Investir em soluções de IIoT, ou Internet das Coisas Industrial, é um importante passo para alcançar bons resultados com a indústria 4.0. A Acatech, importante academia de engenharia alemã referência em indústria 4.0, define que um passo essencial para o 4.0 está na digitalização. Contudo, esse caminho ainda é longo para que novas tecnologias façam parte de forma representativa do dia a dia das indústrias brasileiras. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o País possui cerca de 700 mil indústrias, mas somente 1,6% aderiram às soluções da quarta revolução industrial. Apesar disso, o Brasil tem potencial para ser bem-sucedido na implementação dessas tecnologias, conforme o relatório Readiness for the Future of Production Report de 2018. Nesse contexto, para acelerar a adesão à indústria 4.0, como levar digitalização à minha indústria? A resposta está no campo.
Uma das dificuldades do chão de fábrica é estabelecer a comunicação máquina-máquina, uma vez que cada equipamento possui um protocolo de comunicação diferente e, em alguns casos, as soluções disponíveis para tanto são baseadas na compra de licenças complexas e limitadas. Com as soluções de IIoT é possível estabelecer a comunicação entre os diferentes dispositivos e máquinas fabris, extraindo importantes dados que serão cruciais na tomada de decisão. Em outras palavras, a tecnologia ‘faz o trabalho árduo’, integrando diferentes sistemas e máquinas, facilitando a troca de dados de forma padronizada e segura.
Isso é fundamental não só para entender o fluxo de trabalho da indústria, mas principalmente para identificar gargalos que estejam dificultando a produtividade do setor e auxiliar importantes técnicas e metodologias de gestão de processos, como a análise e investigação de causa raiz e seus impactos nas ocorrências de desvios de eficiência industriais. Esse fator contribui para o aprimoramento de diagnósticos internos e externos, além do controle e rastreabilidade da produção. De maneira geral, o IIoT pode ser utilizado para dar agilidade em diversas áreas e processos da indústria, tais como: rastreabilidade de produtos e ativos, monitoramento de consumo de energia, acompanhamento de informações de entrada e saída, controle de estoque, otimização de operações, controle de movimento, posição e velocidade de equipamentos industriais e aperfeiçoamento de soluções de segurança do trabalho.
No mercado já existem soluções que buscam otimizar a rotina do chão de fábrica, uma delas está sendo desenvolvida dentro do LabFaber, laboratório-fábrica para desenvolvimento, experimentação e capacitação em Indústria 4.0 da Fundação CERTI. O Smart SMEMA é um hardware direcionado para as linhas de manufatura eletrônica, instalado de forma paralela aos sinais e protocolos padronizados e já existentes dos equipamentos destas linhas, interpretando-os e transformando-os em importantes informações, como tempos de ciclo, taxa de saída, contagem de peças produzidas, tempos de agregação e não agregação de valor, incluindo tempos de transporte e starved/blocked, onde há medição dos impactos que a ociosidade das máquinas ocasionam na linha. De modo prático, uma das aplicabilidades da solução está relacionada à comunicação de processo, onde um equipamento avisa o outro se está pronto ou não para receber uma peça, por exemplo. Isso agiliza o fluxo do chão de fábrica, uma vez que a máquina não ficará ociosa e nem sobrecarregada demais.
Com a implementação das tecnologias IIoT, o setor industrial passa a ser mais produtivo, competitivo e ágil, uma vez que, utilizando dados (conceito data-driven), a indústria pode reduzir significativamente o tempo de resposta entre a demanda e a produção, podendo inclusive prever com mais assertividade o tempo necessário para a produção da demanda recebida. Essas características são fundamentais para a garantia da competitividade e recuperação do setor, principalmente no atual contexto de perdas e transformação digital provocadas pela pandemia da covid-19, estabelecendo-se cada vez mais como um importante segmento da economia brasileira.