Muitos se perguntam como adaptar o ensino em engenharia para formar os profissionais que o mercado deseja. A resposta não é simples e depende de muitos fatores, como o cumprimento de diretrizes nacionais curriculares, o público destinado ao curso, os investimentos disponíveis e as habilidades que desejamos desenvolver nos futuros engenheiros. Com base nestes desafios e na premissa de fornecermos um ensino moderno, eu propus em minha tese de doutorado uma metodologia de ensino denominada Maker Smart Education (MsE).

MsE, apresentada na figura abaixo, é a intersecção de três metodologias de ensino: a tradicional, a por desafio e a online.

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Na primeira delas, o processo de ensino-aprendizagem é centrado na figura do professor. Já na metodologia online, os alunos participam de fóruns de discussão, assistem vídeos e palestras, e exercem maior autonomia no processo de aprendizagem. A terceira citada é a aprendizagem por desafio, onde os alunos recebem uma proposta de trabalho desafiadora e ao final da atividade devem apresentar um protótipo funcional da solução projetada. É uma atividade que dá ao aluno um pouco do “gosto” do que será se tornar e trabalhar como engenheiro, atividade que eles adoram executar todos os semestres.

Para difundir o conhecimento, uma plataforma de ensino contínua é disponibilizada para que professores, técnicos e alunos conheçam as tecnologias disruptivas e um sistema de avaliação da metodologia possibilita que ela seja modificada de acordo com as necessidades atuais (que são dinâmicas).

Para suportar essa moderna metodologia de ensino foram selecionadas tecnologias disruptivas e que remodelam a produção de produtos e serviços na atualidade, como a realidade virtual, os laboratórios de fabricação digital (FabLab) e um laboratório 4.0, onde está localizada a Learning Factory (uma fábrica de pequenas proporções). Neste sistema de ensino os alunos podem desenvolver um produto para atender determinada demanda da sociedade, criar uma linha de produção automatizada para a fabricação do produto, estabelecer um sistema de gestão, indicadores de segurança, custos e produtividade, exatamente como na futura vida profissional.

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Atualmente desenvolvo uma pesquisa para saber a opinião de especialistas educacionais de países como Portugal, Polônia, Alemanha, Japão e Brasil a respeito da metodologia e tecnologias citadas. Parece um consenso que a Learning Factory é primordial para a formação de novos engenheiros, pois possibilita uma antecipação dos desafios profissionais e desenvolve habilidades nos alunos que apenas a situação real pode desenvolver. Os alunos podem trabalhar em grupos de habilitações distintas da engenharia, podem mesclar times de outras instituições de ensino e até de outros países. O uso das demais tecnologias, como o FabLab também contribuem ao processo, dando liberdade para os processos de inovação e empreendedorismo dos alunos.

Como resultado da aplicação da nova metodologia espera-se o desenvolvimento de skills importantes para quem quer atuar na indústria e no contexto da quarta revolução industrial. Se a metodologia é efetiva, o tempo dirá, mas com certeza o processo de aprendizagem é mais interessante e divertido para os alunos, algo que sentíamos falta quando cursamos Engenharia anos atrás.