Você sabia que a indústria é responsável por cerca de 41% do total de energia consumida no Brasil? Diante disso, a busca pela eficiência energética nas indústrias começa a ganhar bastante importância dentro do setor.
Basicamente, o grande objetivo deste tema é o de otimizar processos para evitar o desperdício de energia, reduzindo custos e, principalmente, contribuindo para a preservação do meio ambiente.
Para isso, muitas estratégias e soluções são cada vez mais utilizadas e focam na eficiência energética nas indústrias.
Eficiência energética nas indústrias: o que é?
A busca pela eficiência energética nas indústrias é um ponto fundamental para o setor, no Brasil e no mundo, principalmente na garantia de melhor uso da energia e preservação ambiental.
Mas, em um contexto geral, Michel Navega, Gerente de Inovação da Ecogen, salienta que a eficiência é a otimização da relação entre produção e consumo. “A eficiência energética é representada pela maior produção, com o menor consumo possível”.
Para o ambiente das indústrias, a eficiência energética, portanto, seria produzir o maior volume de produtos, serviços, utilidades ou resultados com o menor consumo e/ou custo energético possível.
Dessa forma, a indústria se vê diante de um momento em que é preciso levar a sério os investimentos em eficiência energética para frear o consumo e estimular a competitividade do negócio.
Estratégias mais eficientes para alcançar a eficiência energética
Quando falamos em eficiência energética nas indústrias, devemos entender que não existe, necessariamente, um caminho exato a ser seguido. A implementação de estratégias tende a variar segundo o tamanho, o foco e o modelo de produção de uma empresa.
Mas, o gerente de inovação da Ecogen indica que existem basicamente 4 estratégias para melhorar a eficiência energética nas indústrias.
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Uso de equipamentos mais eficientes
Esta é, segundo Navega, a vertente mais reconhecida. Ela consiste na substituição de equipamentos que consomem mais energia (geralmente antigos, mal dimensionados para as necessidades do projeto ou mal mantidos) por equipamentos que consomem menos energia para a mesma produção equivalente.
Alguns exemplos são o retrofit de iluminação e o retrofit de sistemas de ar-condicionado e refrigeração.
O primeiro consiste na troca de lâmpadas incandescentes ou fluorescentes por lâmpadas com a tecnologia LED. “Lâmpadas LED possuem uma eficiência significativamente superior às demais, podendo trazer mais de 80% de economia elétrica em alguns casos”, diz o gerente da Ecogen.
O segundo, na troca de equipamentos como chillers, por exemplo, visando a implementação de equipamentos mais eficientes, ou seja, que produzirão o frio com menos uso de energia elétrica ou térmica.
Outros exemplos incluem retrofit de compressores de ar, bombas, motores elétricos, transformadores ou qualquer maquinário onde se encontre a possibilidade de substituição por equipamentos mais eficientes.
“A viabilidade destes projetos depende do grau de influência e obsolescência dos equipamentos existentes e da quantidade de horas/mês de operação do sistema”, complementa Navega.
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Investir na automação
Nesta vertente, estão os projetos onde há a possibilidade de utilizar tecnologias para controlar a execução de determinadas ações.
Para seguirmos os mesmos exemplos acima, um potencial projeto de automação simples seria conectar a iluminação de determinado empreendimento a sensores de presença, sensores de luz natural, temporizadores e reguladores de níveis para que a iluminação seja utilizada apenas quando realmente necessária e apenas pelo tempo necessário.
“Embora o equipamento possa ser o mais eficiente possível, projetos de automação atuam de maneira a otimizar ainda mais o consumo no que tange ao tempo de utilização dos equipamentos”, indica Navega.
De maneira similar, porém com maior complexidade, há os projetos de automação de centrais de água gelada ou ar comprimido, como explica o gestor:
“Estes projetos identificam oportunidades para que tomadas de ações sejam mais rápidas, garantindo um menor consumo elétrico, e consequentemente trazendo mais segurança, com a diminuição significativa de possibilidade de falhas.”
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Otimizar processos
Em todos os casos, mesmo onde já exista um projeto eficiente e automatizado, ainda há espaço para alcance de maiores níveis de eficiência energética nas indústrias.
Com uma ferramenta de análise de dados, por exemplo, é possível correlacionar diversas variáveis (temperatura externa, fluxo de pessoas, tarifas de energia, entre outras) e criar modelos com os melhores perfis operacionais possíveis de um empreendimento.
Neste caso, Michel Navega explica que a atuação de sensores IoT, atrelados a ferramentas com capacidade para promover a inteligência artificial (por exemplo machine learning), pode auxiliar na indicação, ou até mesmo execução, das melhores combinações de equipamentos para cada momento.
“Por meio dessas tecnologias, o parque de máquinas estará operando sempre nos pontos de máxima eficiência, consequentemente haverá menor consumo ou custo possível para a produção de determinada utilidade”, garante.
Segundo Navega, o conceito de Indústria 4.0 está englobado nesta vertente.
“Embora seja um termo utilizado já há algum tempo, ainda não é uma realidade consistente na maioria das indústrias do Brasil. Então há muita oportunidade de projetos de eficiência energética nas indústrias baseados neste modelo.”
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Diversificação da Matriz Energética
Por último, há o conceito da diversificação – ou transição – da matriz energética, que merece destaque.
Nessa vertente, há uma substituição de um combustível para geração de determinada utilidade por um outro mais sustentável, como por exemplo quando é possível substituir a queima de óleo pesado por biomassa renovável para geração de vapor.
Embora talvez não traga uma redução energética para a indústria, o gerente da Ecogen explica que este tipo de projeto traz um conceito de redução na pegada de carbono e no consumo energético da região ou país onde está situada a indústria, e em muitos casos trazendo redução de custo.
“Por esse motivo, eu particularmente considero este tipo de projeto também inserido no conceito de eficiência energética nas indústrias”, finaliza Navega.
Benefícios da eficiência energética para o ambiente industrial
Considerando as estratégias expostas anteriormente, uma maior eficiência energética nas indústrias trará principalmente uma maior sustentabilidade, menor custo e maior segurança.
Mas, como consequência, Michel Navega explica que muitos outros benefícios intangíveis são resultados oriundos dos três mencionados.
“Ao investir em eficiência energética, a indústria estabelece uma marca mais forte, um produto mais competitivo, além de maior reconhecimento dos funcionários e do mercado”, ressalta.
Mas, para que estes benefícios sejam, de fato, conquistados, Navega salienta que os dados são peças fundamentais para alcançar a eficiência energética nas indústrias.
“Ter a instrumentação correta, bem como uma ferramenta de coleta e análise de dados, é crucial para qualquer empreendimento, principalmente em indústrias. As melhores decisões, em qualquer ambiente, apenas serão tomadas caso os dados estejam disponíveis e sejam confiáveis.”
Ademais, é interessante – e até gratificante – saber que o mundo, e consequentemente a tecnologia, estão em constante evolução. Isto significa que projetos de eficiência energética nas indústrias estarão sempre em pauta e serão, mais cedo ou mais tarde, uma rotina.