Os dados mais recentes sobre o desempenho da economia brasileira têm criado um cenário favorável para a retomada da produção industrial. Conforme falamos anteriormente por aqui, o nível da atividade econômica registrado em agosto deste ano subiu 1,64% em relação ao mesmo período de 2016, e a expectativa é de que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça 0,72% até o final de 2017.

Este otimismo, claro, se reflete, também, no setor metalmecânico. Em entrevista exclusiva para A Voz da Indústria, José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), entidade que representa a indústria nacional de máquinas e equipamentos, fez uma análise especial sobre os efeitos da crise nos últimos anos, além de projeções para 2018 que sugerem um futuro melhor para todos: “O pior já passou, o Brasil voltará a crescer.”

Confira!

A Voz da Indústria: De que forma a crise econômica impactou a indústria metalmecânica nos últimos quatro anos?

José Velloso Dias Cardoso: Nós estamos saindo de uma crise muito severa. Entre dezembro de 2013 e julho de 2017, a indústria metalmecânica teve uma queda do faturamento da ordem de 50%, enquanto o consumo aparente de máquinas caiu 51% em todo o país. [O consumo aparente é o volume de máquinas que efetivamente fica no país, ou seja, tudo o que é produzido, somado ao que é importado, sem contar, obviamente, o que é exportado].

Este cenário de retração da indústria metalmecânica foi reflexo da queda de investimentos no país nos últimos anos. O Brasil, que até 2013 vinha investindo 21% do PIB, viu este percentual cair para 16% em 2016 e, neste ano, registrar, por enquanto, a marca de 15%.

A Voz da Indústria: As exportações contribuíram para amenizar os efeitos da retração do mercado interno?

José Velloso Dias Cardoso: A indústria de máquinas é o setor de transformação que mais exporta no Brasil. Nos últimos 30 anos, cerca de 30% do nosso faturamento adveio das exportações. Em 2013, foram exportados US$ 12 bilhões. Até o final de 2017, a previsão é que sejam embarcados US$ 9 bilhões, o que equivalerá a 40% do faturamento do segmento, ou seja, será um ano acima da média. Isso denota que os nossos preços são competitivos, que a tecnologia incorporada nas máquinas e equipamentos brasileiros é de ponta e que os prazos de entrega são cumpridos, entre outros fatores.

A Voz da Indústria: E agora, em qual situação se encontra a indústria metalmecânica brasileira?

José Velloso Dias Cardoso: Estamos saindo de um período de três a quatro anos de crise, com baixos investimentos, havendo uma grande demanda pela retomada dos investimentos. Falando da indústria brasileira em geral, não somente de máquinas-ferramenta, temo que o Brasil tenha ficado com um parque de máquinas mais antigo do que já tinha. Dessa forma, é inevitável que os empresários voltem a investir. Os marcadores econômicos e industriais começam a melhorar, os investimentos já estão engatilhados. A estimativa é de que a indústria metalmecânica feche 2017 com aumento de faturamento da ordem de 2% a 5%. Portanto, o pior já passou, sim, e o Brasil voltará a crescer. No entanto, a retomada do setor será mais forte em 2018, quando o seu faturamento deve ter um incremento superior a 5%.

A Voz da Indústria: Falando de futuro…

José Velloso Dias Cardoso: Já é possível falar que a crise ficou para trás e que, em 2018, é esperado um belo crescimento do setor de máquinas e equipamentos. A hora é de investir para voltar a vender.

A Voz da Indústria: No primeiro semestre de 2018, teremos a 2ª edição da Feimec – Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos. Qual a sua importância neste cenário pós-crise?

José Velloso Dias Cardoso: Neste contexto de retomada dos investimentos e crescimento do setor metalmecânico, a expectativa é a de que a Feimec seja uma feira de bastante sucesso. Neste ambiente de otimismo, a previsão é que o evento seja 60% maior do que a sua primeira edição, em 2016.