A partir da Segunda Guerra Mundial, houve uma necessidade natural de investir em novos equipamentos para a indústria. O grande foco nesse momento foi em automatização e sofisticação de processos. O Japão foi um dos países que, de pronto, investiu em desenvolvimento de tecnologia. Dessa forma, se tornou um dos líderes mundiais na aplicação de robôs.

É nesse contexto que surge a Manutenção Produtiva Total, também conhecida por TPM. O termo foi definido originalmente pelo Japan Institute of Plant Maintenance (JIPM). TPM é mais do que um conjunto de regras que elevam o nível de qualidade e eficiência.

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O que é Manutenção Produtiva Total?

A Manutenção Produtiva Total é um conjunto de estratégias e cuidados com o maquinário industrial, que visa garantir o seu bom funcionamento contínuo. 

A ideia é evitar que surjam problemas que possam interromper a produção, prejudicando as indústrias.

“A Manutenção Produtiva Total ajuda a moldar a consciência de todos na empresa na procura pela excelência”, pontua o gerente técnico comercial da Hexagon Manufacturing Intelligence do Brasil, Henrique Moreira.

Inicialmente, o propósito incluía a maximização da eficácia do equipamento. Ou seja, o desenvolvimento de um sistema de manutenção produtiva que cobrisse a vida útil do equipamento e o envolvimento de todos os funcionários. Assim, desde a alta gerência até o chão de fábrica, todos faziam parte do processo.

No entanto, atualmente, a Manutenção Produtiva Total ajuda de várias maneiras a indústria. Esse auxílio vai desde trabalhar na capacitação contínua dos colaboradores até a focar na eficiência por meio de planos de manutenção.

Dessa forma, é possível proporcionar um ambiente de trabalho otimizado com métodos bastante evoluídos de controle de qualidade.

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Objetivos da Manutenção Produtiva Total

A TPM tem como principal objetivo suscitar uma manutenção planejada e programada. Ela se baseia no comportamento humano e entende que o aumento da disponibilidade, fácil operação e manutenção das máquinas e equipamentos contribuem para manter um ambiente industrial produtivo e com qualidade.

Dentro dessa metodologia, há três sub-objetivos que merecem ser destacados: quebra zero, defeito zero e acidente zero nas empresas.

Benefícios da Manutenção Produtiva Total

De acordo com Moreira, os benefícios obtidos com a TPM já são bastante visíveis a curto prazo. “Por exemplo, há uma melhoria do ambiente de trabalho por conta da valorização dos colaboradores com os treinamentos realizados”, conta.

De forma geral, esses benefícios podem ser divididos em tangíveis e intangíveis. Os tangíveis dizem respeito ao aumento da produtividade líquida, que varia de 50% a 100%, e da planta, que acompanha o mesmo percentual. Os defeitos, por sua vez, podem cair 90% e as reclamações dos clientes passarem a significar apenas 25%.

Além disso, vale destacar que os custos de produção podem sofrer uma redução de 30%.

Já os benefícios intangíveis passam por uma autogestão por parte dos funcionários. Nela, os operadores cuidam dos seus próprios equipamentos sem direcionamentos constantes. Além disso, desenvolvem um local de trabalho limpo e organizado, bem como estabelecem autoconfiança e atitude proativa.

Isso contribui significativamente para a redução das paradas e dos defeitos em equipamentos.

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Manutenção Produtiva Total no Brasil

No Brasil, de modo geral, a metodologia não é usada em sua plenitude como acontece no Japão, por exemplo.

“Pequenas e médias empresas acabam lançando mão de algumas das ferramentas ou boas práticas proporcionadas pela Manutenção Produtiva Total. Dessa forma, acabam não se beneficiando dos resultados que uma implantação completa do sistema traria”, comenta o gerente técnico comercial da Hexagon Manufacturing Intelligence.

Como planejar?

Assumir uma nova metodologia de gestão e de trabalho envolve, também, a cultura organizacional da empresa. Por isso, não é possível mudar do dia para a noite. São precisos uma sensibilização e um apoio da mudança envolvendo todos os níveis de hierarquia.

Todos devem compreender os benefícios que a MPT trará para a rotina laboral e para a empresa e, assim, se engajarem na implementação. Ainda, os gestores devem conseguir mapear e desenhar assertivamente as tarefas e os processos. Além disso, precisam definir indicadores adequados para mensurar os resultados. 

É comum que se implemente, também, comitês formados por funcionários de todas as hierarquias. A ideia é gerar ideias, melhorias, relatar dificuldades e para se disseminar as políticas e diretrizes aos colaboradores de modo ágil e eficiente.

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Quais são os pilares da TPM na indústria?

Para estruturar uma metodologia de Manutenção Produtiva Total na sua empresa, é preciso entender os 8 princípios nos quais esse conceito se baseia. São eles:

  1. Manutenção autônoma: Esse pilar se baseia em capacitar toda a sua equipe para que cada um deles tenha condições e autonomia para contribuir com os cuidados dos equipamentos. Dessa forma, todos são responsáveis por cuidados básicos como lubrificação, limpeza e regulagem, além da identificação de problemas mais sérios.
  2. Manutenção da qualidade: Consiste no uso de sistemas de controle de qualidade e de inspeção automática para identificar um produto defeituosos ou abaixo do padrão que tenham sido gerados pelas máquinas;
  3. Controle inicial: É a busca por trabalhar com produtos de mais fácil produção e maquinário de operação mais simples, permitindo uma adaptação mais rápida as condições do mercado.
  4. Treinamento da equipe: Possuir um time formado por mão-de-obra qualificada melhora a eficácia do uso dos equipamentos, além de uma adaptação mais veloz ao surgimento de novas tecnologias.
  5. Manutenção planejada: São os cuidados periódicos que visam evitar a interrupção do funcionamento em função de imprevistos do processo produtivo. Se baseia na manutenção preditiva, que avalia constantemente os indícios de anomalia no maquinário, e a manutenção preventiva, que faz a gestão dos sobressalentes para evitar a interrupção das atividades.
  6. Melhorias específicas: Visa o aumento da produtividade do equipamento, utilizando de organização de processos para analisar a sua disponibilidade, qualidade e eficiência, concedendo o melhor uso possível para ele.
  7. Sustentabilidade, higiene e segurança: Esse pilar foca no cuidado com as condições de trabalho dos seus colaboradores, garantindo um ambiente seguro, limpo e que seja sustentável ambientalmente, o que colabora para a motivação da sua equipe.
  8. Eficiência Administrativa: É o cuidado com os processos do setor administrativo, para que ele contribua para o ganho de produtividade e eficiência da empresa, e não se torne um entrave processual.

Focando nesses 8 pilares, você consegue estruturar um bom plano de TPM industrial, que garanta a continuidade da produção e ajude a sua indústria a se tornar ainda mais eficiente.

Você já conhecia a Manutenção Produtiva Total na indústria? Pensa em adotar essa metodologia em sua empresa? Então continue acompanhando A Voz da Indústria para ficar por dentro de mais dicas de gestão como essa!.