Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que apenas 1,6% das empresas brasileiras afirmam operar no formato conhecido como Indústria 4.0. Dos 24 setores industriais, mais da metade (14) estão atrasados em relação à adoção de tecnologias para otimizar processos produtivos. Esses 14 representam, segundo o IBGE, cerca de 40% da produção industrial do País. A Indústria 4.0 tem impacto significativo na produtividade das empresas, pois aumenta a eficiência no uso de recursos e no desenvolvimento de produtos em larga escala, além de propiciar a integração do Brasil em cadeias globais de valor.

Dentro deste contexto, o MES (Manufacturing Execution Systems ou Sistema de Execução da Manufatura) é um sistema que possibilita o primeiro passo em uma jornada de transformação digital para a indústria 4.0 e um aumento de maturidade no uso de tecnologias, pois faz a integração vertical da manufatura, promovendo a conexão do chão de fábrica com os sistemas gerenciais da indústria.

O MES coordena a execução e a operação da manufatura industrial, desde a programação produtiva até o despacho do produto final, gerando informações da execução, em tempo real, por meio de funcionalidades de gerenciamento da produção, agendamento de ordens, qualidade, manutenção e gerenciamento de materiais de processos (work in process), apontando o real versus o planejado, conectando com máquinas e equipamentos e trocando informações com outros sistemas de suporte à decisão. A tecnologia auxilia na organização, no controle e no monitoramento dos processos industriais, fazendo com que haja aumento da eficiência e a diminuição de custos industriais.

Para os gestores, o sistema traz uma visão completa e transparente sobre o que está acontecendo no chão de fábrica. Com ele é possível saber se o que estava planejado para ser executado foi realmente para a produção, em qual status do processo ele está e em que momento ficará pronto. A ferramenta possibilita uma gama de possibilidades que ajudam na gestão dos processos industriais, como o controle estatístico de processos (CEP) e produtos, a gestão documental, o controle sobre as interrupções na produção, detalhando motivos e tempos das paradas e um gerenciamento detalhado dos consumos de matérias-primas e produtos semiacabados para a produção do produto final. O uso do MES possibilita, ainda, detectar onde é necessário investir, quais colaboradores necessitam ser treinados, entre outras informações referentes ao trajeto do produto na linha de produção.

A solução consegue se conectar com os equipamentos do chão de fábrica, independente do nível de tecnologia, coletando diretamente os dados necessários para o monitoramento da manufatura. Para máquinas que não possuam sistemas de automação é possível utilizar módulos I/O (Input/Output) dedicados para a coleta de dados em uma arquitetura flexível utilizando elementos de IIoT (Internet Industrial das Coisas). Por fim, é possível se conectar e trocar informações com outros softwares, promovendo a integração horizontal e compilando dessa forma informações cruciais que ajudarão o gestor a realizar uma tomada de decisão mais assertiva, pois terá em mãos análises e métricas que embasam a sua decisão.

Para implementar o MES na indústria é preciso passar por quatro etapas: análise e diagnóstico, projeto de implantação, testes e acompanhamento. Na primeira etapa é feita uma revisão de todos os processos mensurados e monitorados por outros sistemas na fábrica e é recomendável levantar custos por perdas de informações e por gargalos produtivos. Em seguida é hora de fazer o planejamento do projeto e adquirir os sistemas que irão auxiliar no dia a dia da fábrica, sendo possível dividir o sistema em módulos para implantar gradualmente e avaliar os resultados da implantação, focando primeiramente nos módulos com maior possibilidade de retorno financeiro.

Depois é preciso fazer os testes com a importância de envolver os operadores que irão utilizar as ferramentas para testar o desempenho do sistema. E, por fim, é feito o acompanhamento da solução escolhida, analisando se ela realmente está funcionando de maneira otimizada e identificando quais são os resultados obtidos e, assim, determinar a redução de custos no processo e avaliar os benefícios diretos como redução de erros, redução de papéis e o aumento da confiabilidade no processo.

O MES está se transformando em uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento da indústria e os seus benefícios são destacáveis em produtividade e rentabilidade. Contudo, nesta era moderna, se uma empresa quer crescer de forma sustentável, todos os seus processos devem estar migrando para o digital. Pois, por mais preparados que possamos estar, as ameaças externas são uma realidade na maioria das empresas, por isso estar prevenido com uma visão real e fidedigna do que a sua indústria está ou poderia estar produzindo é a melhor defesa para se proteger em momentos de instabilidade do mercado. O MES é um dos principais braços nessa jornada de digitalização.