Os desafios para a sociedade brasileira, para a economia mundial e, em especial para a indústria, serão muitos pós-pandemia. Mas é consenso que existirão algumas habilidades indispensáveis para o gestor industrial estar inserido no que vem sendo chamado de “novo normal”.
Assim, muitas aptidões associadas ao gestor vêm ganhando cada vez mais importância dentro desse novo cenário, representando grandes diferenciais para aquele que vislumbra potencializar a gestão do seu negócio e fazer parte do processo de inovação industrial.
Para entender melhor quais são as habilidades indispensáveis para o gestor industrial pós-pandemia, conversamos com o professor Eduardo Endo, coordenador acadêmico do MBA em Tech Driven do Centro Universitário FIAP.
Habilidades indispensáveis para o gestor industrial no cenário pós-pandemia
Mesmo antes de o Brasil superar completamente a pandemia, o novo cenário já vem trazendo algumas mudanças bastante intensas no modelo de gestão das empresas, como explica o professor da FIAP.
“Muitas empresas estão atuando em modelo de home office total ou parcial com certo sucesso. Porém, grande parte delas, incluindo as indústrias, tinha muito receio em adotar a modalidade, além de muitas delas não terem se preparado para tal”, diz.
Neste cenário, Endo acredita que as habilidades indispensáveis para o gestor de indústrias são:
Empatia
Com o "novo normal", uma realidade diferente se apresenta a todos. “Vão ocorrer situações antes impensáveis até então, como mães e pais tendo que se desdobrar para ajudar os filhos em suas aulas virtuais, funcionários que não tinham ambientes preparados para o trabalho remoto, dentre outras”, diz.
Em um primeiro momento, é natural que a vida pessoal e a profissional estejam ainda mais entrelaçadas, e reconhecer isso será essencial para o gestor industrial.
Criação de indicadores e rotinas de controle
Antes deste "novo normal" já estávamos vivendo em uma transformação forte no modelo de gestão, inclusive digital, indo do modelo de comando e controle para o de entrega de resultado.
Porém, existe uma grande confusão nisso. “Trabalhar por resultado não significa falta de controle”, explica Endo.
De fato, os gestores precisam mais do que nunca criar indicadores de controle de eficiência e entrega junto a suas equipes. Por outro lado, não adianta ter indicadores se não existirem rotinas de controle. Por isso, vale a pena combinar uma rotina diária com o time e investir nas famosas daily meetings (reuniões diárias).
“Combine um horário onde todos devem se comunicar e contar rapidamente o que fizeram e o que irão fazer e, principalmente, se existe algum impedimento para a realização da entrega. Isso facilita a comunicação, evita atrasos, gera responsabilidade e cria um senso de grupo importante”, indica o professor.
Adaptação
Com a pandemia, muita coisa mudou e de maneira repentina: seja o local de trabalho, as relações, os horários, o volume de tarefas, os processos...
Assim, se o gestor não tiver "jogo de cintura" e se permitir flexibilizar alguns pontos, o time vai sofrer - e ele também. “Se adaptar é algo indispensável para melhorar o desempenho da equipe e do próprio gestor da indústria”, completa Endo.
Comunicação
O trabalho no mesmo ambiente físico tem por característica favorecer conversas rápidas que, muitas vezes, ajudam a decidir coisas importantes. Por isso, com o trabalho remoto, uma das habilidades indispensáveis para o gestor de indústrias é a capacidade de comunicação com toda a equipe, inserindo as pessoas corretas no momento certo em cada processo.
Transparência e autonomia
O professor da FIAP explica que, para muitos gestores, dar autonomia e confiar no time é um desafio enorme, principalmente em uma cultura muito forte de comando e controle.
Neste "novo normal", é essencial que o gestor entenda que precisa confiar no time para alcançar os resultados desejados, deixando claros os objetivos e as implicações do não cumprimento. “Transparência e autonomia andam muito juntas em um time de alta performance, principalmente agora", completa.
Além dessas características, acolhimento, engajamento e alinhamento são, também, essenciais, seja para o gestor industrial, sejam para as equipes comerciais.
O gestor industrial deverá ser mais softskills e menos hardskills
Basicamente, os termos 'softskills' e 'hardskills' representam grupos de habilidades e características de profissionais.
As hardskills são as habilidades que podem ser facilmente aprendidas (e ensinadas) por meio de cursos, treinamentos, workshops etc. Já as softskills são mais difíceis de quantificar e reconhecer, por ser habilidades sociocomportamentais, como comunicação interpessoal, capacidade de persuasão, proatividade e capacidade de resolução de conflitos.
Mas o interessante é que esses dois termos serão, também, habilidades indispensáveis para o gestor de indústrias no novo normal. É o equilíbrio entre elas que forma o cenário ideal.
Esse equilíbrio pode pender mais para um lado, pois estamos vivendo uma situação diferente, as pessoas estão mais sensíveis, esgotadas pelo volume de trabalho e deveres de casa, sem o contato próximo dos colegas de trabalho.
“Neste cenário, o gestor não é somente um "chefe", ele é um colega, é um confidente, é um amigo e, principalmente, um facilitador para a sua equipe. Portanto, os softskills se sobressaem neste momento”, opina o professor.
As habilidades podem ser aprimoradas e desenvolvidas pelos gestores
Vale apontar que essas habilidades indispensáveis para o gestor de indústrias podem ser desenvolvidas, incentivadas e aprimoradas.
“Acredito que a empresa deve estimular este tipo de desenvolvimento, inserindo habilidades indispensáveis para o gestor de indústrias conseguir gerir melhor o negócio, afinal, fomos “jogados” para esta nova realidade e muito do que vivemos não vai voltar a ser como era antes”, pondera o professor da FIAP.
Na ideia de Endo, se adaptar será uma questão de sobrevivência. “Para mim, está claro que o gestor que não se adaptar ao novo normal deve estar com seus dias contados”, conclui.