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Replanejamento estratégico: gestão de investimentos como caminho para fora da crise

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Diante de uma crise súbita e intensa, um replanejamento estratégico e financeiro se mostra indispensável. Confira nessa entrevista como esse pode ser um caminho para superar esse momento!

Em pouco tempo, a crise gerada pela COVID-19 se espalhou pelo mundo. Indústrias de todos os portes, segmentos e regiões foram afetadas: um levantamento do CNI indica que, já em abril, 91% das indústrias já relatavam impactos negativos relacionados à pandemia. Diante desse cenário, incerto e súbito, todo o planejamento estratégico esperado para 2020 precisou ser revisto. Investimentos precisaram ser redirecionados e a prioridades foram revistas, para que as empresas pudessem se organizar.

A FW, que fabrica e comercializa peças e acessórios para manutenção e reforma de máquinas operatrizes, passou por esse processo. Com agilidade e comunicação entre os setores e diferentes clientes, a empresa refez seu planejamento estratégico e identificou inclusive oportunidades de investimento durante esse período. Confira um pouco sobre essa experiência na entrevista a seguir, com Washington Cardozo, diretor presidente da FW.

Washington Cardozo FW TecnologiaA Voz da Indústria: Como a crise da COVID-19 afetou as operações da FW? As operações foram paralisadas ou precisaram ser adaptadas? O mercado da FW sofreu alguma alteração de demanda?

Washington Cardozo: Em um primeiro momento, houve uma paralisação inicial de 15 dias, ainda no final de março. Durante esse período, nos dedicamos a analisar o mercado e entender qual era a demanda dos nossos clientes, compreender se ela tinha mudado, se algo tinha se tornado urgente etc. Utilizamos esse tempo também para identificar quais eram as ações necessárias para proteger nossas equipes quando as atividades voltassem. Retomamos nossa produção aos poucos, afastando nossos colaboradores que faziam parte de grupos de risco e flexibilizando os horários de entrada e saída para os funcionários que precisavam de transporte público evitarem os horários de pico. Além disso, disponibilizamos parte da nossa frota de carros da assistência técnica para as equipes, incentivando que eles fossem de carro ao trabalho e organizassem grupos de carona entre si, para evitar aglomerações no transporte. Essas medidas foram adotadas sem prazo para terminar e devem ser mantidas até que a crise termine.

VDI: Quais foram as primeiras ações estabelecidas pela FW como resposta à pandemia? Quais foram as estratégias por trás delas?

WC: Além das medidas citadas, implantamos também triagem com medição de temperatura dos funcionários na entrada da empresa, distribuição e exigência pelo uso de máscaras, disponibilização de álcool em gel em pontos estratégicos de todos os departamentos e distanciamento social em refeitórios e locais de trabalho. Comemorações internas, como festas de aniversariantes do mês e premiações de colaboradores também foram canceladas, assim como reuniões com mais de 3 pessoas, que foram transformadas em videoconferência.

VDI: Houve algum impacto no relacionamento ou no atendimento aos clientes?

WC: Houve redução, mas não significativa. Alguns dos nossos parceiros precisaram paralisar suas operações, o que afetou um pouco nossos atendimentos. Porém, esse período de fábricas fechadas foi uma oportunidade para realizar manutenções necessárias e que exigiam que as máquinas parassem, o que – em um momento comum – geraria alguma alteração na atividade. Por isso, nessa fase trabalhamos de forma flexível para entender as urgências e atender as demandas. Parte dos nossos clientes, por exemplo, atende o setor de saúde ou setores essenciais. Priorizamos esses atendimentos, para garantir que essas empresas continuassem funcionando. Apostamos em muita transparência e comunicação intensa. Com isso, conseguimos tomar abordagens diferentes de acordo com cada região e necessidade.

VDI: Como a empresa enxerga a possibilidade de investimentos, como compra e estoque de materiais, por exemplo, nesse momento? Esse é um movimento estratégico?

WC: Entendemos que era momento de investir em matéria prima e material, para garantir um estoque capaz de atender as demandas dos nossos clientes mesmo se o fornecimento fosse interrompido ou prejudicado em algum momento. Havia uma incerteza de qual seria o cenário ao longo dos meses seguintes, então redirecionamos nossos investimentos para garantir o atendimento dos nossos clientes, sem interrupção. Houve um replanejamento financeiro e muitas conversas entre nossas equipes, nossos fornecedores e nossos clientes, para encontrar a forma mais estratégica de lidar com os custos e investimentos nesse momento. Como conseguimos manter nossos estoques ativos e profissionais trabalhando, foi possível até mesmo conquistar novos clientes desde que a crise se instalou.

VDI: Na sua opinião, quais ações devem ser consideradas prioritárias em um momento de crise?

WC: Acredito que é prioritário ter um planejamento financeiro claro e organizado, que permita garantir a compra de matérias prima e o pagamento de funcionários. Garantir condições de trabalho adequadas e manter a estrutura garantindo a segurança e a saúde das equipes também é fundamental. Um profundo conhecimento da sua demanda e do seu círculo de clientes também é indispensável para reagir com rapidez aos momentos de crise.

VDI: Qual o papel da gestão em momentos como esse e qual o papel dos colaboradores?

WC: Acreditamos que o papel da gestão é focar na transparência e estabelecer uma política de comunicação clara, constante e efetiva. Informar os colaboradores é essencial, mesmo à distância. Ainda mais em um momento como esse, em que decisões de governo são tomadas muito rapidamente. É preciso ter canais constantes de comunicação para que todos possam estar informados em tempo real. Trabalhamos com uma rede de e-mails, murais de informação e um grupo de Whatsapp com todos os nossos colaboradores. Dos colaboradores, acreditamos que é o momento de união e colaboração. Nesse sentido, temos muito a agradecer. Nossa equipe se manteve engajada e se adaptou às necessidades, se mantendo unida e apoiando a empresa o tempo todo.

VDI: Diante das dificuldades observadas, como você interpreta o cenário da indústria nacional? Qual a lição mais importante que esse período deixará como legado?

WC: Analisando essa e outras crises anteriores, percebemos o quanto é importante que a indústria se fortaleça. Indústrias fortalecidas são capazes de tomar decisões rápidas e importantes. Passar por momentos como esse sempre gera lições para todos. Acreditamos que o cenário positivo previsto para 2020 não foi cancelado, mas apenas adiado. Esse crescimento foi apenas postergado até que o cenário volte a ser seguro. Logo, sairemos dessa e estaremos fortalecidos e pontos para voltar a investir e a crescer.


Esse conteúdo é parte da Semana Digital FEIMEC, que acontece de 25 a 29 de maio. Se inscreva e confira outros conteúdos exclusivos gratuitamente! 

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