Por: Júlia Bertazzi*

A Indústria 4.0 e as tecnologias habilitadoras são realidades não apenas na indústria manufatureira, marcando presença também no setor de alimentos e bebidas, no qual toda a cadeia do setor alimentício, do campo até a fábrica e a mesa do consumidor, pode ser analisada, controlada, melhorada e evoluir constantemente. Incluindo ações sustentáveis a favor do meio ambiente.

Com o apoio de tecnologias adequadas, as organizações podem mapear as etapas e processos da cadeia do setor alimentício e prever, bem como se preparar para quebras de safra, mudança das exigências dos clientes e, principalmente, eficácia nos requisitos de segurança alimentar. Os fabricantes podem melhorar a distribuição e a utilização de recursos, configurar fluxos de trabalho produtivos, reduzir impacto ambiental e permitir que os equipamentos sejam programados para identificar limites críticos e otimizados quando necessário.

No Brasil, o agronegócio é símbolo de pesquisa e desenvolvimento e se destaca pelas soluções tecnológicas já desenvolvidas que revolucionam o mercado continuamente. No entanto, apesar do avanço da tecnologia beneficiar a agricultura, ainda muito se perde durante os processos de produção. A alta de preços dos alimentos e outras consequências socioeconômicas potencializadas pela pandemia da Covid-19 aumentaram ainda mais a gravidade dessa situação. Isto causa um impacto direto na segurança alimentar da população.

Segurança alimentar expressa a garantia de todas as dimensões que inibem a ocorrência da fome. Ela inclui a disponibilidade e acesso permanente de alimentos, pleno consumo sob o ponto de vista nutricional e sustentabilidade em processos produtivos e sofre grandes impactos se tratando das mudanças climáticas, degradação dos solos, escassez hídrica, poluição, explosão demográfica, falhas de governança, crises sanitárias e socioeconômicas.

A segurança alimentar também pode ser evidenciada pelo aumento da eficiência na produção agrícola e a redução do desperdício de alimentos. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), mais de 30% da produção mundial é desperdiçada a cada ano entre as fases de pós-colheita e a venda no varejo.

De acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial Inovação, o investimento no setor ainda é muito baixo, entre 2010 e 2018, um total de US$ 14 bilhões foi investido em cerca de 1.000 startups dos sistemas alimentares, enquanto US$ 145 bilhões foram investidos em aproximadamente 18.000 startups relacionadas à saúde no mesmo período.

Apesar de ainda termos um longo caminho pela frente, a digitalização nas empresas se comprova um grande passo a favor da contribuição com a segurança alimentar. Muitas empresas de TI estão entrando no setor agro e o número de startups de agronegócio está crescendo de maneira exponencial a cada ano. Um dos grandes desafios é pensar em alternativas para fazer com que as tecnologias 4.0 cheguem às pequenas propriedades no Brasil.

Discussões inovadoras e tendências atuais do mundo da engenharia, como a abordada neste artigo, são comumente discutidas na VDI-Brasil, Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha, reconhecida como a maior associação técnico cientifica da Europa. Entre em contato e saiba mais: [email protected]


*Júlia de Andrade Bertazzi é engenheira e Gerente de Projetos na Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha.