O RD Summit 2025, evento que aconteceu em São Paulo no início de novembro, trouxe uma perspectiva revolucionária sobre o futuro do trabalho e marketing, com dois especialistas apresentando visões complementares sobre como a inteligência artificial está transformando o mercado profissional.

Walter Longo, especialista em inovação e transformação digital, e Luciano Santos, autor do livro “Seja Egoísta com sua Carreira”, convergiram em um ponto fundamental: quanto mais a tecnologia avança, mais valiosas se tornam as características humanas.

A “era do coração” no ambiente corporativo

Em suas palestras, os especialistas apresentaram o conceito da “era do coração” como o próximo estágio evolutivo do mercado de trabalho. Walter Longo explicou que “no passado distante, a competência de uma pessoa era avaliada por seus músculos. Hoje depende do cérebro. Daqui para frente, vai depender do coração. As novas habilidades humanas serão muito mais de emoção do que de razão”.

Luciano Santos corroborou essa visão citando pesquisa de Minouche Shafik, da Escola de Economia de Londres, que afirma que no passado os empregos dependiam do músculo, hoje eles dependem do cérebro, no futuro vão depender do coração. Santos destacou ainda que, segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial sobre futuro do trabalho (2025-2030), “80% das habilidades para o futuro do trabalho são do coração”, incluindo “resiliência, liderança, pensamento crítico, motivação, empatia, escuta, curiosidade, gerenciamento de talentos e atendimento ao cliente”.

O declínio do especialista e a ascensão do conhecimento plural

Nesse cenário, Santos apresentou uma tendência que está redefinindo o perfil profissional desejado pelas empresas. “A gente está vendo diante dos nossos olhos o declínio do especialista”, afirmou, explicando que o conhecimento especialista está se tornando uma commodity. Como exemplo, mencionou que “qualquer um aqui faz qualquer coisa no Excel utilizando inteligência artificial”.

Em contrapartida, “o que a gente está vendo de tendência é o conhecimento plural”. Santos incentivou os profissionais a diversificar competências além das tradicionais como Excel, marketing, design.

“Meditação, culinária, ioga, fotografia, qualquer coisa que goste de fazer. Isso vai cada vez mais ter importância nessa jornada. A gente tem uma potência ilimitada de diversificar o que a gente sabe.”

O tsunami da inteligência artificial no marketing

Walter Longo apresentou dados impressionantes sobre a revolução tecnológica em curso. Segundo o especialista, atualmente já existem 9.800 ferramentas disponíveis, “90% delas grátis ou freemiumnos diretórios de inteligência artificial.

Cada uma dessas ferramentas possui “uma função específica, ajudando cada um de nós a sermos mais eficientes, rápidos e melhores no que fazemos”.

O publicitário demonstrou como a IA está democratizando o acesso à tecnologia, permitindo que empresas menores possam competir “em pé de igualdade com empresas grandes, como nunca foi imaginado ser possível”.

Ele exemplificou que “uma agência de propaganda com 13 colaboradores hoje está competindo em pé de igualdade com agências de 50, se abraçar a IA com esse novo fenômeno”. Imagine isso se aplicando para indústrias de todo porte, com possibilidades de aplicar a IA no marketing, operações, vendas e mais setores estratégicos.

Longo explicou uma mudança fundamental na abordagem do marketing moderno. “Com o marketing de dados, a comunicação sai do Mass Media e passa para o My Media, revelou. Agora é possível “escolher a pessoa com que a gente quer falar, o que a gente quer falar, em que momento falar, e não mais o veículo que eu acho que ela está”.

Inteligência expandida: o futuro da colaboração humano-máquina

Walter Longo propôs uma mudança de perspectiva fundamental sobre o papel da inteligência artificial. “Não devíamos chamar de inteligência artificial e sim de inteligência ampliada, porque é disso que se trata. A IA não veio para tirar emprego de ninguém, ela veio para devolver a nossa humanidade”, explicou.

Ele encerrou sua apresentação com uma reflexão poderosa sobre protagonismo: “o futuro não é um lugar que a gente está indo, o futuro é um lugar que a gente está ajudando a construir, cada um de nós”.

Os especialistas deixaram claro que o futuro não está apenas na adoção de tecnologias, mas na capacidade de desenvolver e valorizar as habilidades que nos tornam únicos como seres humanos. Como concluiu Santos: “o futuro do trabalho está em se conectar com os outros no melhor das nossas habilidades humanas”.