De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), na pesquisa Indicadores Industriais de abril de 2019, o cenário aponta para um aumento da atividade industrial. Além disso, ainda segundo a CNI, 24 setores industriais no Brasil, 14 estão atrasados em relação à adoção de tecnologias digitais como a IoT (Internet das Coisas). Dessas, a maioria aponta a falta de recursos financeiros e a burocracia como principais impedimentos.

Assim, o Brasil investe menos de um quinto da média de grandes economias em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Ou seja, o índice médio investimento nesta área fica em 1,6%. Como comparativo: EUA destinaram US$ 533 bilhões a P&D em 2017, a China aportou US$ 279 bilhões e o Japão, US$ 202 bilhões. Entretando, no Brasil este valor não superou US$ 20 bilhões.

Cenário e causas diversas

Para José Rizzo, CEO da Pollux, especializada em tecnologia industrial, o cenário nacional é diversificado. Assim, indústrias avançadas e tradicionais dividem espaço e mercado. “Temos por aqui algumas das fábricas mais avançadas do mundo e somos capazes de fazer sistemas de manufatura inovadores e de altíssima qualidade que exportamos para outras nações. Mas é verdade que, se considerarmos a média dos setores, o Brasil está muito atrás em relação às economias mais desenvolvidas e industrializadas”, conta.

De acordo com o Rizzo, as causas desse “atraso”
também são diversas. “Em minha opinião, os três principais, em ordem de
importância são: (a) A continuada instabilidade econômica que inibe
investimentos de forma geral e gera insegurança quanto ao retorno esperado, (b)
a altíssima carga tributária que faz a automação industrial e tecnologia de
forma geral terem preços muito elevados quando comparados aos praticados no
resto no mundo; e (c) nossas deficiências educacionais, tanto no aspecto
qualitativo quanto no quantitativo, quando consideramos o tamanho da economia
brasileira. Assim que a indústria acelerar, teremos um apagão de mão de obra
especializada”, defende.

Investimento e recuperação

Embora os investimentos registrados no país sejam
tímidas, divididos entre maquinário e tecnologia, o cenário aponta para um
momento cada vez mais positivo. “Entendo que a falta de investimentos no Brasil
esteja fortemente ligada à instabilidade econômica e à insegurança quanto ao
futuro próximo. Acredito verdadeiramente que um cenário mais positivo,
possivelmente pós reformas, já deverá ser suficiente para começar a mudar esta
realidade. Não acho que haja motivações culturais ou falta de visão, mas sim
muita insegurança na hora de investir”, analisa Rizzo.

Ou seja, o atraso só poderá ser minimizado no longo prazo.  “Do ponto de vista prático, precisamos simplificar e reduzir o custo de se fazer negócios no Brasil. É preciso enxugar o Estado e atacar o déficit público, e ter à frente das políticas e iniciativas educacionais nossos melhores e mais capacitados especialistas”, aponta. “Em um país de economia robusta e população escolarizada, inovação e pesquisa florescem naturalmente”, conclui Rizzo.

Parceria entre empresas, universidades e startups