticas públicas, como subsídios, empréstimos com juros reduzidos e ampliação de investimentos federais que ajudam a impulsionar a indústria. 

O programa também usa incentivos tributários e fundos especiais para estimular alguns setores da economia.

Durante o evento de lançamento, o Vice-presidente da CNI e representante da entidade na cerimônia, Léo de Castro, ressaltou a importância de contar com o setor público no processo de retomada da indústria brasileira e reafirmou o compromisso da CNI com a agenda. 

Esse é o anúncio de uma política pública moderna, que redefine escolhas para o desenvolvimento sustentável, com mais investimento, produtividade, exportação, inovação e empregos, por meio da neoindustrialização”, disse.

Castro ainda complementou: “A indústria brasileira precisa de instrumentos modernos e semelhantes aos que promovem a indústria nas nações líderes. É preciso recolocar a indústria no centro da estratégia de desenvolvimento, para que possamos retomar índices de crescimento maior e poder ofertar um caminho consistente e alinhado com o que os países desenvolvidos fazem”.

Assim, essa estratégia visa ser o início de uma política de Estado moderna e viável, estruturada em um conjunto de programas e medidas que buscam solucionar os desafios atuais da nossa indústria.

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6 missões destinadas à modernização do parque fabril brasileiro

Criada pelo governo federal, a nova política tem seis missões relacionadas à ampliação da autonomia, à transição ecológica e à modernização do parque industrial brasileiro. 

Segundo o governo, os setores que receberão atenção são a agroindústria, a saúde, a infraestrutura urbana, a tecnologia da informação, a bioeconomia e a defesa. 

O Nova Indústria Brasil conta ainda com um aporte de R$ 300 bilhões para financiar as iniciativas até 2026. Importante salientar também que estes recursos não representam um gasto fiscal extra nem vão aumentar a carga tributária para a população.

Missão 1: Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais, garantindo a segurança alimentar, nutricional e energética

Segundo o documento, para alcançar as metas dessa missão, algumas das prioridades são: 

  • Fabricação de equipamentos para agricultura de precisão e máquinas agrícolas para a grande produção; 
  • Ampliação e a otimização da capacidade produtiva da agricultura familiar para a produção de alimentos saudáveis.

Missão 2: Complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir as vulnerabilidades do SUS e ampliar o acesso à saúde

A meta é ampliar a participação da produção nacional de 42% para 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, entre outros. 

O objetivo do governo é contribuir para o fortalecimento do SUS e a melhoria do acesso da população brasileira à saúde.

Missão 3: Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para a integração produtiva e bem-estar nas cidades 

Uma das propostas é ampliar em 25 pontos percentuais a participação da produção brasileira na cadeia da indústria do transporte público sustentável. Para se ter uma ideia, hoje representa 59% da cadeia de ônibus elétricos.

Missão 4: Transformação digital da indústria para ampliar a produtividade

O governo tem a meta de que 90% do total das empresas industriais brasileiras (hoje são apenas 23,5%) sejam digitalizadas. Também objetiva que a participação da produção nacional nos segmentos de novas tecnologias seja triplicada. 

Para isso, a Nova Indústria Brasil diz que é preciso investir: 

  • Na indústria 4.0
  • No desenvolvimento de produtos digitais; e 
  • Na produção nacional de semicondutores, entre outros.

Missão 5: Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas para garantir os recursos para futuras gerações

Um dos objetivos que vai ajudar na transformação ecológica na indústria é o aumento do uso da biodiversidade pela indústria. 

Outro objetivo é reduzir em 30% a emissão de carbono da indústria nacional, que tem 107 milhões de toneladas de CO2 por trilhão de dólares produzido.

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Missão 6: Tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais 

Segundo o governo federal, a meta é conseguir autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas para fortalecer a soberania nacional. 

Dessa forma, a prioridade será para ações voltadas ao desenvolvimento de:

  • Energia nuclear; 
  • Sistemas de comunicação e sensoriamento; 
  • Sistemas de propulsão; e 
  • Veículos autônomos e remotamente controlados.

De onde virão os recursos? 

