Em busca de uma competitividade global, a Alemanha investiu bravamente em tecnologias, se tornando o berço da inovação industrial no planeta.

A fim de dobrar as oportunidades da indústria, e para aumentar as exportações, o país foi o responsável pela Quarta Revolução Industrial – a chamada Indústria 4.0.

Tal revolução aconteceu por meio do surgimento da High Tech Strategy alemã. Basicamente, uma filosofia que amalgama as tecnologias utilizadas na indústria para projetos e acompanhamento dos resultados, com vistas a atingir os objetivos estratégicos do país.

Tecnologia alemã

O conceito do qual a Alemanha é protagonista representa a automação industrial e a integração de diferentes tecnologias – a Indústria 4.0.

Entre as principais, inteligência artificial, robótica, Internet das Coisas (IoT) e computação em nuvem. O objetivo é promover a digitalização das atividades industriais, melhorando os processos e aumentando a produtividade.

Segundo Mauro Andreassa, professor de pós-graduação do Instituto Mauá de Tecnologia, o principal diferencial da indústria alemã, entre tantos que merecem destaque, é, justamente, o fato do país ser um modelo de aplicação de tecnologias para a indústria mundial, inclusive, a brasileira.

Mais da Alemanha: desenvolvimento

Outro diferencial da indústria alemã é que o país é especialista no desenvolvimento e produção de bens complexos, especialmente, os de capital e as tecnologias de produção inovadoras.

“Estão de olho no alto valor agregado dos bens em sua indústria”, reitera Andreassa.

Educação

E o sucesso da manufatura alemã se dá a partir da educação dedicada ao respectivo setor. A Alemanha possui formação dual. Ou seja, a formação acontece de maneira prática em uma empresa ao mesmo tempo em que se adquire a teoria na escola.

“A maior parte da formação dual na Alemanha acontece na empresa, sendo que um ou dois dias da semana são reservados para a escola técnica profissionalizante.”

Para o professor, “não podemos deixar de pontuar a educação na Alemanha como um forte fator de sucesso. Aliás, para tudo”.

Ele destaca a dedicação do país europeu na educação para a excelência da manufatura porque esse investimento beneficia a todos os setores industriais, incluindo os principais na Alemanha que são o automotivo, eletrônico, mecânico, químico e farmacêutico.

Alemanha versus Brasil

Sobre a Alemanha com relação à indústria no Brasil, o professor faz um breve comparativo: “estamos ainda arranhando a superfície das tecnologias e a forma com que são utilizadas. Na ânsia de buscarmos a indústria 4.0, ainda nos perdemos em alguns autoenganos”.

Para ele, não adianta ter computadores e robôs no chão de fábrica – isso não reproduz por completo o ambiente da Indústria 4.0. O principal exemplo que o país tem a seguir, a propósito, vem da própria Alemanha.

Ainda de acordo com o professor, para “ser uma Alemanha” é preciso investir em computadorização e conectividade.

“Hoje, devemos marchar nesses dois primeiros passos da implementação, de acordo com a ACATECH (Academia Alemã de Ciências e Engenharia)”, explica. E reforça que “este é o vestibular para ingressarmos na Indústria 4.0”, enfatizando a importância da Alemanha para o mercado industrial.

“Como disse a ACATECH de forma pragmática, precisamos digitalizar nossas indústrias. É a grande lição de casa dos anos vindouros para o nosso país”.

Conforme o professor, existe uma grande preocupação com relação a indústria brasileira, que a Alemanha já superou: o risco da implantação da Indústria 4.0 sem os fundamentos da manufatura enxuta. “É digitalizar o caos, é como construir uma casa sem alicerces. Neste caso, estamos atrasados”.

“Ter um chão de fábrica racionalizado e sem desperdícios é imprescindível para a digitalização”, detalha o especialista. Isso porque, para ele, é necessário um mergulho em 5S, troca-rápida, Poka-Yoke, SMED, etc.

Só assim, o Brasil alcançará os diferenciais da indústria alemã. Até lá, o caminho é longo.

Agora que você conhece os diferenciais da indústria alemã, veja também o panorama da indústria japonesa.