Em meio ao crescente processo de medidas sustentáveis e implantação de ESG por parte do setor industrial em favor do planeta, um assunto de extrema importância é o tratamento de efluente, que vem sendo aderido por diversas corporações em seus mais variados segmentos.

O tratamento de efluente é uma atividade exigida pela legislação brasileira, com parágrafos determinados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), do Ministério do Meio Ambiente.

Tratamento de efluente nas indústrias

Mas no que consiste o tratamento de efluente? Trata-se de um conjunto de processos que visam eliminar os resíduos contaminantes nos líquidos das indústrias, empreendimentos ou residências antes de serem despejados na natureza. Também, para o caso de reutilização, quando não é necessário empregar água potável.

Especificamente nos resíduos industriais, o tratamento de efluente é dedicado às águas residuais vindas dos processos produtivos, em que são encontrados diversos resquícios químicos, físicos e biológicos. Além disso, também os líquidos provenientes das lavagens e limpezas com o uso de produtos químicos e ácidos em benefício ao próprio parque fabril.

Independentemente do tipo de resíduo constante da água, é necessário submetê-la a processos adequados antes de ser descartada. O objetivo do tratamento de efluente é evitar danos graves ao meio ambiente e, consequentemente, à saúde e à reputação da companhia.

A propósito, o uso da água e a sua preparação como material reutilizável é essencial para praticamente todas as etapas dos processos fabris das indústrias. Segundo Claudio Alvarenga, Controller da Projesan Water & Co, o tratamento de efluentes vai ao encontro da necessidade de preservar o meio ambiente também em favor da própria água.

“Quer se trate de água deionizada para os setores de eletrônicos e farmacêuticos, ou água desmineralizada para aplicações de produtos cosméticos e na alimentação de caldeiras, por exemplo, a água é sempre necessária e vem incorporada ao processo de sustentabilidade”, explica.

A saber, estudos apontam que a indústria responde por cerca de 40% das captações totais de água. O tratamento de efluentes é indispensável, uma vez que muitas corporações globais operam com escassez e riscos híbridos. A reutilização, por meio do tratamento de efluente, é uma saída ecologicamente correta e benéfica ao setor industrial.

ESG

O tratamento de efluente faz parte dos planos de uma empresa que deseja implantar o ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) em sua estratégia. De acordo com informações do Grupo Ambiensys, aderir ao ESG traz benefícios como a construção de uma marca mais forte, com potencial e valor de mercado dada a promoção do desempenho sustentável, a promoção de padrões mais rígidos de controle e de conformidade sobre o tema, sendo referência para as demais indústrias e mercado, a melhoria da retenção e satisfação de talentos com o fortalecimento do propósito social e alinhamento dos valores da companhia, bem como o aumento da receita por parte de clientes que valorizam as questões ambientais e as medidas ecologicamente corretas.

Exemplo sustentável

Sobre o que pode ser feito, especificamente no caso do tratamento de efluente, algumas indústrias vêm se movimentando com foco na preservação do planeta. Como exemplo, a Bracell, empresa do setor de celulose, que desenvolveu um projeto sustentável em prol do uso consciente da água. A Bracell adotou um esquema de tratamento de efluente que acontece em três fases.

A primeira remove as fibras, a segunda trata a matéria orgânica e a terceira filtra o efluente que, em seguida, é devolvido ao rio Tietê. O objetivo vem sendo alcançado: cerca de 95% da água captada do Tietê volta ao rio após o processo industrial, como efluente tratado.

Alexandre Figueiredo, Gerente Sênior Industrial da Bracell, conta que a empresa utiliza água captada do Tietê na cidade de Lençóis Paulista (SP), onde lança também o efluente tratado. Após o uso no processo produtivo, a água é destinada ao sistema de tratamento de efluente.

“A fábrica foi projetada para ter um dos menores consumos de água por tonelada de celulose produzida. Além disso, as estações de tratamento possuem capacidade de clarificar os líquidos garantindo que não sejam apenas limpos, mas também sem qualquer coloração”, detalha.

A companhia possui um sistema de dispersão inteligente, desenvolvido para proporcionar um melhor resultado na redução da cor, fazendo com que a Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) nos efluentes seja a menor possível.

Outra inovação da Bracell diz respeito ao desenvolvimento de um processo que visa reduzir os níveis de Sulfato e Nitrogênio para minimizar a quantidade de nutrientes nos efluentes, que é sobrecarregada na região onde a empresa atua devido às atividades agrícolas. “Essas práticas sustentáveis se conectam com nossa filosofia de que tudo o que fazemos deve ser bom para a comunidade, o país, o clima e para os nossos clientes. Só assim será bom para a empresa”, ressalta o gerente.

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