A agenda climática vem ganhando protagonismo nas decisões políticas e econômicas a nível mundial. Este cenário inclui um marco extremamente importante: o Green Deal Europeu.
Lançado pela União Europeia, em 2019, ele estabelece um plano de transição com vistas a uma economia mais sustentável.
E o que exatamente é esse acordo? Ele pode impactar o Brasil? E a indústria? Acompanhe o texto a seguir e tire suas dúvidas.
Green Deal: ação global estratégica
O Green Deal é um acordo de ação estratégica da União Europeia para tornar o continente todo o primeiro bloco climático neutro do mundo até 2050.
Para isso, foram definidos alguns objetivos intermediários. Entre eles, a redução de, no mínimo, 55% das emissões de gases do efeito estufa (GEE) até 2030. Os respectivos resultados serão comparados com os níveis de 1990.
Segundo dados da UE, o plano já computa resultados favoráveis. “4,5 milhões de empregos verdes na economia europeia em 2019, contra 3,2 milhões em 2000”.
Lembrando que o Acordo Europeu não se limita ao setor energético. Ou seja, ele compreende também áreas como transporte, agricultura, edificações, biodiversidade e indústria.
A pauta em si exige processos produtivos mais limpos, maior eficiência energética e inovação em tecnologias de baixo carbono, tema que vem sendo abordado constantemente pelo portal A Voz da Indústria.
De acordo com o Sebrae, esse novo tipo de economia também busca se aproximar das demandas de consumo de uma sociedade cada vez mais exigente em relação aos cuidados com o meio ambiente. “A indústria de base tecnológica (IBT) tem papel fundamental no desenvolvimento global da bioeconomia”.
Principais metas do Green Deal
O Green Deal foi desenvolvido com foco em diversas metas, como a neutralidade climática até 2050, falada a pouco, e a redução das emissões em 55%.
Mas tem também o incentivo a energias renováveis e eficiência energética e a criação de uma economia circular, com a redução dos desperdícios e um maior reaproveitamento dos recursos.
O acordo ainda prevê o estabelecimento de padrões de sustentabilidade em cadeias globais de produção e comércio.
Conforme o Sebrae, “os recursos naturais são poupados graças à utilização de inovações tecnológicas que propiciam o desenvolvimento de modelos sustentáveis de produção”. Isto é, as metas citadas alicerçam melhores produções.
Impactos do Green Deal no Brasil
O Green Deal é um compromisso europeu. No entanto, ele impacta países exportadores como o Brasil. Isso porque prevê mecanismos de ajuste de fronteira, os quais impõem tarifas adicionais a produtos importados com alta pegada de carbono.
Dessa forma, podemos concluir que a indústria brasileira com exportação para a Europa precisará comprovar práticas sustentáveis e reduzir emissões de GEE para se manterem competitivas no respectivo mercado.
Alguns setores estão entre os mais impactados. São eles: siderurgia, cimento, alumínio, fertilizantes e eletricidade.
Outro ponto importante a respeito: a exigência por rastreabilidade também cresce, junto com a necessidade da sustentabilidade em cadeias produtivas.
Assim, a indústria de transformação e até mesmo o agronegócio sentirão essa repercussão.
Desafios e oportunidades
Para a indústria brasileira em específico, o Green Deal representa um desafio, mas também uma oportunidade. Os desafios acabamos de falar, já as oportunidades configuram, por exemplo, adequações regulatórias, pois as empresas deverão adotar métricas de medição de carbono e investir em relatórios de sustentabilidade.
Também, inovações tecnológicas, com processos mais limpos, automação e energias renováveis, competitividade internacional e novos nichos de mercado, uma vez que a demanda por tecnologias verdes, materiais sustentáveis e soluções em economia circular está em ascensão.
“As estimativas apontam que, no Brasil, pela sua riqueza em biodiversidade, a bioeconomia poderá responder, até 2030, por mais 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB)”, aponta o Sebrae.
Fato é que a indústria pode considerar o Green Deal como uma oportunidade para redefinir suas ações e resultados.
Como parceiro comercial da União Europeia, o Brasil precisa se adaptar para não perder espaço neste palco. A indústria nacional pode ser reposicionada com o acordo e se tornar mais eficiente, inovadora e sustentável.
“O European Green Deal é uma iniciativa que reposiciona a relação do bloco com outros países com os quais têm relações comerciais. Isso prevê a proteção de florestas tropicais ao incentivar a aquisição e o consumo de commodities provenientes de cadeias de abastecimento livres de desmatamento, que deverá ter forte impacto na importação de commodities do Brasil.”
Saiba mais sobre a indústria brasileira em meio à geopolítica.
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