É fundamental saber classificar a severidade das ocorrências para um bom gerenciamento de riscos

Como é possível trabalhar com segurança em meio aos riscos aos quais somos expostos na indústria? Como dar alma às normas e aproveitar tudo o que elas representam?

Fernando Tadeu Guedes, Engenheiro Mecânico da FTFG Consultoria, deu uma palestra no Parque de Ideias da FEIMEC 2024 – Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos – sobre este assunto.

Qual é a diferença entre as palavras perigo e risco?

De acordo com Fernando, ambas não são intercambiáveis, pois apresentam conteúdos e alertas diferentes. “O perigo está em todo lugar. É algo que tem potencial de causar danos. Enquanto isso, o risco é a probabilidade de que o perigo ocorra”.

Ou seja, o risco é inerente ao perigo. Já à interação com o perigo é dado o nome de exposição.

Como gerenciar os riscos para evitar o perigo?

Segundo o engenheiro, é preciso adaptar o que não serve mais e gerenciar tudo. Além disso, melhorar a vulnerabilidade do ambiente. Por exemplo, o capacete, conforme explicações na palestra, é um EPI que não resolve o risco, mas minimiza a vulnerabilidade.

É essencial, portanto, saber como medir a probabilidade das ocorrências. Fernando explicou que uma tarefa importante de análise de risco é a determinação do nível conforme o possível acontecimento.

“O risco pode ser avaliado considerando a probabilidade de um evento ocorrer com base na exposição ao perigo.”

Para o palestrante, uma maneira simples de determinar essa probabilidade é classificar o risco de acordo com a sua frequência e o potencial de ocorrência. “Isso pode ser feito em uma escala simples de cinco pontos, que varia, por exemplo, de probabilidade rara a muito provável”.

Com base nisso, é fundamental ainda saber classificar a severidade da ocorrência. Em resumo, trata-se da avaliação da estimativa do impacto das consequências de um perigo como referência à pior situação possível.

Sendo assim, Fernando declarou na apresentação que, embora muitos compreendam perigo e risco como sendo a mesma coisa, são completamente diferentes, principalmente na área de segurança do trabalho.

Por sua vez, a vulnerabilidade é o conjunto de fatores que podem aumentar ou diminuir o risco ao qual podemos estar expostos na indústria.

Normas técnicas

O palestrante seguiu elucidando quais são as principais normas que orientam a segurança na indústria e a gestão de riscos.

ABNT

Conforme foi explicado na respectiva apresentação, é fundamental seguir normas e padrões como as da ABNT. Por exemplo, a ABNT NBR ISO 12100:2013 trata dos princípios gerais de projetos relacionados à apreciação e redução de riscos em máquinas. Nesse passo, a ABNT ISO/TR 14121-2:2018 aborda a apreciação e riscos em segurança de máquinas. É primordial pesquisa uma a uma.

Exemplos

Na mesma palestra do Parque de Ideias, Fernando Guedes definiu o conjunto de normas de segurança (nacional e internacional) como um preceituário.

Para exemplificar, ele citou algumas normas, com destaque para a PA.261-2011 da CETESB. Ela define perigo como “uma ou mais condições físicas ou químicas com potencial para causar danos às pessoas, à propriedade e ao meio ambiente”.

Para os riscos, o texto é o seguinte: “medida de danos à vida humana, resultante da combinação entre frequência de ocorrência de um ou mais cenários acidentais e a magnitude dos efeitos físicos associados a esses cenários”. A mesma norma diz que é preciso contabilizar o número de ocorrências de um evento por unidade de tempo.

Outra norma importante citada na palestra foi a ISO 45001-2018, cuja definição para perigo é: “fonte com potencial para causar lesões e problemas de saúde”.

Já para os riscos, encontramos assim: “efeito de incerteza. Um efeito é um desvio esperado – positivo ou negativo”.

NR-1

Por sua vez, a NR-1 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), também destacada na apresentação do engenheiro mecânico, vê o perigo como “um fator de risco ocupacional, fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à saúde. Elemento que isoladamente ou em combinação com outro tem o potencial de dar origem a lesões ou agravos à saúde”.

A NR-1 chama a atenção para o termo risco da seguinte maneira: “combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde, causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão à saúde”.

Após apresentar algumas normas e suas definições acerca de perigos e riscos, Fernando deixou um alerta.

“É muito importante, na consulta de uma norma, sabermos qual é a sua última versão.”

Saiba mais

Além das normas citadas, Fernando Guedes apresentou outras nacionais e também internacionais em sua palestra. Além disso, mostrou o seu jogo de animação que compreende explicações sobre normas, perigos e risco de maneira lúdica e simplificada: o “Anima Norma”.

Para conferir os vídeos animados e demais normas apresentadas, você pode assistir a palestra do Parque de Ideias da FEIMEC 2024 na íntegra por meio da plataforma Indústria Xperience. Acesse!