Distanciamento social, quarentena, respiradores, leitos… De um dia para o outro, esses termos passaram a dominar os noticiários e rodas de conversa em todo o país. Para alguns setores, como a indústria, o impacto do COVID-19 será sentido mais diretamente. Nesse cenário ainda confuso, um projeto da ABINFER (Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais) se guia por uma pergunta: o que podemos fazer? O resultado é uma força tarefa multidisciplinar, pronta para atuar em muitas frentes, e que já começa a agir.

Segundo Alexandre Mori, diretor comercial da Usifer e um dos porta-vozes do projeto, as primeiras conversas focaram em identificar as necessidades e entender como as indústrias ferramentais podiam atuar. “Vivemos dias de muita incerteza e começamos a trocar entre nós o que já estávamos fazendo. Conversamos sobre a potencial falta de respiradores para UTIs e buscamos, nesse primeiro momento, formas de atuar diretamente nisso”, comenta. A ideia, segundo o diretor, foi deixar o pânico inicial de lado e partir para a ação, dando início a processos coletivos envolvendo toda a cadeia da ferramentaria em prol do combate à pandemia.

Equipe multidisciplinar e primeiras ações

Além da estrutura e expertise das empresas associadas à ABINFER, o projeto também recrutou voluntários como empresários, engenheiros, projetistas e operários altamente especializados, capazes de avaliar as ações e definir de forma rápida as melhores abordagens. A iniciativa mapeou quem eram os atuais fabricantes de respiradores no Brasil, com projetos já aprovados e tecnologia adequada para a produção, e definiu formas de oferecer suporte.

Uma das definições foi colocar à disposição dessas empresas toda a estrutura das indústrias envolvidas no projeto. Com o envolvimento de representantes de toda a cadeia produtiva da ferramentaria, o projeto vai permitir que as fabricantes de respiradores dobrem sua produção. “Além disso, criamos também uma equipe de manutenção com profissionais especializados, disponível para garantir o funcionamento das máquinas sem interrupção mesmo com a alta demanda”, comenta Mori.

Atualização de projetos e produção de face shields

A equipe de projetistas envolvidas na iniciativa identificou que é possível dobrar a capacidade dos respiradores já em funcionamento na rede médica, a partir da produção de uma única peça. “O projeto já foi aprovado pela nossa equipe de médicos e agora aguarda aprovação do Ministério da Saúde. Com essa peça, um respirador que atenderia uma pessoa ganha capacidade de atender duas”, explica o diretor.

Outra iniciativa do grupo é a produção de máscaras face shield, indicadas para proteger médicos e enfermeiros que lidam diretamente com pacientes de COVID-19. O projeto existente foi adaptado para uma versão mais simples, que vai agilizar a produção e permitir que 80 mil máscaras sejam fabricadas por dia. “Toda essa produção é voluntária, tanto a estrutura quanto o tempo de máquinas ligadas, a operação e os materiais. A produção será completamente doada para a rede médica”, afirma Mori.

Formas de apoiar o projeto

Segundo Mori, a intenção do grupo é tanto humanitária quanto prática. “Queremos agir para causar impacto na proteção das pessoas, sabendo que essas ações podem ajudar quem precisa e que essas pessoas podem ser nossos parentes, amigos ou colegas”, aponta. “Ao mesmo tempo, acreditamos que quanto antes vencermos a pandemia, mais rápido veremos a reação e a recuperação dos nossos negócios na indústria”, acredita.

Atualmente, mais de 300 empresas estão envolvidas nessa força tarefa, espalhadas entre São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. “Todos os projetos que desenvolvermos estarão disponíveis para que indústrias de outros Estados possam replicar as ideias em sua região”, comenta Mori. Indústrias interessadas em participar das iniciativas ou em mais informações sobre o projeto podem entrar em contato através dos canais criados: 19 98139-7523 ou [email protected].