A indústria química é um dos setores mais estratégicos da economia global, fornecendo produtos químicos essenciais para diversos segmentos. No Brasil, esse setor enfrenta desafios como a dependência da importação de insumos e a necessidade de modernização para se manter competitivo.
Com incentivos do governo federal para fortalecer a produção nacional, como o Regime Especial da Indústria Química (REIQ), empresas vêm investindo em tecnologia e sustentabilidade. Em 2025, o setor anunciou R$ 759,3 milhões em investimentos, impulsionando a inovação e a geração de empregos.
Neste artigo, vamos explorar o impacto da indústria química no Brasil, seus desafios e perspectivas para o futuro. Acompanhe!
O que é a indústria química?
A indústria química transforma matérias-primas em compostos químicos essenciais para diversos setores, como farmacêutico, automotivo e têxtil.
Seus processos incluem polimerização, síntese química, destilação e catálise, garantindo a produção de plásticos, medicamentos, corantes e solventes.
A tecnologia avançada e o rigoroso controle de qualidade tornam esse setor fundamental para a inovação e o crescimento industrial.
Nos últimos anos, a produção industrial química evoluiu com a automação e a Indústria 4.0, permitindo maior eficiência e segurança. A sustentabilidade também ganha destaque, com investimentos em bioplásticos, solventes ecológicos e estratégias para a gestão de resíduos.
Esse avanço posiciona a indústria química como peça-chave para o desenvolvimento econômico e tecnológico do Brasil.
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O que ela produz?
A indústria química é uma das mais diversificadas do mercado, atendendo desde indústrias de base até bens de consumo. Veja a seguir alguns produtos químicos essenciais para o mercado.
Matérias-primas essenciais para a indústria química
- Derivados fósseis: petróleo e gás natural;
- Minerais industriais: potássio, enxofre e sal;
- Fontes renováveis: biomassa, etanol e açúcar;
- Elementos estratégicos: hidrogênio e celulose.
Principais produtos da indústria química
- Setor agrícola: fertilizantes, defensivos e rações;
- Farmacêutico: princípios ativos para medicamentos;
- Materiais industriais: plásticos, borrachas e fibras;
- Revestimentos e adesivos: tintas, vernizes e colas.
A cadeia de suprimentos da indústria química abrange diversos segmentos:
- Produção agrícola: cultivo de grãos, frutas e hortaliças.
- Criação animal: pecuária, avicultura e piscicultura.
- Cuidados com a saúde e higiene: fabricação de vacinas, medicamentos, máscaras e produtos desinfetantes.
- Indústria alimentícia: desenvolvimento de embalagens, aditivos e conservantes.
- Setor de transportes: fabricação de veículos, máquinas agrícolas e equipamentos pesados.
- Moda e vestuário: produção de tecidos, calçados e acessórios.
- Móveis e eletrodomésticos: fabricação de cadeiras, mesas, aparelhos eletrônicos e utensílios domésticos.
- Construção e infraestrutura: materiais como concreto, revestimentos, fiações elétricas e tubulações.
A importância da indústria química
A indústria química ocupa a 4ª posição mundial em faturamento e representa 11% do PIB industrial no Brasil, sendo a 3ª maior indústria do país e fundamental para o desenvolvimento econômico e tecnológico do Brasil.
Seu impacto econômico vai além da produção: o setor gera mais de 2 milhões de empregos diretos e indiretos, arrecada R$ 30 bilhões em tributos federais anualmente e lidera a arrecadação da indústria nacional, correspondendo a 13,1% do total de tributos do setor industrial.
Além de sua relevância econômica, a indústria química brasileira se destaca pelo compromisso com a sustentabilidade química, utilizando 82,9% de fontes renováveis de energia, o que a torna referência mundial em energia limpa.
Comparada aos concorrentes internacionais, a produção química no Brasil emite 50% menos CO₂ por tonelada de produtos químicos fabricados, reduzindo significativamente seu impacto ambiental.
Cada R$ 1 milhão investido no setor gera um acréscimo de R$ 960 mil ao PIB e cria 15 novos empregos, enquanto investimentos voltados à química sustentável podem ampliar esse impacto para R$ 1,78 milhão no PIB e 30 novos empregos.
Os dados foram apresentados no Encontro Anual da Indústria Química de 2024, realizado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Panorama da indústria química no Brasil
A indústria química brasileira se mantém como um dos setores mais relevantes da economia nacional, ocupando a 4ª posição mundial em faturamento. Ainda de acordo com a Abiquim, o setor registrou um faturamento líquido de US$ 158,6 bilhões em 2024.
