Por Júlia Bertazzi*
Como resultado da transformação das fábricas em direção a Indústria 4.0, a fronteira entre os mundos físicos e o virtual está cada vez mais tênue. Isso se deve à incorporação de tecnologias e conexão em rede. Neste cenário, os dados estão se tornando um elemento central da criação de valor e disponibilização de informações relevantes em tempo real, gerado na engenharia, na produção, na operação de máquinas, fábricas e produtos conectados, até mesmo ao longo de toda a rede de valor
A colaboração inovadora entre as fronteiras da empresa e da concorrência é essencial para permitir que esses dados sejam coletados e que as empresas ofereçam novos modelos de negócios baseados em dados autodeterminados. Tradicionalmente os dados são compartilhados bilateralmente. Por exemplo, exclusivamente entre o fornecedor e a organização ou entre parceiros estratégicos.
No entanto, esta visão está avançando em direção a uma nova abordagem: o monitoramento de condições colaborativo. Ele permite que vários participantes na rede de valor, aumentem a confiabilidade e a vida útil das plantas de produção e, assim, criem valor agregado para todas as partes interessadas, ou seja, esta nova abordagem se baseia na cooperação multilateral entre empresas e concorrentes e dá origem a novos modelos de negócios
Usando essa abordagem, benefícios mútuos podem ser alcançados no ecossistema se todos os participantes do mercado compartilharem seus dados e os disponibilizarem em plataformas digitais independentes. O valor agregado gerado pelo uso de métodos de correlação e análise de dados pode resultar, por exemplo, no aumento da vida útil de máquinas ou componentes.
A visão é adicionar uma dimensão colaborativa ao monitoramento de condição convencional, coletando e compartilhando dados não apenas bilateralmente, mas multilateralmente em toda a rede de criação de valor. Isto contrasta com a cooperação usual entre fornecedores e clientes que existiu até o momento e que é normalmente definida em acordos e contratos. O objetivo é prever os ciclos de vida e as probabilidades de falha no sistema geral, com base em uma análise correlacionada de dados operacionais que são inicialmente fragmentados.
Neste cenário, a questão principal levantada é como esses benefícios podem ser realizados em todo o ecossistema, respeitando, dentre outros, aspectos jurídicos e legais?
Discussões inovadoras e tendências atuais do mundo da engenheira, como a abordada neste artigo, são comumente discutidas na VDI-Brasil, Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha, reconhecida como a maior associação técnico cientifica da Europa.
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*Júlia de Andrade Bertazzi é engenheira e Gerente de Projetos na Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha.