Nos últimos anos, em todo o mundo, houve aumento significativo no número de indústrias que investem em tecnologias digitais e manufatura 4.0, e a tendência é que essa aposta cresça bastante daqui para frente.
Essa é a constatação de uma pesquisa mundial da Nokia, realizada em parceria com a ABI Research. No estudo, foram entrevistados mais de 600 tomadores de decisão, que avaliaram estratégias de investimento relacionadas à manufatura 4.0, com o uso das tecnologias 4G/LTE, 5G e Indústria 4.0.
Saiba mais sobre as tendências de investimento em manufatura 4.0 definidos pela pesquisa e veja em quais áreas esses investimentos tendem a ocorrer.
349 milhões de conexões 5G no chão de fábrica para os próximos anos
Segundo a pesquisa, 74% dos entrevistados pretendem atualizar suas redes de comunicação e controle até o final de 2022, com mais de 90% ponderando o uso de 4G e/ou 5G em suas operações, já que entendem que muitos serão os benefícios destas tecnologias.
Além disso, pouco mais da metade dos entrevistados (52%) acredita que a última geração de 4G/LTE e 5G será necessária para atingir seus objetivos de transformação.
Assim, a tendência é que a fábrica digital fique cada vez mais conectada e sem fio, com as principais áreas de investimento sendo automação e atualizações de máquinas (47%), iniciativas de IIoT (41%) e infraestrutura de nuvem em (37%).
“Até 2030, teremos cada vez mais ferramentas conectadas, rastreamento de ativos e PLCs conectados principalmente com tecnologia 5G”, acredita Wilson Cardoso, Chief Solutions Officer da Nokia para a América Latina.
“Quando falamos de manufatura 4.0, esperamos um número de 349 milhões de conexões 5G no chão de fábrica, sendo que os anos de 2021 e 2022 são fundamentais na avaliação do 4G/5G quando a maioria dos fabricantes está procurando atualizar suas redes de comunicação/controle de fabricação, visando aumentar a rentabilidade e diminuição dos custos operacionais durante um período de 5 anos”, complementa Cardoso.
No caso do Brasil, o ambiente regulatório se mostra alinhado com as necessidades da indústria, como pode ser comprovado pelos últimos atos da Anatel, em que frequências de 3,7 a 3,8 GHz e 27,5 GHz a 27,9 GHz foram atribuídas às redes privativas.
“Além disso, as primeiras redes que podem suportar 5G em uso industrial, como a implantada pela Neoenergia em parceria com a Nokia, já nos permitem avaliar o potencial dessa tecnologia”, avalia Wilson Cardoso.
Desafios precisam ser superados para que os investimentos em manufatura 4.0 se confirmem
Os drivers de investimento em sistemas de fabricação inteligentes são principalmente orientados ao curto prazo para evitar tempo de inatividade da máquina (53%), melhorar a eficiência das operações (42%) e aprimorar a segurança (36%).
Porém, para Wilson Cardoso, há alguns desafios que precisam ser superados para que os investimentos em manufatura 4.0 tragam os benefícios esperados, transformando o “custo elevado” em investimento com alto retorno.
“Temos como desafios técnicos o acesso de espectro de reguladores e órgãos de especificação 5G para firmar a conectividade padrão, para que um ecossistema de dispositivos possa ser estabelecido”, explica.
No entanto, o desafio dos negócios é principalmente a justificativa do Capital Expenditure necessário para uma implantação de rede celular privada. “Enquanto o entendimento de alto nível da tecnologia existe, definir e quantificar casos de uso para justificar o investimento ainda é um cenário desafiador”, diz o diretor da Nokia.
Neste sentido, um dos fatores fundamentais no âmbito do Brasil é o ganho de produtividade que a tecnologia 5G trará à manufatura 4.0, mas isso precisa ser mostrado ao setor.
“Essa tecnologia precisa ser aplicada nas mais diversas indústrias, o que nos leva ao último ponto no acordo do SENAI-SP e Nokia para a formação de especialistas em conectividade para a indústria e manufatura 4.0”, explica Cardoso.
A atual pandemia, por enquanto, não afetará os investimentos
Com base nos dados da pesquisa, o investimento no setor 4.0, hoje, se torna fundamental para obter uma clara vantagem econômica competitiva sobre aqueles que optam por esperar.
Wilson Cardoso estima um benefício econômico, traduzido em ganho no PIB da indústria, de R$ 250 bilhões em 2035. “Esse ganho é extremamente significativo, pois é transversal a todos os segmentos da indústria”, complementa.
Por fim, apesar de as consequências do novo coronavírus ainda serem incertas, a tendência é que os projetos de investimentos pré-pandemia sejam mantidos, como é o caso dos investimentos da Nokia.
“Todos os projetos que tínhamos antes da crise do COVID-19, relativos à implantação de redes 4G/5G para o uso deste tipo de aplicação, estão mantidos”, finaliza o diretor gigante de tecnologia.