No início de agosto, o presidente Trump, dos Estados Unidos, implementou uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, aumentando o combo de tarifas na indústria nacional. Embora 700 produtos tenham sido isentos, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) estima que a nova regra ainda afeta cerca de 55,4% de todas as exportações do Brasil para os EUA.

Em outubro, o MDIC atualizou a lista de produtos brasileiros afetados pelo tarifaço de Trump. A alteração modificou 211 códigos da Tarifa Externa Comum (TEC), incluindo 101 novos, excluindo 75 e ajustando 35. Agora, a lista abrange 9.803 códigos NCM que estão sujeitos às tarifas dos EUA.

Como sabemos, as tarifas são ferramentas utilizadas pelos governos para regular o comércio exterior, por meio das quais são cobrados tributos sobre produtos importados ou exportados.

Basicamente é isso. A ideia é controlar fluxos de mercadorias entre países.

Os respectivos aportes são cobrados de diversas maneiras, podendo ser uma taxa fixa por unidade de produto ou em formato percentual. No geral, as tarifas influenciam consideravelmente na economia de um país como o nosso. E a indústria está no topo dessa dinâmica chamada de barreira comercial.

Como exemplo, temos as taxas elevadas determinadas recentemente pelos Estados Unidos, cujo debate a respeito tem sido até  preocupante.

Segundo Marcos Gimenez, CEO da Bravo, “isso porque a estratégia envolveu a imposição de tarifas elevadas sobre produtos importados, especialmente da China, que já contra-atacou com a mesma tarifa de 34%. O presidente dos EUA afirma que o propósito é proteger a indústria americana, reduzir o déficit comercial e incentivar a produção interna”.

Em suma, quando um governo impõem algum valor sobre seus produtos, ele os torna mais caros no mercado estrangeiro. O objetivo principal é proteger os produtos nacionais da concorrência de fora se porventura estiver oferecendo preços mais baixos.

Saiba mais: Taxa de câmbio é uma das maiores preocupações da indústria

Por que as tarifas na indústria existem?

Normalmente, as tarifas são impostas para proteger a indústria nacional, mantendo a competitividade no respectivo país, e também para uma melhor arrecadação de receita. Neste caso, a importância é ainda maior em países com sistemas tributários mais frágeis.

A retaliação comercial também é um outro motivo que pode ser usado como resposta a práticas desleais de outros países no âmbito comercial. As tarifas existem também como uma forma de controle de qualidade e segurança, que tende a dificultar a entrada de outros produtos num país que não atenda aos seus padrões.

De acordo com a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), além dos impactos na balança comercial, os efeitos indiretos são sempre preocupantes. O motivo: produtos de diversas origens perdem acesso a um mercado e buscam outro.

Veja também: Como as relações internacionais e comércio exterior podem impactar a indústria brasileira?

Como as tarifas podem afetar a indústria nacional?

A indústria brasileira pode sofrer impactos positivos ou negativos com a imposição das tarifas adicionais dos EUA. Tudo dependerá do setor de atuação, da relevância e valores, bem como do contexto econômico atual. A Voz da Indústria lista, com a ajuda de especialistas, os principais impactos positivos e negativos das tarifas. Confira!

Positivos Negativos
1. Estímulo à produção interna
Pode haver um aumento na demanda por produtos nacionais, conforme supracitado.
1. Elevação dos preços para o cliente final
Pode ser que o preço do mercado interno suba pela menor concorrência.
2. Preservação de empregos
Empregos são preservados, principalmente, quando falamos de setores industriais estratégicos.
2. Ineficiência
Outro risco está no fato das indústrias perderem o incentivo para melhorar a produtividade, já que a concorrência externa não oferece mais perigo.
3. Desenvolvimento tecnológico
A indústria nacional se sente mais à vontade para investir em inovação e aumentar a capacidade produtiva.
3. Conflitos comerciais
Outros países podem reagir da mesma maneira, provocando rivalidades e prejudicando as exportações, como no caso da China e Estados Unidos.
4. Custos altos para setores parceiros
As indústrias que utilizam matéria-prima estrangeira podem sofrer com os preços altos.

Confira: Reforma Tributária marca novo capítulo para indústrias brasileiras

Desafios das tarifas na indústria em meio ao tarifaço

Vamos supor que o Brasil imponha uma tarifa sobre a importação de aço para proteger suas siderúrgicas. A curto prazo, essa medida poderá ajudar as empresas em solo nacional a recuperarem clientes, inclusive, na geração de empregos.

No entanto, os próprios brasileiros que precisam desse material, tendem a enfrentar aumento de custos. Como resultado, os produtos finais serão vendidos a preços elevados, prejudicando a competitividade.

Além disso, um levantamento do Banco Inter concluiu que, entre agosto e setembro, a indústria perdeu 15 mil postos de emprego após o início das tarifas impostas pelos EUA para produtos brasileiros. Desse total, o estado de São Paulo concentrou um quarto das perdas durante o período.

Qual é o desafio, então? Obviamente, está no equilíbrio entre proteção e competitividade. A ideia é garantir que as tarifas cumpram o melhor papel possível, dando sustentabilidade à indústria nacional, sem prejudicar qualquer viés de atuação.

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