Quanto aos recursos, o BNDES disponibilizará R$ 300 bilhões para o setor industrial até 2026, sendo: 

  • R$ 271 bilhões para crédito; 
  • R$ 21 bilhões de recursos não reembolsáveis e 
  • R$ 8 bilhões para investimentos na Bolsa de Valores. 

Desse total, R$ 77,5 bilhões (28%) já foram aprovados em 2023. Os recursos estão organizados em quatros eixos: 

  1. Indústria Mais Inovadora e Digital (R$ 66 bilhões); 
  2. Indústria Mais Verde (R$ 12 bilhões); 
  3. Indústria Mais Exportadora, (R$ 40 bilhões) e 
  4. Indústria Mais Produtiva (R$ 182 bilhões). 

Vale destacar que todo este montante da Nova Indústria Brasil será gerido pelo BNDES.

BNDES amplia investimentos na Nova Indústria Brasil 

O BNDES tem desempenhado um papel central no financiamento da Nova Indústria Brasil, estruturando sua atuação em quatro grandes eixos que refletem os desafios e oportunidades da indústria nacional contemporânea:

  • Indústria Mais Inovadora e Digital: incentivo à transformação tecnológica, à digitalização dos processos produtivos e ao fortalecimento da capacidade de inovação das empresas;

  • Indústria Mais Verde: apoio à descarbonização, à bioeconomia e à transição para uma matriz energética mais limpa;

  • Indústria Mais Exportadora: ampliação do acesso a mercados internacionais com financiamento para exportações e suporte à competitividade global;

  • Indústria Mais Produtiva: modernização da infraestrutura fabril e aumento da eficiência, com destaque para o apoio a pequenas e médias empresas.

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Até junho de 2025, o BNDES já aprovou cerca de R$ 205 bilhões em crédito para a indústria, o que representa 80% da meta prevista para o ciclo 2024–2026. O total de recursos disponíveis foi ampliado para R$ 300 bilhões, com um novo aporte de R$ 41 bilhões anunciado recentemente.

O ritmo dos investimentos confirma a retomada do papel histórico do banco como indutor do desenvolvimento industrial. Como destacou o diretor José Luis Gordon, o volume de recursos já superou o que foi investido entre 2019 e 2022, marcando um novo ciclo de protagonismo do BNDES no fortalecimento da economia produtiva brasileira.

Principais mudanças após um ano do projeto

Uma das marcas mais relevantes do primeiro ano da Nova Indústria Brasil é a retomada de protagonismo da indústria nacional. Segundo balanço apresentado em junho de 2025 no Palácio do Planalto, a política pública já viabilizou R$ 3,4 trilhões em investimentos — sendo R$ 1,2 trilhão do governo federal e R$ 2,2 trilhões do setor privado. 

Esses recursos estão sendo direcionados para seis grandes missões estratégicas: agroindústria e segurança alimentar, saúde, mobilidade verde e bem-estar nas cidades, produtividade e transformação digital, descarbonização, transição energética e defesa e soberania nacionais.

O impacto direto já pode ser sentido nos indicadores de desempenho. A indústria geral registrou crescimento de 3,1% em 2024, e a indústria de transformação avançou 3,7% — resultado que representa o dobro da média mundial. 

As exportações também bateram recorde: US$ 189 bilhões vindos apenas da indústria de transformação. Esses números ajudam a responder à pergunta ‘qual é a atual situação da indústria brasileira?’ com dados concretos e promissores.

A Nova Indústria Brasil, lançada em janeiro de 2024 com metas até 2033, opera por meio de instrumentos como linhas de crédito com juros reduzidos, incentivos fiscais e fundos de apoio a setores estratégicos. 

Esse modelo tem impulsionado não apenas a produção, mas também a geração de empregos e o desenvolvimento de tecnologias com maior valor agregado. O desenvolvimento da indústria brasileira avança, portanto, com foco em inovação, sustentabilidade e inserção competitiva no mercado global.

A Nova Indústria Brasil sinaliza um novo ciclo de crescimento para o setor produtivo, com investimento, inovação e visão de futuro. Para continuar acompanhando as transformações da indústria nacional, conheça o canal A Voz da Indústria.

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