O mundo passou por quatro revoluções industriais, as quais transformaram a economia e todos os setores de manufatura. A quarta e última revolução é fruto das três anteriores.

A primeira (1760 a 1840) deu origem aos paradigmas que temos hoje na área de produção em grande escala, cujos modelos agrícolas e artesanais deram lugar ao método industrial de hoje em dia, com o uso das máquinas. A respectiva época foi marcada também pela fabricação de produtos químicos e a expansão do transporte de pessoas e produtos por ferrovias e navios a vapor.

Por sua vez, a segunda revolução industrial (1850 a 1945) teve como destaque o advento das indústrias químicas, elétricas, de petróleo e aço, bem como o progresso dos meios de transporte e comunicação.

Já a terceira revolução industrial trouxe consigo a substituição gradual da manufatura mecânica analógica pela digital, com o uso de microcomputadores e a chegada da Internet. A propósito, novos métodos de agricultura foram criados, justamente, pelas novas produções informatizadas.

O período da terceira revolução industrial (1950 a 2010) ficou caracterizado também pela introdução de novas fontes de energia, entre as quais, nuclear, solar e eólica. Surgiu também a engenharia genética, a biotecnologia e a invenção que passou por diversos ciclos até chegar ao que é hoje como um dos principais ganchos para a próxima revolução: o celular.

Isso porque a quarta revolução industrial (desde 2011), também conhecida como Indústria 4.0, nasceu com o objetivo de utilizar todas as tecnologias disponíveis à indústria, gerando cada vez mais conhecimento e produtividade.

A quarta revolução industrial, que ainda está em fase de implantação, visa aplicar todas as formas de tecnologia possíveis em favor da indústria, com destaque para a automação e eficiência operacional. Efetivamente, a ideia é transformar o mundo industrial em um universo cada vez mais inovador.

E a próxima revolução industrial?

O que se pode dizer sobre as próximas inovações para revolucionar mais uma vez a indústria é que já existem fortes pilares para alicerçar a chamada Indústria 5.0 – ainda que a 4.0 não esteja 100% completamente efetivada.

A ideia de mais uma revolução industrial traz conceitos importantes para um novo modelo de negócio baseado não só na otimização dos processos, mas também (ou principalmente) na junção do sucesso comercial com a qualidade de vida das pessoas.

Segundo João Pires, Executivo de Vendas da SPS Group, “esse conceito trata de adicionar o toque humano às inovações tecnológicas da Indústria 4.0”. Pires quer dizer que não se trata apenas de tecnologia, mas de um trabalho em conjunto entre máquinas e pessoas.

A Indústria 5.0, segundo o executivo da SPS, reconhece a importância dos avanços robóticos, digitais e de automatização, mas sem abrir mão do potencial da inovação criativa e do papel do ser humano no processo de manufatura.

“Na prática, ninguém imaginava que a Indústria 4.0 traria tantos avanços impressionantes e vantajosos em tão pouco tempo. Processos de interoperabilidade desenvolvidos por meio da inteligência artificial ganharam força nos últimos anos, proporcionando o surgimento de máquinas inteligentes, smartwatches, consultas online e muitos modelos de negócios descentralizados com soluções altamente modernas. Um dos exemplos mais clássicos foi o Bitcoin, criptomoeda que mais se destacou internacionalmente pela dispensa de controle e administração governamental”, completa.

Como a Indústria 4.0 motivou a 5.0?

A resposta é simples: a produtividade e a competitividade foram os grandes preceitos que conduziram a Indústria 4.0 nos últimos anos, dando abertura para a 5.0 se posicionar, conforme explica João Pires. O representante destaca ferramentas como IoT, machine learning e automação de processos.

“Agora, colhendo os frutos destes avanços, uma nova necessidade foi identificada e vem sendo redirecionada às estratégias corporativas. O ser humano se tornou o grande protagonista e o foco da quinta revolução industrial”, ressalta Pires.

E completa: “com uma arquitetura voltada a serviços, a preocupação com a sociedade, os processos ambientais e o impacto para a vida do ser humano se tornaram prioridade. Não à toa, os investimentos nas práticas socioambientais e de governança ganharam tamanha notoriedade nos últimos anos”.

A expectativa, segundo uma pesquisa conduzida pela Bloomberg, é de que os investimentos nessa área devem chegar a US$ 53 trilhões até 2025. Porém, para João Pires, muito mais do que ter o conhecimento técnico necessário para se inserir neste novo contexto, a Indústria 5.0 necessitará de profissionais com amplas soft skills, como comunicação, autogestão e criatividade.

“Todas essas habilidades são essenciais para unir a eficiência das máquinas ao trabalho humano em prol da qualidade de vida e da sustentabilidade em todo o mundo. O mindset corporativo será completamente reformulado: unindo essas mudanças interpessoais com a maior colaboração de todas as áreas organizacionais, de forma que todos operem em conjunto, visando o mesmo objetivo”, finaliza.