Os principais segmentos e seus faturamentos foram:
- Produtos químicos de uso industrial – US$ 57,7 bilhões
- Produtos farmacêuticos – US$ 38,2 bilhões
- Defensivos agrícolas – US$ 19,4 bilhões
- Fertilizantes – US$ 13,9 bilhões
- Higiene pessoal, perfumes e cosméticos – US$ 12,3 bilhões
- Produtos de limpeza e afins – US$ 7,5 bilhões
- Tintas, esmaltes e vernizes – US$ 5,8 bilhões
- Fibras artificiais e sintéticas – US$ 1,1 bilhão
- Outros produtos químicos – US$ 2,7 bilhões
Apesar da relevância do setor, a receita em dólares apresentou uma queda de 2,3% em relação a 2023, enquanto, em reais, houve um aumento de 2,1%, refletindo oscilações cambiais e desafios na competitividade do mercado nacional.
Segundo o Relatório Estatístico de Comércio Exterior da Indústria Química (Rece), divulgado pela Abiquim, o Brasil segue fortemente dependente da importação de produtos químicos, com um volume de US$ 63,9 bilhões importados em 2024, o maior registrado nos últimos dez anos, exceto pelo pico de US$ 80,3 bilhões em 2022.
Houve um aumento de 11,5% na quantidade de produtos químicos importados, totalizando 65,3 milhões de toneladas, sendo que 41,1 milhões de toneladas correspondem a intermediários de fertilizantes.
O futuro da indústria química e tendências sustentáveis
A indústria química brasileira está em um momento estratégico para consolidar sua transição para um modelo mais sustentável e competitivo.
Conforme o relatório Perspectivas para a Indústria Química 2025, da Deloitte, e com as análises da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o setor tem avançado em iniciativas alinhadas à economia de baixo carbono e ao uso de tecnologias que reduzem ou neutralizam emissões de gases de efeito estufa.
O fortalecimento da química renovável, a captura e estocagem de carbono e a reciclagem química são algumas das principais apostas para o futuro.
Além disso, o Brasil se destaca pela adoção de energia limpa, com 83% da matriz energética proveniente de fontes renováveis, o que contribui para reduzir as emissões de CO₂ pela metade em relação aos principais concorrentes globais.
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Oportunidades para investir no mercado
O avanço da química de baixo carbono abre novas oportunidades de investimento, especialmente na produção a partir de biomassa e no desenvolvimento de materiais sustentáveis.
A recente aprovação do Projeto de Lei do Inventário Nacional de Substâncias Químicas representa um marco regulatório que alinha o Brasil às melhores práticas globais, aumentando a competitividade da indústria no mercado internacional.
Com a regulamentação de mais de 15 mil substâncias químicas, a expectativa é de maior segurança ambiental e ampliação da participação brasileira no comércio global de produtos químicos sustentáveis.
Impacto da regulação ambiental e normas de segurança
O Brasil está se consolidando como referência no Hemisfério Sul em regulação do uso de substâncias químicas.
No entanto, desafios persistem, como a necessidade de um marco regulatório para o suprimento de matéria-prima, especialmente para garantir preços competitivos de gás natural, etano e nafta (composto de petróleo).
A energia brasileira, embora sustentável, ainda apresenta custos elevados, o que limita a competitividade da indústria química nacional frente a mercados que recebem incentivos governamentais expressivos, como os Estados Unidos, União Europeia, Canadá e Japão.
O engajamento do setor público em políticas de incentivo será essencial para consolidar a transição da química fóssil para a química renovável, equilibrando inovação e competitividade.
Redução da poluição ambiental e gestão de resíduos
A indústria química tem grande participação na descarbonização de outros setores, oferecendo soluções para a captura e reutilização de carbono e promovendo a economia circular.
A Agenda 2050 da ONU serve como referência para a indústria química brasileira, que desempenha um papel essencial na produção de fertilizantes, defensivos agrícolas, medicamentos e materiais para saneamento e abastecimento de água potável.
A transição para um modelo de baixo carbono depende do fortalecimento de políticas públicas e incentivos para garantir que a produção sustentável ocorra em escala compatível com as necessidades do mercado.
Como o setor pode continuar crescendo no Brasil e no mundo
Para manter sua relevância no mercado internacional, a indústria química brasileira precisa fortalecer parcerias entre o setor privado e o governo, garantindo condições regulatórias e de mercado adequadas para a competitividade.
A capacidade do Brasil de liderar globalmente a transição para uma indústria química mais limpa depende de investimentos estratégicos, da modernização do setor e de políticas que promovam a inovação sem comprometer a competitividade.
Dessa forma, o setor segue transformando desafios em oportunidades, promovendo o desenvolvimento tecnológico e econômico do país, enquanto fortalece seu compromisso com a sustentabilidade e a segurança ambiental.
Quer saber mais sobre as inovações e desafios das indústrias no Brasil? Acompanhe nossos conteúdos para ficar por dentro das tendências do setor e como ele impacta o futuro da produção industrial!